A infecção pelo SARS-CoV-2 e a vacinação contra Covid-19 interferem na fertilidade do casal?

Pesquisadores desenvolveram um estudo para avaliar uma possível interferência da vacina contra Covid-19 na fertilidade do casal. Saiba mais.

Muitos casais em idade fértil não tomaram a vacina contra Covid-19 com receio de interferir na fertilidade ou até mesmo causar algum prejuízo ao feto. Mas, a vacinação realmente interfere na fertilidade do casal? Qual orientação devemos dar para nossos pacientes? E a infecção causada pelo SARS-CoV-2 também pode trazer alguma interferência na fertilidade?

fertilidade

Estudo

Pensando em responder essas perguntas, pesquisadores norte-americanos desenvolveram um estudo de coorte prospectivo para avaliar a interferência da vacina contra Covid-19 e da infecção pelo SARS-CoV-2 na fertilidade do casal. O artigo foi publicado no American Journal of Epidemiology em janeiro de 2022 e possui grande relevância para todos os médicos que prestam assistência a casais na idade fértil e que desejam gestar.  

Os pesquisadores examinaram associações entre a vacinação contra Covid-19 e a infecção por SARS-CoV-2 com a fertilidade entre casais que tentavam gestar espontaneamente, utilizando dados de um estudo de coorte de pré-concepção baseado na internet. Foram inscritas  2.126 mulheres residentes nos EUA ou Canadá durante dezembro de 2020 a setembro de 2021 e as acompanharam até novembro de 2021. As participantes preencheram questionários a cada oito semanas sobre dados sociodemográficos, estilo de vida, fatores médicos e informações sobre parceiros.  

O estudo se encaixa no modelo de regressão de probabilidade proporcional, para estimar as associações entre vacinação Covid-19 e infecção por SARS-CoV-2 com fecundidade em ambos parceiros, a probabilidade de concepção por ciclo, além de ajustar a potenciais fatores de confusão.

Leia também: A vacinação contra Covid-19 pode alterar o ciclo menstrual?

Resultados

A vacinação contra a Covid-19 não foi significativamente associada à taxa de fecundidade em nenhum dos parceiros (FR feminino = 1,08, IC 95%: 0,95, 1,23; FR masculino= 0,95, 95% CI: 0,83, 1,10). A infecção feminina por SARS-CoV-2 não foi fortemente associada à taxa de fecundidade (FR=1,07, IC 95%: 0,87, 1,31). A infecção masculina foi associada a uma redução transitória na taxa de fecundidade (FR=0,82, IC 95%: 0,47, 1,45 para infecção em 60 dias; FR=1,16, IC 95%: 0,92, 1,47 para infecção >60 dias). Esses achados indicam que a infecção masculina por SARS-CoV-2 pode estar associada a um declínio de curto prazo na fertilidade e que a vacinação contra Covid-19 não prejudica a fertilidade em nenhum dos parceiros. Desse modo, temos mais uma evidência científica da segurança da vacinação na população em geral, podendo usar esses argumentos na assistência prestada ao casal que deseja gestar.

Referências bibliográficas:

  • Amelia K Wesselink, Elizabeth E Hatch, Kenneth J Rothman, Tanran R Wang, Mary D Willis, Jennifer Yland, Holly M Crowe, Ruth J Geller, Sydney K Willis, Rebecca B Perkins, Annette K Regan, Jessica Levinson, Ellen M Mikkelsen, Lauren A Wise, A prospective cohort study of COVID-19 vaccination, SARS-CoV-2 infection, and fertility, American Journal of Epidemiology, 2022;, kwac011, https://doi.org/10.1093/aje/kwac011 

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