Atividade Física X IMC X IC

A insuficiência cardíaca é uma síndrome de alta morbimortalidade e grande impacto em gastos com saúde, sendo motivo frequente de admissões hospitalares.

A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica de alta morbimortalidade e grande impacto em gastos com saúde, sendo motivo frequente de admissões hospitalares. Sua prevalência vem crescendo provavelmente devido ao aumento da expectativa de vida e à presença de diversos fatores de risco: obesidade, hipertensão arterial, diabetes mellitus, doença coronariana, sedentarismo, etc. Apresenta-se separada em dois ou três subtipos de acordo com a fração de ejeção (FE), segundo diferentes consensos.

Nos casos de IC com fração de ejeção normal (ICFEN), a decisão sobre a terapêutica ideal ainda carece de estudos comprovando/sugerindo melhoras em desfechos clínicos. Postula-se que haja uma relação entre sedentarismo e sobrepeso/obesidade na gênese de IC com fração de ejeção normal (ICFEN) e que a modificação de tais fatores poderia prevenir o seu desenvolvimento.

Artigo recentemente publicado no JACC revelou os resultados de um estudo observacional utilizando-se participantes de três coortes prospectivas (MESA, WHI e CHS) para avaliar uma possível relação dose-resposta entre a incidência de IC (seus diferentes subtipos) com IMC (divididos em faixas: baixo peso, normal, sobrepeso e obesidade 1, 2 e 3) e a prática de atividade física de lazer (padronizada em MET.min/semana). Dados de atividade física foram obtidos de questionários consolidados para estes fins e categorizados em: sem atividade, abaixo do recomendado pelas diretrizes (1 a 500 MET.min/sem), o recomendado (500 a 1000 MET.min/sem) e mais que o recomendado (mais de 1000 Met.min/sem). A fração de ejeção foi avaliada por algum método de imagem (Ecocardiograma principalmente) e adotou-se um corte de 45% entre ICFEN e IC com fração de ejeção reduzida (ICFER <45% de FE). Um total de 51.451 pacientes foi incluído em tal estudo.

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Ao longo do follow-up, 3.180 casos de IC foram observados, sendo 39,4% de ICFEN, 28,7% de ICFER e 31,9% não puderam ser bem classificados. Foi notada uma relação inversa dose-resposta de atividade física e ICFEN. Tal relação não foi encontrada para os casos de ICFER. Para a análise do IMC, foi encontrada uma relação dose-resposta entre IMC e incidência de ICFEN de tal forma que pacientes com sobrepeso e obesidade 1 tiveram respectivamente riscos de ICFEN 38% e 56% maior quando comparado aos participantes com IMC normal.

Esses resultados sugerem que sobrepeso/obesidade e sedentarismo parecem mesmo estar relacionados com o surgimento de ICFEN e, portanto, após confirmação por estudos onde se possa se estabelecer uma relação causal entre tais fatores, poderíamos destacar, como forma de prevenção de ICFEN, o controle do peso e prática de atividades físicas.

Mais do autor: ‘Exercício físico x mortalidade: a partir de quanto um pode influenciar o outro?’

Limitações:

  • Estudo de caráter observacional;
  • Grande proporção de IC sem definição de subtipo pode ter prejudicado a relação entre IMC e atividade física para os diferentes subtipos;
  • Avaliação apenas de atividade física de lazer. Não foram analisados a carga de exercício ocupacional;
  • Grande proporção de mulheres (oriundas do WHI -Women Health Institute) no estudo pode limitar a extrapolação desses achados em homens, apesar de ajustes estatísticos deste não mostrarem interação significativa entre gêneros.

Referência:

  • Pandey A, LaMonte M, Klein L, et al. Relationship Between Physical Activity, Body Mass Index, and Risk of Heart Failure. J Am Coll Cardiol. 2017 Mar 7; 69(9):1129-1142. doi: 10.1016/j.jacc.2016.11.081.

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