Neuroproteção pós-PCR: veja os principais pontos da nova diretriz

O uso de medidas neuroprotetoras após a ressuscitação cardiopulmonar bem-sucedida é um tema que ainda suscita muitas dúvidas. No entanto, para algumas perguntas existem respostas e evidências.

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O uso de medidas neuroprotetoras após a ressuscitação cardiopulmonar bem-sucedida é um tema que ainda suscita muitas dúvidas. No entanto, para algumas perguntas existem respostas e evidências.

O guideline da Academia Americana de Neurologia, publicado na revista Neurology do mês de maio de 2017, revisa a literatura de 1966 a 2016 e analisa o papel das seguintes medidas: o controle de temperatura (hipotermia e manejo de uma temperatura-alvo), as drogas aparentemente neuroprotetoras e outras intervenções médicas no prognóstico de pacientes adultos que se encontram em coma após parada cardiorrespiratória.

Segue um resumo de suas principais conclusões:

  • Para pacientes em coma após Taquicardia Ventricular (TV)/Fibrilação Ventricular (FV) a hipotermia terapêutica (32-34°C por 24h) deve ser oferecida. (Nível A);
  • Para pacientes em coma com FV/TV ou Atividade Elétrica sem Pulso (AESP) /Assistolia, o Manejo de Temperatura-Alvo (36°C por 24h seguido de 8h de reaquecimento até 37°C e manutenção da temperatura abaixo de 37,5° por 72h) é uma alternativa aceitável à hipotermia terapêutica. (Nível B);
  • Para pacientes comatosos nos quais o ritmo inicial é AESP/Assistolia o tratamento com hipotermia terapêutica pode ser oferecido. (Nível C);
  • Para pacientes comatosos após parada cardíaca o resfriamento pré-hospitalar como um adjuvante ao resfriamento intra-hospitalar não deve ser oferecido. (Nível A);
  • Após parada cardíaca fora do hospital, a adição de Conenzima Q10 à hipotermia terapêutica pode ser oferecida (Nível C);
  • Lidoflazina (um bloqueador do canal de cálcio) não deve ser oferecido. (Nível B);
  • Tiopental não deve ser oferecido. (Nível B);
  • Diazepam não deve ser oferecido. (Nível B);
  • Para as demais drogas avaliadas – gás xenônio, nimodipina, selênio, magnésio e corticosteroides – as evidências foram insuficientes para apoiar ou refutar seu uso;
  • Outras intervenções médicas, uso de oxigênio a 100% e hemofiltração de alto volume, apresentaram evidências foram insuficientes para apoiar ou refutar sua utilização.

As dúvidas que ainda cercam o tema são muitas, e os autores concluem a publicação com uma série de questionamentos: como e qual o melhor momento para avaliação prognóstica dos pacientes?; quais valores de temperatura, janela, método de indução, duração, adjuvantes e pacientes ideais para hipotermia?; qual o melhor manejo para a causa da parada cardíaca e das complicações neurológicas e sistêmicas dela decorrentes?; e até mesmo, qual o papel da retira das terapias de suporte à vida no resultados dos estudos sobre o tema?.

Além de incentivar a aplicação de medidas neuroprotetoras, a publicação se propõe a incentivar sua utilização de forma correta e racional, visando o aumento da sobrevivência e, principalmente, a independência dos sobreviventes.

Indico também a leitura do editorial The American Academy of Neurology affirms the revival of cooling for the revived publicado no mesmo número da revista Neurology.

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Referências:

  • Geocadin, R. G. et al. Practice guideline summary: Reducing brain injury following cardiopulmonary resuscitation Report of the Guideline Development, Dissemination, and Implementation Subcommittee of the American Academy of Neurology. Neurology, v. 88. n. 22, p. 2141-2149, 2017.
  • KAPINOS, G., and BECKER, L.B.. The American Academy of Neurology affirms the revival of cooling for the revived, Neurology, v. 88, n. 22, p. 2076-2077, 2017.

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