Ablação de metástase pulmonar é realizada pela primeira vez somente com anestesia local

O procedimento foi realizado no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, utilizando a tecnologia de ablação tumoral térmica, por micro-ondas.

Um paciente de 68 anos com cardiopatia grave passou por uma ablação de metástase pulmonar enquanto conversava com seu médico apenas com anestesia local.

O procedimento foi realizado no dia 19 de março, no Hospital Vila Nova Star, da Rede D’Or, em São Paulo, utilizando a tecnologia de ablação tumoral térmica, por micro-ondas, com duração exata de um minuto e quinze segundos.

Após a operação bem-sucedida, o paciente recebeu alta hospitalar no dia seguinte. Com as técnicas convencionais, precisaria de dias internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para se recuperar.

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pulmonar é realizada pela primeira vez somente com anestesia local

Ablação pulmonar térmica

A ablação pulmonar térmica é uma técnica minimamente invasiva, capaz de eliminar totalmente o tumor local, com maior precisão, proporcionando mais segurança e com eficácia semelhante à intervenção cirúrgica tradicional ou robótica.

A equipe médica é guiada por imagem para destruir o câncer de pulmão através do superaquecimento ou congelamento. Diferente de métodos tradicionais, o foco do procedimento está na destruição do tumor com a preservação da capacidade pulmonar.

“A tecnologia utiliza ablação de tumor no pulmão guiado por tomografia com anestesia local. É um procedimento onde se cauteriza o tumor usando uma energia de micro-ondas, que dura entre um e três minutos. O inédito foi realizar esse tratamento com o paciente acordado, conversando com a gente enquanto tratávamos o tumor dele. Esse paciente tinha como particularidade um coração debilitado, com uma fração de ejeção de 15%, problema resultante de um infarto que teve no passado. Sendo assim, a anestesia era algo muito arriscado. Então, a melhor opção era tratá-lo sem nenhuma anestesia geral, somente com a local”, contou o médico radiologista e intervencionista oncológico, Luiz Tenório Siqueira, responsável por realizar a técnica, em entrevista ao Portal de Notícias da PEBMED.

A realização do procedimento utilizando apenas anestesia local foi possível graças a essa técnica, em que os médicos colocam uma agulha que emite ondas de micro-ondas e aquecem o tumor até 90 graus. Desta maneira, o tumor é queimado sem a necessidade de retirá-lo do corpo do paciente.

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Segundo o cirurgião responsável, o resultado é equivalente a ressecção cirúrgica em termos de cura. É minimamente invasivo, não há cortes ou pontos, com tempo de anestesia muito mais rápido, com muito menos riscos de complicações.

“Há menos risco de perda de sangue ou de dor no pós-operatório, não há riscos de hérnias e perdas da função do órgão. Sendo assim, é a alternativa que mais preserva a função do órgão em questão. No caso do rim, você impede que o seu paciente venha a precisar de hemodiálise no futuro”, acrescentou Luiz Tenório.

Existem três principais tipos de ablação pulmonar:

  • Crioablação: É realizada uma terapia fria para congelar e causar a destruição do tecido tumoral;
  • Ablação por radiofrequência: Realizado a partir do aumento de temperatura local através de radiofrequência, que provoca agitação e destruição celular;
  • Ablação por micro-ondas: Neste procedimento, a destruição tumoral ocorre também pelo aumento de temperatura local, através da técnica de micro-ondas que utiliza uma agulha que possibilita o tratamento de áreas maiores, como foi o caso desse paciente de 68 anos.

Indicações clínicas

O tratamento é indicado para diversos tipos de cânceres e utilizado como opção para tratar lesões de maneira menos invasiva e mais rápida, reduzindo o tempo de internação e preservando a função dos órgãos que recebem o tratamento. Isso tudo além de não deixar cicatrizes e possibilitar uma rápida recuperação.

“O procedimento é indicado para tratar cânceres de fígado, rim e pulmão, desde que os tumores sejam pequenos, menores de três centímetros no caso de fígado e rim, e menores de dois centímetros para pulmão para se obter melhores resultados. A ideia é sempre queimar todo o tumor e um pouco do tecido ao redor do tumor”, indicou Luiz Tenório.

Por se tratar de um paciente de condição frágil de saúde (idoso, cardiopata grave e que já vinha de uma internação em UTI decorrente do tratamento de outros dois tumores de intestino e fígado), a equipe médica optou pela técnica apenas com anestesia local, sem medicações na veia ou suporte respiratório.

“Um procedimento de ablação convencional necessitaria de anestesia geral, intubação e uma nova internação prolongada em UTI para recuperação. Com a anestesia local foi possível tratar esse nódulo com a mesma eficácia de uma intervenção cirúrgica, sem os riscos anestésicos ao paciente por conta da sua condição cardíaca e em uma única sessão”, explicou o cirurgião.

O procedimento de ablação térmica por micro-ondas é realizado em hospitais particulares, com custo estimado de 20 mil reais. Na rede do Sistema Único de Saúde (SUS), a tecnologia ainda não está disponível.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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