O plasma convalescente vem sendo estudado em pacientes adultos como medida terapêutica na Covid-19. Na AAP Experience 2021, congresso da American Academy of Pediatrics, Sreya Devabhaktuni e Carrie Garrison, médicas da University of Florida, relataram o caso de uma adolescente de 16 anos com infecção por Covid-19, evoluindo com síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) e que apresentou melhora drástica após terapia com plasma convalescente.
Descrição do caso
Adolescente do sexo feminino, 16 anos, com obesidade mórbida, deu entrada no departamento de Emergência Pediátrica do Studer Family Children’s Hospital com história de cinco dias de febre, tosse, congestão e dificuldade respiratória, além de vômitos, diarreia e dor abdominal difusa. À admissão, a paciente recebeu oxigenoterapia com 3 litros/min. Apresentava sinais vitais estáveis, sem desconforto respiratório agudo, com estertores crepitantes bilaterais e dor abdominal difusa.
O teste PCR para o vírus SARS-CoV-2 por meio de swab nasofaríngeo foi positivo. A radiografia de tórax mostrou pneumonia multifocal e o eletrocardiograma era normal. A paciente foi internada e tratada com remdesivir e imunoglobulina intravenosa (IVIG) devido à possibilidade de síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P). Foi iniciado um curso de cinco dias de corticoterapia em baixa dosagem. No entanto, no terceiro dia de hospitalização, o estado ventilatório da paciente piorou rapidamente, evoluindo com necessidade de intubação e ventilação mecânica.
A paciente foi colocada em modo de ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV), controle de volume com autofluxo, volume corrente de 550 mL, necessitando de FiO2 elevadas (80-90%) e pico de pressão inspiratória variando de 36-45. Seguindo o protocolo da Clínica Mayo e obtendo a aprovação emergente do Food and Drug Administration (FDA), a paciente foi submetida a terapia com plasma convalescente, após a qual ela mostrou melhora significativa no pico de pressão inspiratória (variando de 20-30), em 24-36 horas.
Ao longo dos dias seguintes, a paciente tolerou o desmame do suporte ventilatório e foi extubada. Gradualmente, foi realizado desmame para ar ambiente. A recuperação foi muito satisfatória e a paciente recebeu alta hospitalar.
Discussão
As pesquisadoras descreveram que, com o uso do plasma convalescente, a paciente apresentou não somente melhora significativa do quadro clínico, mas também dos exames de imagem. O plasma convalescente já foi usado com sucesso para o tratamento de outras infecções virais, incluindo SARS-CoV, síndrome respiratória do Oriente Médio, influenza A (H1N1) e Ebola. Os dados dessas infecções também sugerem que essa medida terapêutica é mais eficaz quando administrada no início do processo da doença.
Plasma convalescente para Covid-19 precisa de mais estudos
Apesar de o tratamento com plasma convalescente ter sido associado a uma melhora considerável de um caso de Covid-19 grave em adolescente, ainda há necessidade de mais estudos em pacientes pediátricos.
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Referência bibliográfica:
- Devabhaktuni, Sreya; Garrison, Carrie. Virtual Poster – Convalescent Plasma Therapy in the Management of a Pediatric Patient with COVID-19 Infection. American Academy of Pediatrics. AAP Experience Virtual 2021 National Conference and Exhibition.
4 abr. 2024 
6 min. 
