NeurologiaFEV 2022

A tomografia de crânio pode oferecer “pistas” para o prognóstico de TCE leve

O TCE leve, ou seja, concussão, é comum e embora tipicamente benigno, apresenta risco de sequelas graves a curto e longo prazo.

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Por Felipe Resende Nobrega
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O traumatismo crânio-encefálico (TCE) leve, ou seja, concussão, é comum e embora tipicamente benigno, apresenta risco de sequelas graves a curto e longo prazo. A lesão cerebral ocorre devido a forças de contato e/ou aceleração/desaceleração.

O TCE é tipicamente definido como leve quando temos um paciente com uma pontuação na Escala de Coma de Glasgow (ECG) de 13 a 15, medida aproximadamente 30 minutos após o trauma.

Leia também: Como identificar com ferramentas simples quadro de concussão em adolescentes?

O termo “concussão” é frequentemente usado na literatura médica como sinônimo de TCE leve. O Subcomitê de Padrões de Qualidade da Academia Americana de Neurologia define concussão como uma alteração do estado mental induzida pelo trauma que pode ou não envolver perda de consciência.

Os sintomas da síndrome pós-concussão podem ser caracterizados por cefaleia, tontura (incluindo vertigem e tontura inespecífica), vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), convulsões, distúrbios do sono, distúrbio de convergência do olhar, sintomas neuropsiquiátricos, comprometimento cognitivo, entre outros. Estes sintomas, geralmente se desenvolvem nos primeiros dias após o trauma e geralmente desaparecem dentro de algumas semanas a alguns meses.

Uma história de uma concussão anterior, particularmente se recente ou múltipla, é um fator de risco para sintomas prolongados após a concussão e lesões repetidas podem causar déficits neuropsicológicos cumulativos.

A tomografia de crânio pode oferecer “pistas” para o prognóstico da lesão cerebral traumática leve

Análise recente

Um paciente após um trauma de crânio e conduzido a um serviço hospitalar por qualquer sintoma, na abordagem inicial será submetido a tomografia de crânio (TCC). Um relatório publicado on-line no JAMA Neurology, procura identificar certos padrões de lesão na TCC, que parecem indicar um risco de recuperação incompleta e/ou resultados adversos.

A proposta do estudo seria propor um “biomarcador de imagem”, que pode ser usado para avaliar pacientes com TCE leve (ECG de 13 a 15), que se presente, provavelmente terão pior prognóstico e devem ser acompanhados de perto pelo médico.

Dr. Manley e colegas analisaram achados e resultados de TCC em um subconjunto de 1.935 pacientes inscritos no estudo Transforming Research and Clinical Knowledge in Traumatic Brain Injury (TRACK-TBI) com pontuações ECG de 13 a 15; eles se apresentaram aos departamentos de emergência em 18 centros de trauma de nível 1 dos EUA entre 26 de fevereiro de 2014 e 8 de agosto de 2018.

Saiba mais: TC de controle após TCE em paciente em uso de terapia antitrombótica não é necessária

Uma TCC foi definida como positiva com a presença de qualquer anormalidade intracraniana aguda na primeira imagem após a admissão. As pontuações ECG foram avaliadas em duas, três, seis semanas pós-lesão e novamente em 12 meses. Os achados e resultados da TC foram validados externamente usando os resultados do estudo Collaborative European NeuroTrauma Effectiveness Research in Traumatic Brain Injury (CENTER-TBI).

Resultados

No geral, 715 de 1.935 indivíduos (37%) nesta coorte analítica tiveram um resultado de TCC positiva para comprometimento intracraniano agudo. O padrão mais comum foi a hemorragia subaracnóidea traumática (HSAt) isolada. Outros padrões comuns foram a combinação de HSAt, Hematoma subdural (HSD) e contusão; HSD isolado; e HSAt e HSD combinados.

Três tendências surgiram da análise das imagens:

  • Hematoma subdural e contusão frequentemente ocorreram concomitantemente e foram associados com recuperação incompleta e comprometimento mais grave até 12 meses após a lesão;
  • Hemorragia intraventricular e/ou petequial co-ocorreram e foram associadas a comprometimento mais grave até 12 meses após a lesão;
  • Hematoma epidural foi associado com recuperação incompleta em alguns pontos, mas não com comprometimento mais grave.

Uma conclusão importante deste estudo é que precisamos dar mais atenção no atendimento e no acompanhamento de muitos pacientes classificados como tendo TCE leve, pois eles estão sob risco de sintomas potencialmente incapacitantes nas atividades da vida diária com o decorrer dos meses.

Referências bibliográficas:

  • Yuh EL, Jain S, Sun X, et al. Pathological computed tomography features associated with adverse outcomes after mild traumatic brain injury: A TRACK-TBI Study with external validation in CENTER-TBI. JAMA Neurol. 2021;78(9):1137-1148. doi:10.1001/jamaneurol.2021.2120.

O traumatismo crânio-encefálico (TCE) leve, ou seja, concussão, é comum e embora tipicamente benigno, apresenta risco de sequelas graves a curto e longo prazo. A lesão cerebral ocorre devido a forças de contato e/ou aceleração/desaceleração.

O TCE é tipicamente definido como leve quando temos um paciente com uma pontuação na Escala de Coma de Glasgow (ECG) de 13 a 15, medida aproximadamente 30 minutos após o trauma.

Leia também: Como identificar com ferramentas simples quadro de concussão em adolescentes?

O termo “concussão” é frequentemente usado na literatura médica como sinônimo de TCE leve. O Subcomitê de Padrões de Qualidade da Academia Americana de Neurologia define concussão como uma alteração do estado mental induzida pelo trauma que pode ou não envolver perda de consciência.

Os sintomas da síndrome pós-concussão podem ser caracterizados por cefaleia, tontura (incluindo vertigem e tontura inespecífica), vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), convulsões, distúrbios do sono, distúrbio de convergência do olhar, sintomas neuropsiquiátricos, comprometimento cognitivo, entre outros. Estes sintomas, geralmente se desenvolvem nos primeiros dias após o trauma e geralmente desaparecem dentro de algumas semanas a alguns meses.

Uma história de uma concussão anterior, particularmente se recente ou múltipla, é um fator de risco para sintomas prolongados após a concussão e lesões repetidas podem causar déficits neuropsicológicos cumulativos.

A tomografia de crânio pode oferecer “pistas” para o prognóstico da lesão cerebral traumática leve

Análise recente

Um paciente após um trauma de crânio e conduzido a um serviço hospitalar por qualquer sintoma, na abordagem inicial será submetido a tomografia de crânio (TCC). Um relatório publicado on-line no JAMA Neurology, procura identificar certos padrões de lesão na TCC, que parecem indicar um risco de recuperação incompleta e/ou resultados adversos.

A proposta do estudo seria propor um “biomarcador de imagem”, que pode ser usado para avaliar pacientes com TCE leve (ECG de 13 a 15), que se presente, provavelmente terão pior prognóstico e devem ser acompanhados de perto pelo médico.

Dr. Manley e colegas analisaram achados e resultados de TCC em um subconjunto de 1.935 pacientes inscritos no estudo Transforming Research and Clinical Knowledge in Traumatic Brain Injury (TRACK-TBI) com pontuações ECG de 13 a 15; eles se apresentaram aos departamentos de emergência em 18 centros de trauma de nível 1 dos EUA entre 26 de fevereiro de 2014 e 8 de agosto de 2018.

Saiba mais: TC de controle após TCE em paciente em uso de terapia antitrombótica não é necessária

Uma TCC foi definida como positiva com a presença de qualquer anormalidade intracraniana aguda na primeira imagem após a admissão. As pontuações ECG foram avaliadas em duas, três, seis semanas pós-lesão e novamente em 12 meses. Os achados e resultados da TC foram validados externamente usando os resultados do estudo Collaborative European NeuroTrauma Effectiveness Research in Traumatic Brain Injury (CENTER-TBI).

Resultados

No geral, 715 de 1.935 indivíduos (37%) nesta coorte analítica tiveram um resultado de TCC positiva para comprometimento intracraniano agudo. O padrão mais comum foi a hemorragia subaracnóidea traumática (HSAt) isolada. Outros padrões comuns foram a combinação de HSAt, Hematoma subdural (HSD) e contusão; HSD isolado; e HSAt e HSD combinados.

Três tendências surgiram da análise das imagens:

  • Hematoma subdural e contusão frequentemente ocorreram concomitantemente e foram associados com recuperação incompleta e comprometimento mais grave até 12 meses após a lesão;
  • Hemorragia intraventricular e/ou petequial co-ocorreram e foram associadas a comprometimento mais grave até 12 meses após a lesão;
  • Hematoma epidural foi associado com recuperação incompleta em alguns pontos, mas não com comprometimento mais grave.

Uma conclusão importante deste estudo é que precisamos dar mais atenção no atendimento e no acompanhamento de muitos pacientes classificados como tendo TCE leve, pois eles estão sob risco de sintomas potencialmente incapacitantes nas atividades da vida diária com o decorrer dos meses.

Referências bibliográficas:

  • Yuh EL, Jain S, Sun X, et al. Pathological computed tomography features associated with adverse outcomes after mild traumatic brain injury: A TRACK-TBI Study with external validation in CENTER-TBI. JAMA Neurol. 2021;78(9):1137-1148. doi:10.1001/jamaneurol.2021.2120.

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Felipe Resende NobregaFelipe Resende Nobrega
Editor médico de Neurologia da Afya • Residência Médica em Neurologia (UNIRIO) • Mestre em Neurologia (UNIRIO) • Graduação em Medicina pela Universidade Estácio de Sá