A análise laboratorial do líquido pleural

A análise laboratorial do líquido pleural é de extrema importância para a prática clínica. Saiba mais no Portal PEBMED.

De uma forma resumida, a pleura é uma fina membrana contínua, que recobre a superfície interna da caixa torácica, o diafragma e o mediastino (pleura parietal), bem como reveste a parte externa dos pulmões (pleura visceral). 

Fisiologicamente, há um pequeno volume de líquido (cerca de 10 a 20 mL) distribuídos uniformemente entre as duas camadas (espaço pleural), no qual é continuamente renovado pelos capilares. Essa pequena quantidade é o suficiente para facilitar o “deslizamento” de uma camada sobre a outra, durante os movimentos respiratórios, possibilitando uma adequada respiração. 

Sob a influência de uma grande variedade estados clínicos e patologias, uma quantidade anormalmente aumentada de líquido pode acumular-se no espaço pleural, condição que é denominada genericamente de derrame pleural. A análise laboratorial desse líquido biológico é de extrema importância para a prática clínica, já que pode auxiliar a determinar a causa base desse aumento de volume, direcionando o tratamento adequado.

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Transudato versus Exsudato

Existem dois tipos básicos de derrames pleurais, que possuem razões distintas para a gênese do acúmulo de líquido. São eles: o transudato e o exsudato.

  • Transudato: quando há um desequilíbrio entre a pressão hidrostática dos vasos sanguíneos e da força coloidosmótica do plasma, há a tendência da formação de um líquido claro, geralmente de acometimento bilateral, denominado de transudato. As principais causas da formação desse tipo de líquido são a cirrose e a insuficiência cardíaca congestiva (ICC);
  • Exsudato: uma lesão e/ou inflamação na pleura (pleurite), podem levar ao acúmulo de um líquido mais turvo, comumente de acometimento unilateral, chamado de exsudato. Sua etiologia é muito abrangente, como condições infecciosas/inflamatórias (ex.: pneumonia), malignidades (ex.: leucemias, câncer de pulmão) e vasculares (ex.: embolia pulmonar).

Para a posterior análise, uma amostra do líquido pleural é retirada através de um procedimento chamado de toracocentese. A fim de auxiliar a diferenciação dos líquidos e ao diagnóstico da causa, essa amostra é analisada laboratorialmente, a fim de auxiliar na diferenciação dos líquidos e ao diagnóstico etiológico, podendo ser empregadas uma série de técnicas de microscopia, microbiológicas, testes bioquímicos e de marcadores tumorais, por exemplo. 

Uma das formas mais simples e conhecidas para a distinção entre transudatos e exsudatos é o uso dos critérios de Ligth, que compara alguns parâmetros do líquido pleural com os resultados encontrados no soro do paciente. Esses critérios são representados na tabela a seguir:

De um modo geral, uma vez identificado um transudato pelos critérios de Ligth, geralmente não há a necessidade de investigações adicionais.

Outros exames para a complementação diagnóstica (mais utilizados nos exsudatos)

A visualização do líquido sob microscopia óptica pode ser utilizada para avaliar a presença de células brancas e vermelhas, bem como estruturas microbianas. Pode-se analisar a quantidade total de leucócitos e seus diferentes tipos (ex.: mono e polimorfonucleares), bem como a avaliação citológica em busca de células atípicas (ex.: células jovens ou tumorais).

Quando é realizada a coloração pelo Gram, a visualização direta de bactérias e/ou fungos é facilitada, guiando o raciocínio clínico. A cultura com antibiograma também pode ser solicitada, sendo extremamente valiosa nas causas infecciosas, para a identificação do patógeno e avaliação da sensibilidade aos antimicrobianos testados.

Além da proteína e do LDH (que são empregados nos critérios de Ligth), outros testes bioquímicos podem ser utilizados complementarmente, como a glicose (menor na artrite reumatoide e em infecções), triglicerídeos (presente nas causas por extravasamento linfático), amilase (elevada na pancreatite), lactato (aumentado nas infecções), CEA (elevado em algumas neoplasias) e a ADA (adenosina deaminase, característicamente aumentada na tuberculose).

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Mensagem final

Complementarmente ao exame físico, os dados laboratoriais são utilizados, dentre outras funções, para corroborar (ou afastar) determinadas hipóteses diagnósticas, independentemente do material biológico analisado (sangue, líquor, urina, líquido pleural, etc.)

Por meio de exames relativamente simples e baratos, amplamente disponíveis em grande parte dos laboratórios clínicos, a análise laboratorial do líquido pleural pode contribuir com informações preciosas para o diagnóstico, acompanhamento e tratamento correto do paciente.

Referências bibliográficas:

 

 

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