A importância da Inclusão do Burnout no CID 11

Enfermeiros, médicos, estudantes, professores entre outros profissionais ligados ao trabalho em saúde sofrem com a síndrome de burnout.

O estresse ocupacional vem sendo discutido a décadas e tem sido referenciado como um problema de saúde pública. Frente as demandas exaustivas do trabalho dos profissionais de saúde surgiram diversos estudos desenvolvidos principalmente por universidades públicas no país. A síndrome de burnout aparece como uma das doenças ocupacionais ligadas ao estresse mais estudadas. Caracterizada por exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal em resposta a estímulos estressores em fase crônica, a síndrome de burnout é descrita na literatura como uma das doenças que mais afeta profissionais da saúde. Enfermeiros, médicos, estudantes, professores entre outros profissionais ligados ao trabalho em saúde sofrem com a doença.

Leia também: CID-11: burnout como doença e suas implicações

O fenômeno é comum em profissionais e depende de estudos de universidade públicas, privadas e pesquisadores para que possamos ter dados do adoecimento, tão percebido no senso comum. Atualmente a síndrome de burnout passou a ser doença do rol da classificação internacional de doenças (CID). A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, conhecida como CID possui uma nova edição conhecida como a CID11. Nesta nova versão temos a síndrome de burnout como uma das novas doenças que afeta o individuo em espaço laboral. A inclusão é um enorme ganho pois até o momento, não fazendo parte da antiga CID 10, não era possível haver notificação compulsória. O ministério da saúde não podia até então contabilizar de forma precisa o número de profissionais afetado pela doença.

A importância da Inclusão do Burnout no CID 11

Impacto

Mesmo não sendo doença de notificação compulsória, a síndrome de burnout afastou muitos trabalhadores dos ofícios laborais nos últimos anos. O afastamento aumentou mais de 100% a cada ano desde de 2017 no Brasil. Com a pandemia o número de profissionais afetados pela síndrome vem subindo a cada ano, sendo importante ressaltar que após mais de dois anos de pandemia podemos ter um aumento abrupto da síndrome, resultado do desgaste provocado pela intensa dedicação dos profissionais de saúde. Algumas pesquisa revelam que cerca de 1/3 dos profissionais padecem da doença. E caso é grave no Brasil que em ranking entre os oitos países que mais possuem burnout, fica a frente de chineses e norte americanos, apenas atrás dos japoneses que são disparados os que mais sofrem com a doença, podendo chegar a afetar 70% dos trabalhadores.

Ouça mais: PEBMED e HA: burnout na comunidade médica [podcast]

A síndrome de burnout é caracterizada pela exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal. É fenômeno comum entre muitos profissionais e afeta profissionais expostos ao estresse. Os profissionais mais afetados pela síndrome são professores, policiais, motoristas de transporte coletivo e os profissionais da saúde, principalmente os enfermeiros. Profissionais que tÊm maior contato com pessoas são os mais afetados e além disso, aqueles que estão sujeitos a grandes cargas de trabalho e pouco reconhecimento econômico e social. Os enfermeiros, durante a pandemia do Covid-19, estiveram na linha de frente do cuidado, sendo expostos ao medo de contaminação, ao baixo salário, a vulneráveis condições de trabalho e a cargas de trabalho sobre humanas. Por esse motivo deve ser uma população que deve receber atenção das autoridades de saúde.

Mensagem final

A Inclusão da síndrome de burnout no CID-11 é um potente instrumento de reconhecimento do problema, contribuindo com instituições privadas e públicas para a detecção de vulnerabilidade do adoecimento de seus profissionais, oportunizando assim, espaços para a construção de novas atividades de promoção da saúde e de prevenção do adoecimento dos seus profissionais. A porta de entrada do serviço de saúde, principalmente a atenção básica ganha grandes possibilidades, pois poderá identificar na comunidade, no território, pessoas com a síndrome de burnout e oportunizar cuidado a pessoa, a família e construir estratégias junto aos locais de trabalho para a diminuição dos fatores de risco para a síndrome de burnout. Além disso, pode se tornar instrumento para a criação de políticas públicas de saúde, no sentido de olhar com maior especificidade para a vulnerabilidade e a população atingida, modificando assim práticas de trabalho que possam adoecer os trabalhadores.

Referências bibliográficas:

  • Borges FE de, et. al. Fatores de risco para a Síndrome de Burnout em profissionais da saúde durante a pandemia de COVID-19. REAID. 2021;95(33):e-21006. Available from: https://revistaenfermagematual.com/index.php/revista/article/view/835
  • Freitas, R. F. et al. Preditores da síndrome de Burnout em técnicos de enfermagem de unidade de terapia intensiva durante a pandemia da COVID-19. Jornal Brasileiro de Psiquiatria. 2021;70(1):12-20. doi: 10.1590/0047-2085000000313.
  • Reese M. F. A. Linden A.E.K. Martins W. A síndrome de Burnout em enfermeiros frente a pandemia: uma revisão integrativa da literatura . Research, Society and Development. 2021;10(13):e590101321571. doi: 10.33448/rsd-v10i13.21571

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.

Especialidades