Jaleco e infecções hospitalares: uma preocupação exagerada?

Especialistas em controle de infecções estão investigando como, além da transmissão manual, profissionais de saúde estão espalhando germes no hospital?

Estudos recentes demonstraram que a higiene das mãos feita pelos médicos é insuficiente e dissemina germes pelo hospital. Agora, especialistas em controle de infecções estão investigando como, além da transmissão manual, profissionais de saúde estão espalhando esses microrganismos.

Praticamente tudo que um médico leva de uma sala para outra, incluindo estetoscópios, celulares, crachás e jalecos, está sendo examinado como um potencial veículo para microrganismos. No entanto, até agora, nenhuma pesquisa trouxe evidências significativas para gerar novas condutas.

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Uma preocupação exagerada?

Segundo dados do CDC, cerca de 75 mil pacientes morrem anualmente devido à infecções hospitalares. O desafio está em determinar os principais “culpados” por trás dessas infecções. Apesar de alguns estudos encontrarem patógenos no jaleco e outros acessórios como gravata, nenhum conseguiu estabelecer uma conexão direta com uma infecção no paciente.

Pela falta de evidências, os médicos estão divididos entre qual conduta é a mais correta. Em janeiro de 2008, o National Health Service adotou uma nova política exigindo mangas curtas e nenhum acessório (relógios de pulso, jóias e gravatas) em todo o Reino Unido. Em 2014, a Society for Healthcare Epidemiology of America seguiu o exemplo e estabeleceu as mesmas recomendações para os médicos americanos.

No entanto, essas orientações não são bem recebidas por boa parte dos médicos. Os principais argumentos são falta de evidências que indiquem que antebraços nus sejam mais higiênicos que mangas, e que pesquisas indicam que os pacientes preferem médicos com boa aparência e usando jaleco branco.

Para quem não abre mão do jaleco

Para outros profissionais de saúde, o jaleco é apenas uma parte do problema, que pode ser resolvido seguindo a orientação básica de higiene: lavar, pelo menos, uma vez por semana.

Um estudo suíço sobre contaminação de estetoscópios e mãos dos médicos após um exame físico revelou que o diafragma e o tubo do instrumento são a segunda e terceira superfície mais contaminada, atrás apenas das pontas dos dedos. Nesses casos, esterilização à base de álcool é o método indicado para reduzir a contaminação bacteriana.

Consenso

Existe, pelo menos, um consenso entre a comunidade médica sobre o assunto: a higiene das mãos é fundamental para proteger o paciente. Pesquisas sugerem que de 20% a 40% das infecções hospitalares vêm das mãos dos profissionais de saúde.

No entanto, um estudo publicado no Journal of Hospital Medicine sugere que médicos e enfermeiros estão mais propensos a seguir as orientações de higienização das mãos quando sabem que estão sendo observados, e acabam sendo negligentes em outros momentos.

A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que profissionais de saúde lavem as mãos antes e depois de tocar um paciente ou seus arredores; antes de qualquer procedimento; e se entrar em contato com fluídos corporais. Fique ligado!

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Referências:

  • https://www.cdc.gov/media/releases/2016/p0505-clean-hands.html
  • Bearman G, Bryant K, Leekha S, et al. Healthcare personnel attire in non-operating-room settings. Infect Control Hosp Epidemiol. 2014;35:107-121.
  • Pellerin J, Bearman G, Sorah J, Sanogo K, Stevens M, Edmond MB. Healthcare worker perception of bare below the elbows: readiness for change? Infect Control Hosp Epidemiol. 2014;35:740-742.
  • Longtin Y, Schneider A, Tschopp C, et al. Contamination of stethoscopes and physicians’ hands after a physical examination. Mayo Clin Proc. 2014;89:291-299.
  • O’Flaherty N, Fenelon L. The stethoscope and healthcare-associated infection: a snake in the grass or innocent bystander?” J Hosp Infect. 2015;91:1-7.
  • Niles M, Johnson N. Hawthorne effect in hand hygiene compliance rates. Am J Infect Control. 2016; 44(6 suppl):S28-S29.
  • Shelly Reese. Do You Wash Your White Coat Often Enough?. Medscape. Nov 21, 2016.

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