Cirurgia Plástica Estética: como identificar um paciente não elegível?

Vários fatores influenciam uma população em busca de procedimentos estéticos. Muitos, entretanto, não tem condições de serem submetidos à cirurgia desejada.

Vários fatores influenciam uma população específica em busca de procedimentos estéticos. As mídias sociais, os amigos e a exigência da sociedade fazem com que nossos consultórios fiquem cheios de pacientes ávidos por cirurgia plástica. Muitos, entretanto, não tem condições de serem submetidos à cirurgia desejada.

Fatores clínicos, como hipertensão arterial, diabetes e trombofilia familiar não são impeditivos se adequadamente controlados. Com o advento da cirurgia bariátrica, fatores nutricionais relacionados à esses pacientes devem ser considerados.

O fumo é um dado importante e o uso crônico de cigarros afeta a cicatrização e predispõe à necrose tecidual, especialmente em cirurgias com grandes retalhos, como abdominoplastias e ritidoplastias.

Expectativas irreais, caso não devidamente esclarecidas, vão fazer o paciente insatisfeito.

Apesar de todos os fatores acima, o maior problema que enfrentamos na nossa prática diária é o Transtorno Dismórfico Corporal (TDC).

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O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) é um transtorno mental que se caracteriza por afetar a percepção que o paciente tem da própria imagem corporal, levando-o a ter preocupações irracionais sobre defeitos em alguma parte de seu corpo. Essa percepção distorcida pode ser totalmente falsa (imaginária) ou estar baseada em alterações sutis da aparência, resultando numa reação exagerada a respeito, com importantes prejuízos na esfera pessoal, familiar, social e profissional. Acomete mais o sexo feminino e inicia-se em geral na adolescência.

O TDC é conceituado como um transtorno do espectro obsessivo-compulsivo a partir de evidências oriundas de estudos psicopatológicos, genéticos e terapêuticos que apontam diversas semelhanças com o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Por exemplo, ambos se caracterizam por pensamentos desagradáveis, indesejados que conduzem a comportamentos compulsivos e repetitivos, tomando tempo e causando sofrimento, vergonha,  baixa autoestima e, em casos mais graves, isolamento social e total incapacidade funcional.

Atitudes culturais modernas que enfatizam a importância da beleza, a necessidade de atrativos estéticos, a comparação com os outros ou com padrões idealizados e a aceitação pelo grupo social têm sido sugeridas como aspectos relevantes no desenvolvimento e manutenção dos sintomas do TDC. Assim, o paciente com maior vulnerabilidade genética para a expressão de sintomas obsessivo-compulsivos e sob um importante impacto ambiental e cultural, nesse sentido, pode ter a expressão fenotípica do TDC favorecida.

Veja também: ‘Toxina botulínica: história e aplicações na medicina estética’

Apesar de bem descrito há mais de uma centena de anos e de causar muito sofrimento, o TDC ainda recebe pouca atenção na rede assistencial e na literatura. Como o TOC, pode ser uma “doença oculta”, pois os portadores tendem a procurar dermatologistas ou cirurgiões plásticos, estimando-se que apenas cerca de 10% recebam atendimento apropriado.

É muito importante detectar esse transtorno na consulta pré-operatória. Esses pacientes precisam de tratamento psiquiátrico antes de qualquer tipo de tratamento estético.

Referências:

  • Phillips KA, Albertini RS, Siniscalchi JM, Khan A, Robinson M. Effectiveness of pharmacotherapy for body dysmorphic disorder: a chart-review study. J Clin Psychiatry. 2001;62(9):721-7.
  • Brady KT, Austin L, Lydiard RB. Body dysmorphic disorder: the relationship to obsessive-compulsive disorder. J Nerv Ment Dis. 1990;178(8):538-40.
  • Rauch SL, Philips KA, Segal E, Makris N, Shin LM, Whalen PJ, et al. A preliminary morphometric magnetic resonance imaging study of regional brain volumes in body dysmorphic disorder. Psychiatry Res. 2003;122(1):13-9.

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