Um homem, um coração e sua obra em vida

Na última sexta-feira, 14 de novembro, o Brasil perdeu um de seus mais renomados médicos, o professor Adib Jatene, ilustre cirurgião cardiotorácico e figura política importante para a implantação do SUS e desenvolvimento da saúde pública brasileira. Aos 85 anos, Adib Jatene sofreu um infarto agudo do miocárdio e não resistiu, evoluindo para óbito no …

Na última sexta-feira, 14 de novembro, o Brasil perdeu um de seus mais renomados médicos, o professor Adib Jatene, ilustre cirurgião cardiotorácico e figura política importante para a implantação do SUS e desenvolvimento da saúde pública brasileira. Aos 85 anos, Adib Jatene sofreu um infarto agudo do miocárdio e não resistiu, evoluindo para óbito no Hospital do Coração de São Paulo, instituição onde se formou (pela Universidade de São Paulo), dirigiu, e onde implementou um dos procedimentos mais revolucionários da cirurgia cardíaca mundial, a correção da transposição dos grandes vasos pela técnica que levou seu nome.

O legado que o nobre Prof. Jatene nos deixa é um procedimento que revolucionou o tratamento das cardiopatias congênitas, e que, antes de seu brilhante trabalho, era dado como impossível. Em 1975, diante de 400 chefes de serviços americanos de cardiologia, no hospital Henry Ford em Detroit, Adib Jatene apresentou em 2 minutos a técnica revolucionária que o colocou na história. O cirurgião foi ovacionado pela plateia e seu rosto estampou a primeira página do famoso jornal “USA Today” na edição do dia seguinte. A técnica desenvolvida a partir de sua experiência em cirurgia coronariana e estudo anatômico do coração de crianças, desde então, é a primeira escolha na correção da transposição de grandes vasos em neonatos até 2 meses de idade.

jatene

A transposição dos grandes vasos corresponde a cerca de 8% das cardiopatias congênitas, com frequência estimada em 1 a cada 3000 nascidos-vivos.  A cirurgia Jatene (ou switch operation) representou uma radical mudança no prognóstico da doença, pois as técnicas de correção atrial, até então as mais difundidas, apesar de apresentarem resultados imediatos expressivos, costumam ter evolução pior a longo prazo. Pela maior complexidade do procedimento, e pela necessidade de intervenção mais precoce (ainda no período neonatal), a mortalidade hospitalar pela técnica foi relativamente alta no início da experiência. Porém, com o avanço e experiência na técnica, a mortalidade imediata pelo procedimento foi diminuindo, e hoje seu risco é equiparado ao das correções atriais.

A PEBmed presta sua homenagem a sumidade Adib Jatene por sua obra, sua visão, sua contribuição para a medicina nacional e mundial, e seu exemplo do que o trabalho de um homem pode ser capaz. Adib Jatene é uma daqueles seletos que eternizam sua existência através de um legado. Que descanse em paz o nosso mestre!

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