A punção intravenosa periférica (PIVC, do inglês peripheral intravenous cannulation) é frequentemente realizada para vários fins, tais como injeção de medicamentos, infusão de fluidos e transfusão. O sucesso da sua realização depende de vários fatores, como o estado físico do paciente, local do procedimento e competência do responsável.
Tradicionalmente, os clínicos utilizam seus sentidos visuais e táteis quando inserem um cateter intravenoso periférico. No entanto, os efeitos deste método são frequentemente limitados, especialmente em pacientes pediátricos cujos vasos periféricos finos estão localizados mais profundamente.
PIVC é difícil em pacientes pediátricos devido às características anatômicas, fisiológicas e cognitivas inerentes à faixa etária, que podem influenciar no sucesso do procedimento. Estudos desenvolvidos com crianças têm demonstrado taxas de sucesso na primeira tentativa que variam de 60% a 81%, enquanto em adultos essas taxas variam de 76% a 90%. Especialmente porque PIVC é um procedimento invasivo e doloroso, é desejável obter sucesso na primeira tentativa.
Dispositivos de luz (NIR, do inglês near-infrared) têm sido utilizados para ajudar o acesso vascular especialmente em pacientes pediátricos. Entretanto, suas utilidades relatadas previamente são conflitantes.
Uma revisão sistemática e metanálise foi desenvolvida com o objetivo de investigar a utilidade de dispositivos de luz NIR para a PIVC em pacientes pediátricos.
As buscas bibliográficas foram realizadas em três bases de dados: MEDLINE, EMBASE e Cochrane Central. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados que compararam PIVC utilizando dispositivos de luz NIR e o método “tradicional” (sem dispositivo auxiliar). O desfecho primário avaliado foi a taxa de falha na primeira tentativa. A análise de subgrupos foi realizada de acordo com o risco de falha do grupo controle na primeira tentativa como indicador de dificuldade do procedimento (baixo versus alto).
Foram incluídos 11 estudos na revisão sistemática e todos foram incluídos na metanálise. Não houve diferença significativa no desfecho primário entre os dois métodos (razão de risco [RR]: 1,03; intervalo de confiança 95% [IC 95%]: 0,89-1,20, I² = 48%). Em análise de subgrupos, a diferença entre os subgrupos de risco baixo e alto foi significativa (p=0,02; I² = 83%).
No subgrupo de risco alto, o uso de dispositivos de luz NIR apresentou menor risco de falha quando comparado ao método tradicional (RR: 0,81; IC 95%: 0,64-1,01; I² = 0%).
Os resultados da revisão mostraram que o uso de dispositivos de luz NIR não apresentou impacto na taxa de falha global na primeira tentativa de PIVC em pacientes pediátricos.
Referências:
- Park JM, Kim MJ, Yim HW, Lee WC, Jeong H, Kim NJ. Utility of near-infrared light devices for pediatric peripheral intravenous cannulation: a systematic review and meta-analysis. Eur J Pediatr [Internet]. European Journal of Pediatrics; 2016;1–14. Available from: https://dx.doi.org/10.1007/s00431-016-2796-5