AAP 2021: práticas hospitalares relacionadas a medidas não farmacológicas para alimentação na SAN

Um estudo, apresentado na AAP 2021, analisou as políticas hospitalares relacionadas a medidas não farmacológicas de alimentação para SAN.

Dados da literatura mostram que o transtorno do uso de opioides na gestação tem sido associado a parto prematuro, baixo peso ao nascer, distúrbios de alimentação e síndrome de abstinência em recém-nascidos (RN) expostos – a síndrome de abstinência neonatal (SAN) ocorre por exposição pré-natal a opioides e outras drogas, gerando uma constelação de manifestações clínicas em neonatos.

À medida que o uso de opioides aumentou, a incidência de RN norte-americanos com SAN também aumentou de 1,5 (1999) para 7,3 (2017) por 1.000 nascimentos. Em geral, o atendimento a esses pacientes é prestado em unidades de terapia intensiva neonatal (UTIN), porém o foco, historicamente, tem sido o uso de medidas farmacológicas.

No entanto, atualmente, estratégias não farmacológicas, como amamentação, contato pele a pele e alojamento conjunto, estão cada vez mais sendo reconhecidas como relevantes nesse contexto, pois reduzem a gravidade das manifestações clínicas, o tempo de internação, o uso de medicamentos e os custos hospitalares.

Um estudo muito interessante, apresentado na AAP Experience 2021, congresso da American Academy of Pediatrics, analisou as políticas e práticas hospitalares relacionadas a medidas não farmacológicas de incentivo à alimentação para bebês com SAN nos EUA.

mãe segurando bebê com SAN

Síndrome de abstinência neonatal – SAN

Um questionário online foi preenchido por pessoas com maior conhecimento sobre as políticas e práticas hospitalares em hospitais que oferecem cuidados de maternidade de rotina nos Estados Unidos e territórios. Esses locais receberam a pesquisa Práticas de Maternidade em Nutrição e Cuidado Infantil (mPINC) em 2020 (n = 2.103, taxa de resposta: 74%).

Foi realizada uma análise descritiva das políticas hospitalares escritas relacionadas ao manejo de RN com SAN (“política específica da SAN”), assim como práticas relacionadas à alimentação de RN com diagnóstico de SAN (“prática específica da SAN”).

Resultados

A maioria dos hospitais não apresentava fins lucrativos (73,4%), 74,3% eram considerados como instituição de ensino e 28,2% eram hospitais “amigos da criança”. Um total de 94,9% tinha políticas escritas específicas da SAN, que compreendiam:

  • Uso de uma ferramenta padronizada para avaliar os sintomas da SAN (95,6%);
  • Tratamento farmacológico da SAN (73,2%);
  • Promoção de terapias não farmacológicas, incluindo:
  • Contato pele a pele / método canguru (86,2%);
  • Alojamento conjunto (79,3%);
  • Aleitamento materno (77,7%).

Entre os hospitais (93,5%) que indicaram ter cuidado de RN com SAN, a proporção de hospitais onde mais da metade dos RN com SAN recebeu terapias não farmacológicas englobou:

  • Contato pele a pele / método canguru: 82,8%;
  • Alojamento conjunto: 75,3%;
  • Amamentação ou leite humano ordenhado: 56,2%.

Por fim, 25% dos hospitais que atendiam lactentes com SAN relataram que a maioria dos RN com esse diagnóstico foi atendido em uma UTIN.

Leia também: Fenobarbital ou clonidina para tratamento da síndrome de abstinência neonatal?

Conclusão

Esse importante estudo demonstrou que as políticas e práticas hospitalares baseadas em evidências para a estimular a alimentação infantil, como cuidados pele a pele e alojamento conjunto, são ideais para a maioria dos RN, mas podem ser particularmente relevantes para aqueles com SAN. O alojamento conjunto é preferível e as intervenções não farmacológicas devem ser consideradas a base do cuidado de bebês com exposição a opioides.

Dessa forma, os hospitais podem considerar a revisão de suas políticas e práticas específicas de SAN para garantir que estejam prestando cuidados ideais para não somente os RN elegíveis que experimentam abstinência de substâncias, mas também para suas mães.

Comentário

A SAN e a síndrome de abstinência iatrogênica têm sido cada vez mais descritas na literatura pediátrica e um grande passo é esse aumento dos relatos de sucesso no uso de medidas não farmacológicas, principalmente em bebês, cujo cérebro está em formação.

Não sabemos ainda os efeitos do uso de fármacos sedativos e/ou analgésicos para tratamento das manifestações clínicas decorrentes da abstinência em longo prazo, portanto, acredito muito que o uso de abordagens não farmacológicas de humanização contribuem grandemente para poupar a prescrição dessas medicações.

Estamos acompanhando o congresso da AAP 2021. Fique ligado no Portal PEBMED!

Mais do AAP Experience 2021:

Referência bibliográfica:

  • Nelson, Jennifer et al. Virtual Oral Poster – Section on Breastfeeding Program. Infant Feeding-Related Hospital Policies and Practices for Neonatal Abstinence Syndrome, United States, 2020. AAP Experience Virtual 2021 National Conference and Exhibition.

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