Novo tratamento para angioedema hereditário

O angioedema hereditário é uma condição incapacitante, potencialmente fatal, transmitida por herança autossômica dominante.

O angioedema hereditário é uma condição incapacitante, potencialmente fatal, transmitida por herança autossômica dominante, caracterizada pela deficiência quantitativa e/ou funcional do inibidor de C1 (C1-INH). O C1-INH é uma molécula inibidora da calicreína, bradicinina e de outras serases do plasma. Quando deficiente, ocorre aumento dos níveis de bradicinina, nanopeptídeo que tem ação vasodilatadora, causando, em consequência, manifestações clínicas associadas.

A principal manifestação clínica é o edema não puriginoso, não doloroso e não eritematoso que acomete qualquer parte do corpo, especialmente a face e extremidades. Pode desencadear cólicas abdominais e edema de glote, quando afeta os sistemas gastrointestinal e respiratório, respectivamente.

O tratamento do angioedema hereditário com deficiência de C1-INH pode ser subdividido em: profilaxia e tratamento das crises.

Um ensaio clínico de fase III, multicêntrico, randomizado, duplo-cego, placebo-controlado, foi realizado para avaliar a eficácia e segurança do CSL830 subcutâneo auto-administrado em pacientes com angioedema hereditário tipo I ou II com crises frequentes. O estudo foi realizado de dezembro de 2013 até outubro de 2015.

Os pacientes foram randomizados para receber uma das quatro sequências de tratamentos, cada uma envolvendo dois períodos de tratamento de 16 semanas: 40 UI ou 60 UI de CSL830 por quilograma do peso duas vezes por semana seguido do placebo, ou vice-versa.

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Dos 90 pacientes submetidos à randomização, 79 completaram o estudo. Ambas as doses de CSL830 reduziram a taxa de crises de angioedema hereditário em comparação ao placebo (diferença média com 40 UI: -2,42 crises por mês, intervalo de confiança [IC] de 95%: -3,38 a -1,46 e diferença média com 60 UI: -3,51 crises por mês, IC 95%: -4,21 a -2,81, p<0,001 para ambas as comparações). As taxas de resposta foram de 76% (IC 95%: 62 a 87) no grupo de 40 UI e 90% (IC 95%: 77 a 96) no grupo de 60 UI.

A necessidade de medicamento de resgate foi reduzida de 5,55 usos por mês no grupo placebo para 1,13 usos por mês no grupo de 40 UI e de 3,89 no grupo placebo para 0,32 no grupo de 60 UI. Foram observados eventos adversos (reações locais mais leves e transitórias) em proporções semelhantes em pacientes que receberam CSL830 e aqueles que receberam placebo.

A partir desses resultados, o estudo concluiu que o uso de profilático de um inibidor C1 subcutâneo duas vezes por semana reduziu significativamente a frequência de crises agudas em pacientes com angioedema hereditário.

Referências:

  • Ministério da Saúde (Brasil). Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria n° 880, de 12 de julho de 2016 – Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Angioedema associado à deficiência de C1 esterase (C1-INH). Brasília; 2016. p. 1–10.
  • H. Longhurst, M. Cicardi, T. Craig, K. Bork, C. Grattan, J. Baker HHL, A. Reshef, J. Bonner, J.A. Bernstein, J. Anderson, W.R. Lumry HF, C.H. Katelaris, G.L. Sussman, J. Jacobs, M. Riedl, M.E. Manning JH, P.K. Keith, S. Kivity, S. Neri, D.S. Levy, M.L. Baeza, R. Nathan LBS, T. Caballero, W. Yang, I. Crisan, M.D. Hernandez, I. Hussain, M. Tarzi BR, P. Králíčková, M. Guilarte, S.M. Rehman, A. Banerji RGG, et al. Prevention of Hereditary Angioedema Attacks with a Subcutaneous C1 Inhibitor. N Engl J Med [Internet]. 2017;12376(23):1131–40. Available from: https://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMoa1613627

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