Kawasaki: o que você precisa saber das novas diretrizes

Kawasaki é a causa mais comum de cardiopatia adquirida. Não está clara sua etiologia, mas parece envolver predisposição genética e um trigger ambiental.

Kawasaki é a causa mais comum de cardiopatia adquirida nos países desenvolvidos. Não está clara sua etiologia, mas parece envolver predisposição genética (é mais comum em japoneses) e um trigger ambiental (podendo ser viral ou antígeno, o que não está esclarecido ainda).

A sua importância não está na mortalidade da fase aguda, rara, mas sim na possível evolução com sequelas coronarianas e risco aumentado de IAM e morte súbita. A American Heart Association publicou recentemente um Scientific Statement sobre diagnóstico e tratamento da doença de Kawasaki. Além disso, outro ótimo artigo de revisão foi publicado no JACC em 2016. O que estes textos trazem de NOVO para você?

Diagnóstico:

Presença de febre ≥ 5 dias + 4 critérios clínicos:

  1. Lábios e/ou mucosas com eritema, xerostomia, fissuras e/ou língua em framboesa.
  2. Palmas e plantas com eritema e edema indurado e/ou descamação periungueal na fase subaguda.
  3. Adenopatia cervical ≥ 1,5 cm, em geral unilateral.
  4. Reação conjuntival (conjuntivite) bilateral não exudativa.
  5. Rash maculopapular eritematoso, eritrodermia ou eritema multiforme-like.

Laboratório: leucocitose com neutrofilia, aumento dos marcadores inflamatórios, (PCRt e VHS), hiponatremia, hipoalbulinemia, enzimas hepáticas tocadas e piúria estéril. Trombocitose é comum na fase subaguda.

Como o diagnóstico é eminentemente clínico, pela combinação de achados da história, exame físico e laboratório, a nova diretriz sugere uma nova conduta nos casos suspeitos:

Caso suspeito = febre ≥ 5 dias + 2 ou 3 critérios clínicos OU bebês com febre ≥ 7 dias + irritabilidade.

kawasaki

Após a fase aguda, o ecocardiograma é o pilar da avaliação de quais pacientes irão evoluir com formação de aneurismas e estenoses e, portanto, maior risco de IAM. Contudo, os novos artigos estimulam a evolução da angioTC de coronárias, na avaliações dos aneurismas e estenoses, e da RM cardíaca, na avaliação do dano muscular (fibrose).

As melhores condutas em Cardiologia você encontra no Whitebook. Baixe o aplicativo #1 dos médicos brasileiros. Clique aqui!

Ecocardiograma:

Deve ser realizado rotineiramente para acompanhar o paciente, por no mínimo 6 semanas após o tratamento. Os japoneses, local de alta incidência da doença, classificam os aneurismas pelo tamanho absoluto, mas a literatura dos EUA pela AHA classifica em função do tamanho pela idade/superfície corporal. Com isso, o resultado é expresso em Z-score, isto é, o quanto aquele tamanho está desviado da média:

  • Normal: <2
  • Ectasia (“dilatation only”): 2 to ≤ 2,5 (ou, se no início < 2, piorou em ≥1,0)
  • Pequeno aneurisma: ≥ 2,5 to < 5
  • Aneurisma médio: ≥ 5 to < 10, e tamanho absoluto < 8 mm
  • Aneurisma gigante: ≥ 10, ou tamanho absoluto ≥ 8 mm

É o paciente com aneurisma gigante aquele de maior risco para DAC/IAM e recomenda-se ecocardiogramas inicialmente quinzenais, até estabilização do quadro.

Tratamento:

Fase aguda: imunoglobulina + AAS/aspirina (esta última mantida por 6 semanas)
Fase subaguda/crônica: todo paciente com aneurisma deve manter o AAS em dose antiplaquetária. A dúvida é o que fazer nos pacientes de alto risco. A melhor evidência disponível até o momento sugere:

  • Todo paciente com aneurisma = AAS
  • Aneurismas de tamanho médio = AAS + clopidogrel
  • Aneurismas gigantes = AAS + varfarina (ou enoxaparina)

Não há experiência com os novos anticoagulantes orais nesse grupo, ainda. Contudo, crescem estudos com estatina em todos os pacientes com formação aneurismática e com os betabloqueadores nos pacientes de alto risco (aneurisma gigante).

Corticoide não faz parte do esquema de rotina e só deve ser considerado no paciente refratário, cujas as opções incluem novo ataque de imunoglobulina, o próprio corticoide, infliximab, anakinra, ciclosporina e ciclofosfamida.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.

Especialidades

Tags