Fatores de risco cardiovasculares: impacto do consumo de ovos

Devido à pouca informação em relação ao consumo de ovos, recomendações são inconsistentes quanto à sua relação com o risco de doenças cardiovasculares.

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Devido à baixa quantidade de informações em relação ao consumo de ovos em pacientes diabéticos, em risco para desenvolver diabetes ou com síndrome metabólica, recomendações inconsistentes quanto à relação entre o consumo de ovos e o risco de doenças cardiovasculares (DCV) são apresentadas a este grupo de pacientes.

As recomendações para consumo de ovos em indivíduos com ou sem diabetes são divergentes em diferentes países. No Canadá, recomenda-se que pacientes com diabetes tipo 2 possam consumir dois ovos por dia. Nos Estados Unidos aconselha-se aos indivíduos com diabetes tipo 2 que consumam menos colesterol na dieta, enquanto que na Austrália pacientes com ou sem diabetes são aconselhados a consumir seis ovos por semana. Na Inglaterra não existe uma recomendação específica à restrição de ovos, mas sim uma recomendação ao consumo de uma dieta pobre em gordura saturada. Estas diretrizes causam considerável confusão no tipo de dieta a ser adotada pelos profissionais de saúde.

Várias revisões sistemáticas e metanálises têm sido publicadas em relação ao consumo de ovos ou colesterol na dieta e o risco de doença cardiovascular e/ou diabetes. Estudos têm mostrado resultados inconclusivos sobre o tema. Ovos são uma fonte barata de proteína de alta qualidade e ricos em muitos nutrientes essenciais como vitaminas e ferro. Portanto, as recomendações para limitar o consumo de ovos deveriam ser baseadas em fortes evidências científicas.

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Recentemente foi publicada uma metanálise que avaliou estudos sobre o impacto de ovos sobre os fatores de risco das DCV em adultos com diabetes tipo 2 ou com risco de desenvolver diabetes, caracterizada pela presença de pré-diabetes, resistência insulínica ou síndrome metabólica. Os pesquisadores realizaram uma busca sistemática nas bases de dados do PubMed, Medline, Embase e Web of Science em janeiro de 2016. Os critérios de inclusão foram estudos clínicos randomizados controlados em que a quantidade ovo consumido foi manipulada e comparada com um grupo controle que recebeu dieta sem ovos ou baixa quantidade de ovos (< 2 ovos por semana). Foram encontrados dez artigos com essas características, sendo seis ensaios originais.

A maioria dos estudos mostrou que o consumo de seis a doze ovos por semana não teve um efeito negativo sobre os principais fatores de risco de DCV. De fato, a maioria das mudanças nos fatores de risco de DCV ocorreu tanto no grupo de ovos como no grupo controle, não sendo observadas diferenças entre os grupos. A metanálise observou não haver impacto nas concentrações plasmáticas do colesterol total, lipoproteína-colesterol de baixa densidade, triglicerídeos, glicose em jejum, insulina ou proteína C reativa.

Estudos que avaliam a manipulação de um determinado alimento, como ovos, na dieta são difíceis de serem cegados, o que pode afetar a interpretação com risco de viés, já que os estudos não podem ser controlados adequadamente por placebo. Embora alguns estudos incluídos nesta metanálise tenham cegado adequadamente os indivíduos através da utilização de suplementos de ovos líquidos, torna-se questionável se os resultados encontrados nesses estudos podem ser generalizados para populações maiores. A falta de detalhes sobre a geração de sequência aleatória, ocultação de alocação, dados de resultados incompletos ou relato seletivo de resultados, que afetam a validade dos resultados, foram encontrados na maioria dos estudos.

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Os autores concluíram que os resultados dos ensaios clínicos randomizados publicados até o momento sugerem que o consumo de seis a doze ovos por semana não tem efeito adverso sobre os principais fatores de risco das DCV em pacientes em risco para desenvolver diabetes ou com diabetes tipo 2. No entanto, as heterogeneidades na concepção dos estudos, a população incluída e intervenções evitam conclusões sobre possíveis benefícios. São necessários mais estudos para avaliar o impacto do consumo de ovos, independentemente da perda de peso, nos fatores de risco das DCV nesta população específica.

 

Referência:

  • Richard C, Cristall L, Fleming E, Lewis ED, Ricupero M, Jacobs RL, Field CJ. Impact of Egg Consumption on Cardiovascular Risk Factors in Individuals with Type 2 Diabetes and at Risk for Developing Diabetes: A Systematic Review of Randomized Nutritional Intervention Studies. Can J Diabetes. 2017 Mar 27. pii: S1499-2671(16)30562-7.

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