A medicina atual sobrecarrega o paciente? As consequências do sobrediagnóstico

A medicina atual está sobrecarregando os pacientes, tratando possíveis doenças (não confirmadas) que não apresentam risco algum para o paciente?

A medicina atual está sobrecarregando os pacientes, tratando possíveis doenças (não confirmadas) que não apresentam risco algum para o paciente? Este é o questionamento de um artigo publicado por médicos ingleses do Royal College of General Pratictioners (RGCP) no British Journal of General Practices. Por meio de análises no trabalho realizado pelos médicos generalistas – ou clínicos gerais – do sistema de saúde público inglês (NHS) e os médicos especialistas, o artigo se propõe a questionar o excesso de diagnósticos e tratamentos desnecessários, assim como os prejuízos causados aos pacientes e ao próprio sistema de saúde.

No Reino Unido, a RGCP criou o Grupo Permanente de Sobrediagnóstico. De acordo com este grupo, o sobrediagnóstico é caracterizado quando pessoas sem sintomas são diagnosticadas com uma doença que, no fim das contas, não causará sintomas ou morte precoce. O termo também é usado como uma designação abrangente para incluir os problemas relacionados à medicalização excessiva e o tratamento excessivo subsequente.

O sobrediagnóstico ou tratamento excessivo é uma preocupação amplamente debatida no mundo da medicina, tornando-se tema de campanhas globais como é o caso da “Too Much Medicine” (Medicina em Demasia), lançado pelo British Medical Journal; o “Less is More” (Menos é Mais) da JAMA (Journal of the American Medical Association); a campanha italiana “Slow Medicine” (Desacelerem a Medicina) e o projeto “Choosing Wisely” (Escolhendo com Inteligência) dos Estados Unidos e que tem ganhado repercussão internacional.

sobrediagnostico

Tecnologia e o cenário atual da saúde

Neste sentido, o artigo alerta sobre um efeito colateral do atual cenário da saúde, no qual a tecnologia permitiu que diversas doenças sejam diagnosticadas de forma precoce e, ao mesmo tempo, provocou o aumento da população assintomática que recebe algum tipo de tratamento desnecessário. Ainda não há estudos que mensurem a proporção de pessoas que recebem tratamentos para doenças que não se desenvolveram ou que não possuem comprovação científica exata sobre a sua existência, mas os especialistas temem que os tratamentos excessivos ou desnecessários para quadros não comprovados impactem a saúde da população e os custos do sistema de saúde.

Entre os fatores que podem colaborar para a propagação de diagnósticos e tratamentos excessivos apontados pelos estudos estão a cobrança de produção e metas do mercado médico, cobrando desempenhos como uma linha produtiva. Pagamentos de indicadores como forma de recompensa pela alta produtividade médica ao seguir protocolos de atendimentos que nem sempre estão focados nas necessidades reais do paciente e apenas em uma busca incessante por alguma doença e sua cura.

Consequências do sobrediagnóstico

Dentre as consequências sobre do sobrediagnóstico ao paciente está o chamado “fardo psicológico”. A partir do momento em que a pessoa é classificada como com algum diagnostico “falso-positivo”, ou seja, ela tem possibilidade de desenvolver uma doença que ainda não se manifestou, para isso existe uma consequência psicológica sobre o fardo de ser, por exemplo, classificado como um doente renal crônico, pré-diabético ou em casos mais sérios um sobrediagnóstico para o rastreamento do câncer de mama. Nestes casos, a pessoa se sente com o câncer de mama, com a diabetes ou com a doença renal, independentemente de estar ou não de fato com a doença.

O estudo não descarta a importância da medicina preventiva, mas alerta para seus excessos e consequências e convida a sociedade médica a rever seus protocolos de atendimento, pois nem sempre a necessidade do paciente se encaixa no que está estabelecido no protocolo. Os clínicos gerais ou médicos generalistas têm um papel importante neste contexto, pois são eles que conhecem todo o histórico dos pacientes e podem colaborar para o encaminhamento correto de especialidades, exames e tratamentos.

Como resultado, espera-se que o tempo dedicado em intervenções com pouca ou nenhuma necessidade diminua e que os profissionais de saúde possam otimizar o seu tempo trabalhando com situações de alto valor, comprovados e que causem grande impacto positivo na saúde da população.

Para ler o artigo completo do Royal College of General Pratictioners (RGCP) clique aqui.

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