Diabetes tipo 2: os 13 princípios do tratamento

A PEBMED revisou a nova diretriz e pontuou aqui os 13 princípios do tratamento do diabetes tipo 2, indicados pela própria AACE/ACE.

A AACE/ACE acaba de divulgar suas recomendações no manejo clínico do diabetes tipo 2. A PEBMED revisou o algoritmo da publicação e pontuou aqui os 13 princípios do tratamento, indicados pela própria AACE/ACE.

diabetes

Tratamento do diabetes tipo 2

  1. Mudança no estilo de vida, incluindo perda de peso supervisionada por médico é fundamental para o tratamento do diabetes tipo 2

Mudanças no estilo de vida incluem: Perda de peso (ou manutenção do peso ideal); restrição calórica; dieta baseada em vegetais e gordura poli ou monoinsaturada (evitar gordura trans ou saturada); 150 minutos semanais de atividade física moderada (ex.: caminhada); treinamento de força; supervisão médica do treinamento é aumento dos limites conforme tolerância; dormir aproximadamente 7 horas por noite; cessação tabágica.

  1. O alvo da hemoglobina glicada deve ser individualizado

Pacientes sem doenças graves concomitantes e de baixo risco para hipoglicemia devem ter como alvo hemoglobina glicada de até 6,5 %. Enquanto pacientes com doenças graves concomitantes e de alto risco para hipoglicemia não devem perseguir esse alvo terapêutico, pelo risco aumentado de hipoglicemia, sendo tolerável a hemoglobina glicada entre 7 e 8 % (acima de 8% o tratamento tem que ser intensificado).

  1. Controle da glicemia de jejum e da glicemia pós-prandial

Glicemia de jejum ideal deve ser mantida abaixo de 110 mg/dL e glicemia pós-prandial (2-horas após refeição) abaixo de 140 mg/dL.

  1. A escolha do tratamento deve ser individualizada com base nas características do paciente, impacto no orçamento, restrições individuais e preferencias

Existe uma ampla variedade de classes terapêuticas, devendo ser consideradas as melhores drogas para determinado paciente, também valorizando o custo das mesmas.

  1. Diminuir o risco de hipoglicemia é uma prioridade

Paciente com sintomas de hipoglicemia ou apresentando hipoglicemia no controle glicêmico de jejum ou pós-prandial devem ter sua dose de insulina ou de hipoglicemiante oral reduzida.

  1. Diminuir o risco de ganho de peso é uma prioridade

Mudança no estilo de vida e uso de tratamento medicamentoso ou cirúrgico se necessário e indicado deve ser tratado prioritariamente.

  1. Custos iniciais com medicação são apenas uma parte do custo total com a doença, que também requer o constante monitoramento, o risco de hipoglicemia de ganho de peso e segurança

Deve-se considerar que o custo da doença é muito maior que apenas a compra das medicações. O diabetes requer o constante monitoramento, o que demanda aparelhos de hemoglucoteste, fitas reatoras e lancetas; bem como o uso de seringas ou canetas de aplicação ou ainda o próprio custo de armazenamento da insulina em casa ou no trabalho.

  1. As opções de tratamento devem considerar a hemoglobina glicada (A1C) inicial

HbA1C < 7,5%: Iniciar tratamento em monoterapia;

HbA1c ≥ 7,5%: Iniciar tratamento em terapia combinada, preferencialmente, metformina + agente de 2ª linha (podendo ser considerada a insulina);

HbA1C ≥ 7,5% mantida após 3 meses de tratamento: avaliar associar outro hipoglicemiante oral ou insulina.

A insulinoterapia sempre se inicia apenas com o controle basal com insulina de longa duração e se intensifica quando alvo não atingido, devendo-se iniciar o controle prandial com insulina rápida.

  1. Tratamento combinado (2 ou mais hipoglicemiantes) é frequentemente necessário e deve envolver agentes com ações complementares

HbA1C ≥ 7,5% já indica que o tratamento combinado é recomendado, devendo-se utilizar agentes de classes terapêuticas complementares e com menor risco de efeitos adversos. Vide item 13 (hierarquia sugerida de hipoglicemiantes orais).

  1. Manejo clínico deve incluir também tratamento da hipertensão arterial e dislipidemia

Deve-se otimizar o tratamento da hipertensão arterial visando alvo terapêutico menor que 130 x 80 mmHg. Sendo as classe terapêuticas mais recomendadas, os inibidores da enzima conversora de angiotensina ou os bloqueadores do receptor de angiotensina. Tratamento combinado deve ser considerado em pacientes virgens de tratamento com pressão inicial maior que 150 x 100 mmHg (nestes casos considerar bloqueadores de canais de cálcio, beta-bloqueadores e tiazídicos na associação).

O controle da dislipidemia com hipolipemiantes orais também está indicado, com alvos determinados pelo risco de doença cardiovascular do paciente:

Risco Alto risco (DM sem outro fator de risco maior e/ou menos de 40 anos) Muito alto risco (DM associado a fator de risco maior)
LDL-c (mg/dL) < 100 < 70
Não-HDL-c (mg/dL) < 130 < 100
Triglicerídeos < 150 < 150
Colesterol total/HDL-c < 3,5 < 3,0
Apo-B < 90 < 80
LDL-partícula < 1200 < 1000

 

  1. Tratamento deve ser monitorado frequentemente (a cada 3 meses) até estabilidade, podendo ser espaçado posteriormente

Inicialmente, o seguimento ambulatorial é trimestral até que atingir o alvo terapêutico e que o alvo seja mantido sem alteração no tratamento. A partir de então, pode-se espaçar o seguimento ambulatorial em semestral ou até anual em casos leves e sem complicações crônicas da doença.

  1. O tratamento deve ser o mais simples possível para melhorar a aderência

O novo algoritmo terapêutico prioriza a simplicidade como forma de aumentar a aderência.

  1. Todas as drogas aprovadas pelo FDA-americano foram incluídas no novo algoritmo da AACE/ACE

As drogas de primeira linha em hierarquia de preferencia (que considera a eficácia e a ocorrência de efeitos adversos) são:

  1. Metformina;
  2. Agonistas GLP-1 (Exenatida, Liraglutida, Lixisenatida);
  3. Inibidores SGLT-2 (Canagliflozina, Dapagliflozina, Empagliflozina);
  4. Inibidores DPP-IV (Gliptinas: Saxagliptina, Sitagliptina, Vildagliptina);
  5. Glitazonas (Pioglitazona);
  6. Inibidores da alfa-glucosidase (Acarbose);
  7. Sulfoniureias (Glibenclamida, Glimepirida, Gliclazida) / Glinidas (Nateglinida, Rapaglinida).

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Referências Bibliográficas:

  • Garber, A. MD et al. Consensus statement by the American Association of Clinical Endocrinologists and American College of Endocrinology on the comprehensive type 2 diabetes management algorithm – 2016 Executive summary. Endocrine Practice Vol. 22 Nº 1, January, 2016.

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ATENÇÃO:

Este conteúdo foi desenvolvido por médicos, com objetivo de orientar médicos, estudantes de medicina e profissionais de saúde em seu dia-a-dia profissional. Ele não deve ser utilizado por pessoas que não estejam nestes grupos citados, bem como suas condutas servem como orientações para tomadas de decisão por escolha médica. Para saber mais, recomendamos a leitura dos termos de uso dos nossos produtos.

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