A eletroacupuntura é uma opção de tratamento adjuvante em portadoras da SOP?

A síndrome dos ovários policísticos é uma endocrinopatia comum na mulher em idade reprodutiva, com uma incidência de 5 a 17% em todo o mundo.

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é a endocrinopatia mais comum da mulher em idade reprodutiva, apresentando uma incidência de 5 a 17% em todo o mundo. Na grande maioria das vezes, está associada à redução da fertilidade, hiperandrogenismo e resistência insulínica.

Todavia, a etiologia da SOP não é totalmente conhecida, porém sabe-se que fatores epigenéticos e hereditários podem predispor a doença, sendo esse último responsável por até 70% dos casos. Os genes que podem predispor a síndrome ainda são desconhecidos, mas a expressão gênica pode ser regulada pela epigenética, levando à interrupção dos processos endócrino-metabólicos cursando com o surgimento da síndrome.

Leia também: Comorbidades na síndrome do ovário policístico: o que devemos analisar?

A resistência insulínica é uma das grandes protagonistas na fisiopatologia da síndrome dos ovários policísticos, uma vez que as pacientes portadoras da síndrome apresentam perfis de transcriptoma alterado no tecido adiposo e musculoesquelético que apresentam redução da sensibilidade à insulina. Em virtude disso, o exercício físico regular é a primeira linha de abordagem para essas pacientes, haja vista que ele promove melhora na sensibilidade dos tecidos a glicose. Todavia, embora acessíveis, apresentam baixa adesão por fatores biológicos e sociológicos.

Mulher utiliza eletroacupuntura como tratamento adjuvante para síndrome dos ovários policísticos

Estudo recente

Em junho de 2020, foi publicado no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism estudo avaliando os resultados da acupuntura com eletroestimulação em pacientes obesas/sobrepeso com ou sem SOP, visando avaliar a melhora na captação de glicose pelos tecidos musculoesqueléticos dessas pacientes para avaliação da metilação e expressão gênica.

Saiba mais: Síndrome do ovário policístico: quando medicar?

No estudo caso-controle, com população de 15 mulheres com e 14 sem SOP, as pacientes foram submetidas à biópsia musculoesquelética antes e após a realização da eletroacupuntura. Os resultados encontrados após uma única sessão de eletroacupuntura foi capaz de restaurar alterações transcricionais e metabólica que induzem alterações epigenéticas no tecido musculoesquelético.

Achados e conclusão

A análise revelou que a eletroacupuntura alterou em 95% a expressão de 180 genes únicos, direcionando para um fenótipo mais saudável. Ainda foram identificadas mudanças na metilação de 304 sítios únicos de DNA, estas se correlacionando com a expressão de 101 genes alterada. Entre os genes que foram regulados à eletroacupuntura, 38% também foram regulados com exercício.

Diante desse estudo, pode-se concluir que, apesar de ser uma população pequena, a eletroacupuntura pode ser uma boa opção de tratamento adjuvante nas pacientes com diagnóstico de SOP, uma vez que promove melhora na homeostase glicemica semelhante à promovida pelo exercício físico — todavia, devendo ser reforçadas as mudanças de hábitos de vida (ex.: dieta, exercício físico regular, etc.).

Referências bibliográficas:

  • Benrick A, et al. Electroacupuncture Mimics Exercise-Induced Changes in Skeletal Muscle Gene Expression in Women With Polycystic Ovary Syndrome. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism; 2020;105(6):2027–2041. doi: 10.1210/clinem/dgaa165

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