6 passos para comunicar notícias ruins ao paciente e seus familiares

A comunicação de uma notícia ruim é um evento estressante, tanto para o paciente como para o médico. Existem diretrizes para ajudar você nesse processo.

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A comunicação de uma notícia ruim é um evento estressante, tanto para o paciente como para o jovem médico. Apesar da peculiaridade de cada situação, existem diretrizes gerais para ajudar você nesse processo. Uma das metodologias mais famosas se chama “Spike Protocol” e foi proposto inicialmente no ano 2000 na revista Oncologist por Baile e colaboradores. Apesar da oncologia ser a área mais comum de “notícias ruins”, o protocolo se aplica a qualquer doença ou situação, incluindo traumas, amputações e até óbitos.

medico conversando com paciente

Como comunicar notícias ruins

Passo 1: prepare a entrevista

É importante que o paciente e sua família reconheçam você como o médico responsável pelos cuidados. Se houver tempo, desenvolva essa relação e deposite nela confiança e empatia. No momento da notícia ruim, procure um local com privacidade e evite a enfermaria e/ou a presença de muitas pessoas. Pergunte ao paciente qual ou quais familiares ele deseja que estejam próximos. Além disso, fique sentado de frente para o paciente, com os olhos na mesma altura – nada como um bom “olho-no-olho” para transmitir segurança e honestidade. Desligue o celular e informe ao paciente quanto tempo vocês têm para esta conversa.

Passo 2: informação

Pergunte ao paciente o que ele sabe até agora: “o que já foi dito para você sobre seu quadro clínico?”. Veja como é seu entendimento do processo e se já tem ideia das possibilidades diagnósticas. Isso, aliás, é uma ótima dica: quando estiver diante de um paciente em investigação diagnóstica, explique o passo a passo. Veja um exemplo: o paciente está sob seus cuidados para investigar uma massa cervical – “essa lesão está grande e, se os exames laboratoriais não permitirem chegarmos a um diagnóstico, pode ser necessária biópsia para análise histológica”; “foi realizada a biópsia e vamos avaliar se é uma lesão infecciosa, inflamatória ou infecciosa”; “não houve crescimento de microrganismos”. A partir desse raciocínio, o paciente já se familiariza com as possibilidades e vai aos poucos “aceitando” e “entendendo” a doença. Ele poderá ainda conversar sobre isso com sua família e amigos e tirar dúvidas com você. Claro que isso é apenas uma orientação geral – é preciso individualizar. Como exemplo, um paciente com transtorno do humor provavelmente precisará de uma abordagem mais direcionada e gradual.

Passo 3: expectativa

Pergunte ao paciente o quanto ele deseja conhecer da sua doença, suas expectativas e se há experiências prévias. Essa também é a hora de saber o quanto de informação ele deseja transmitir aos seus familiares.

Passo 4: educação

É preciso explicar ao paciente, com bases fisiológicas/biológicas, o processo da doença e do seu tratamento. Mas é preciso ter cuidado para não usar termos técnicos demais – o foco é o paciente compreender o que ocorre. Use uma linguagem à altura do grau de instrução dele. Além disso, lembre que não é produtivo esmiuçar todos os detalhes, pois pode causar mais confusão do que esclarecimento. “Fatie” a conversa e avalie se o paciente está compreendendo a informação. Seja sincero e honesto, mas objetivo e direcionado – foco!

Passo 5: empatia

Se eu tivesse que escolher um desses passos como “take home message”, certamente seria a empatia. É uma virtude e uma habilidade que deveria ser inerente e essencial a todo médico. Você precisa reconhecer as emoções do paciente para poder oferecer o apoio adequado. Mostre a ele que você o compreende, nomeando a emoção expressada. Ofereça conforto, espere um instante para a emoção ser assimilada e prossiga.

Passo 6: futuro

Pergunte ao paciente suas expectativas. Explique a eles as próximas etapas do tratamento. Para evitar muitos “e se…”, não se alongue – o correto é focar na primeira ou nas duas primeiras etapas e explicar que os demais passos dependerão de como será este início. Introduza o conceito de paliação e alívio do sofrimento, bem como aspectos da qualidade de vida. E, por favor, nada de estimar sobrevida!! Deixe a porta da esperança aberta – um paciente que não crê no futuro, não crerá no presente.

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