A importância dos aspectos biológicos no processo de reabilitação física funcional

O conhecimento da resposta biológica dos tecidos às lesões, frequentemente, tem sido deixado de lado ou não considerado durante a reabilitação física.

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Na prática clínica, os profissionais da reabilitação musculoesquelética muitas vezes focalizam os atendimentos e tratamentos baseados nos recursos eletrotermofototerapêuticos, terapia manual, cinesioterapia e em outras técnicas voltadas para a reabilitação dos pacientes. As técnicas são muito importantes, bem como, a maneira como são executadas. Entretanto, o conhecimento da resposta biológica dos tecidos às lesões, frequentemente, tem sido deixado de lado ou não considerado durante o tratamento.

A falta de conhecimento da fisiopatologia das lesões muitas vezes resulta em processo de reabilitação incompleto e cronicidade dos casos. Além disso, vale ressaltar o crescente número de protocolos de reabilitação para os diferentes segmentos corporais. Embora os protocolos tenham vantagens, segui-los de maneira “rígida e inflexível” como se fosse um “livro ou receita de bolo”, sem levar em consideração os aspectos biológicos subjacentes, pode resultar em falhas na reabilitação. Entender a inflamação e o reparo tecidual são fatores chave no tratamento das lesões musculoesqueléticas.

A inflamação acontece para proteger e preparar os tecidos lesionados para reparo. O processo inflamatório envolve dois eventos básicos: os eventos vasculares e os eventos celulares. Os eventos vasculares incluem vasodilatação e aumento da pressão hidrostática, culminando em edema e acúmulo de líquidos no meio extracelular, enquanto os eventos celulares envolvem migração e diapedese de células inflamatórias para o local da lesão.

Por outro lado, o processo de reparação tecidual pode ser dividido em regeneração e cicatrização. A regeneração é a substituição do tecido danificado por células novas/intactas do mesmo tipo, enquanto a cicatrização é a substituição do tecido danificado pelo tecido fibroso. Os principais fatores que determinam a ocorrência de regeneração ou cicatrização são a magnitude da lesão e o tipo de tecido afetado.

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O processo inflamatório e o processo de reparação ocorrem simultaneamente, mas em diferentes intensidades e intervalos de tempo. Em condições normais, a inflamação começa com alta intensidade logo após a lesão musculoesquelética e termina um pouco mais cedo que a reparação tecidual, como ilustra a figura 1 abaixo. A compreensão da intensidade/tempo da inflamação e do reparo tecidual é um ponto crítico para a reabilitação musculoesquelética adequada.

No entanto, essas características são muitas vezes mal interpretadas pelos pacientes e até mesmo pelos terapeutas. O término do processo inflamatório não significa que o paciente esteja pronto para alta e/ou esteja pronto para a aplicação de exercícios terapêuticos de alta intensidade, pois o processo de reparo ainda está em andamento e o tecido ainda não possui todas as propriedades necessárias para suportar a sobrecarga imposta. Portanto, é necessário um aumento gradual da intensidade do exercício, mesmo após o término do processo inflamatório, para que não ocorram re-lesões e que os pacientes retornem com segurança ao seu nível habitual de atividades.

Embora exista uma projeção de tempo estimada para cada reparo tecidual, vários fatores, como idade, sexo, genética, magnitude da lesão, local da lesão e tipo de tecido, podem afetar o tempo de reparação. Nesse sentido, conhecer o tempo típico de reparo de cada tecido, bem como os parâmetros clínicos como dor, calor, rubor, edema, e parâmetros funcionais como força, amplitude de movimento e a condição sensório-motora, são fundamentais para orientar os terapeutas no processo de reabilitação.

inflamacao e reparo
Figura 1. Ilustração da projeção da intensidade em relação ao tempo para o processo inflamatório e reparação tecidual em condições normais diante de uma lesão musculoesquelética (Fonte: Quemelo, 2017).

 

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