A forma de administrar adenosina na taquicardia supraventricular faz diferença?

Vários estudos avaliaram a eficácia, via de administração, segurança e dose recomendada da adenosina. Saiba mais no Portal PEBMED.

A taquicardia supraventricular (TSV) ocorre em um a cada 500 adultos, tem origem acima do feixe de His, geralmente na região do nó atrioventricular (AV), e é vista no eletrocardiograma (ECG) como taquicardia de QRS estreito, ou seja, menor que 120ms. Seu tratamento é feito com a realização de manobra vagal, sendo a manobra vagal modificada a mais recomendada atualmente. Quando há falha, indicamos a administração de adenosina. 

A adenosina é um nucleosídeo endógeno rapidamente metabolizado que atua bloqueando de forma transitória a condução pelo nó AV, o que é muito útil para baixar a frequência cardíaca na TSV. Como ela é metabolizada de forma muito rápida, entre um e cinco segundos, uma injeção intravenosa rápida é necessária para se obter melhores resultados e a recomendação é que seja realizada infusão pela técnica de duas seringas em um conector em T (conhecido como “torneirinha”). A dose inicial é de 6mg, seguida da infusão de 20ml de solução salina.  

Vários estudos avaliaram a eficácia, via de administração, segurança e dose recomendada da adenosina. Inclusive, um estudo prospectivo e randomizado comparou a infusão de adenosina e solução salina na mesma seringa e a técnica padrão recomendada, com taxas de sucesso semelhantes e maior facilidade da aplicação em uma única seringa. Outra técnica descrita é a aplicação com duas seringas seguida da elevação do braço, recomendada pelo ACLS. Porém, este método não foi comparado à técnica padrão em estudos randomizados. Foi feito então um estudo piloto visando comparar essas duas técnicas.

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adenosina

Métodos do estudo e população envolvida 

Foi um estudo piloto controlado, randomizado, não cego que comparou as taxas de sucesso de reversão de TSV em relação as duas técnicas, a técnica padrão e a alternativa. Foi optado por ser um estudo piloto pois o número da amostra necessária calculado inicialmente era de 700 pacientes para se obter diferença estatística, com taxa de sucesso estimada em 95% com a técnica alternativa. A taxa de sucesso da técnica padrão em estudos prévios é de 89,7%. Apesar de TSV ser relativamente comum, grande parte é resolvida com manobras vagais e a estimativa do serviço é que fossem incluídos 50 pacientes por ano, o que tornou o estudo inviável.  

Os critérios de inclusão eram idade maior que 18 anos, TSV estável que não respondeu ao tratamento com manobra vagal ou manobra vagal modificada. Pacientes com sinais de instabilidade, gestantes ou com história de anafilaxia por adenosina foram excluídos. 

O grupo controle recebeu o tratamento padrão, ou seja, adenosina 6mg via endovenosa em um a dois segundos pela veia cubital direita, com uso de um conector em T, seguida da infusão de solução salina, e o grupo intervenção recebeu o tratamento alternativo, semelhante ao tratamento padrão, seguido de elevação do braço direito a 90 graus (perpendicular ao plano horizontal) por 10 segundos. 

O desfecho primário foi o término da TSV, avaliada pelo ECG como uma aumento do intervalo R-R em pelo menos duas vezes ou retorno para ritmo sinusal. O desfecho secundário foi a ocorrência de complicações em um minuto, definidas como pré sincope, palpitações, desconforto torácico, dispneia e parada cardíaca.

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Resultados

Foram randomizados 30 pacientes, sendo 15 para cada grupo. Não houve diferença nas características de base entre os grupos, a maioria era do sexo feminino e hipertensão foi a comorbidade mais frequente. A queixa mais comum dos pacientes na apresentação do quadro era palpitação. 

O desfecho primário foi semelhante nos dois grupos, com resolução da TSV em 86,7% dos casos no grupo intervenção e 80% no grupo controle. O desfecho secundário ocorreu em apenas dois pacientes: pré-síncope no tratamento alternativo e palpitação no tratamento padrão.

Conclusão  

Neste estudo piloto, não houve diferença na resolução da TSV entre os grupos, assim como também não houve diferença na ocorrência de complicações em um minuto, ou seja, a adenosina se mostrou um tratamento altamente eficaz para TSV, independente da forma que foi administrada. Vimos que um estudo maior, para confirmar este resultado, é factível, porém o ideal é que seja multicêntrico, o que possibilita inclusão de maior número de pacientes em um tempo mais curto.

Referências bibliográficas:

  • Daengbubpha, P., Wittayachamnankul, B., Sutham, K. et al. Comparing methods of adenosine administration in paroxysmal supraventricular tachycardia: a pilot randomized controlled trial. BMC Cardiovasc Disord 22, 15 (2022). https://doi.org/10.1186/s12872-022-02464-5

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