10 mitos sobre a furosemida

Um dos fármacos mais utilizados na prática clínica, a furosemida, um potente diurético de alça, é motivo de vários mitos científicos.

Um dos fármacos mais utilizados na prática clínica, a furosemida, um potente diurético de alça, é motivo de vários mitos científicos. Frequentemente, nos deparamos com dúvidas relacionadas à sua utilização. Nesse cenário, o artigo 10 myths about frusemide foi publicado na Intensive Care Medicine, em 2014. O assunto é sempre interessante e vale a pena ver de novo esse clássico artigo!

A seguir, em parceria com a nefrologia, preparamos um bate-bola rápido com os principais mitos abordados no artigo e uma rápida explanação sobre cada um.

Saiba mais: Manifesto coloca em pauta a crise da diálise no SUS

furosemida

Mito 1: Furosemida causa Injúria Renal Aguda (IRA)

Além de mito, é um medo.

Se usada de modo adequado, pode até melhorar a função renal!

Mito 2: A associação do uso de furosemida com fluidos previne injúria renal aguda em pacientes de alto risco

Fluidos em associação com furosemida não “abrem” o rim. Use essa combinação apenas para “lavar” eletrólitos em pacientes euvolêmicos. Ex: hipercalcemia, hipercalemia e etc.

Mito 3: Furosemida é contra-indicada na injúria renal aguda

Furosemida é indicada na IRA.

Em pacientes hipervolêmicos e com lesão renal, cogite até aumentar a dose!

Em IRA KDIGO 1 e 2, use-a para o teste de estresse!

Mito 4: Furosemida pode “ativar” a função renal

Nem sempre aumentar a quantidade de urina significa “ativar” a função renal.

Lembre-se que temos pacientes com doença renal crônica (DRC) em hemodiálise (HD) que urinam três litros por dia!

Mito 5: Furosemida funciona melhor quando administrada com albumina

Não temos evidência científica suficiente para generalizar este conceito na prática clínica.

Cogite usar em doença renal crônica com hipoalbuminemia.

O que sabemos é que 95% da furosemida anda grudada com a albumina.

Mito 6: Infusão contínua é melhor que bolus

Em bomba, parece aumentar a quantidade de urina mas não alterou mortalidade, tempo de internação e função renal. 

Dicas: use da forma que você tenha mais familiaridade. Reduza gastos. Leia o estudo DOSE.

Mito 7: Furosemida previne diálise

Pode até atrasar um pouco o início da hemodiálise, mas em pacientes com lesão renal severa (KDIGO 3), a evolução para terapia renal substitutiva será inevitável.

Mito 8: Furosemida ajuda no desmame da diálise de pacientes anúricos

Em pacientes anúricos, acumularemos apenas efeitos colaterais (ototoxicidade).

Dica: faça um teste, não respondeu, não insista na terapia. 

Mito 9: Diurese induzida por furosemida pós-IRA significa recuperação completa da função renal

Ter diurese não significa ter um bom clearance.

Lembre-se novamente: muitos pacientes na diálise urinam litros!

Mito 10: Furosemida deve ser suspensa se ocorrer aumento da creatinina

O aumento da creatinina é esperado e, em alguns casos, pode significar menor evolução para diálise e desmame do ventilador mais rapidamente. Leia o estudo FACTT.

*Este artigo foi desenvolvido em parceria com o Dr. Felipe Seabra, nefrologista do Hospital Universitário Presidente Dutra (São Luís-MA). 

Referências bibliográficas:

  • Joannidis M, Klein SJ, Ostermann M. 10 myths about frusemide. Intensive Care Med. 2019;45(4):545-548. doi:10.1007/s00134-018-5502-4

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