Abordagem tópica à epistaxe: ácido tranexâmico resolve?

Aproximadamente 60% das pessoas experimentarão um episódio de epistaxe ao longo da vida, principalmente antes dos 10 e após os 35 anos.

Aproximadamente 60% das pessoas experimentarão um episódio de epistaxe ao longo da vida, principalmente antes dos 10 anos de idade e após os 35 anos. O episódio geralmente é autolimitado ou é controlado com compressão nasal externa, sendo que 6% do total de epistaxes necessitará de intervenção invasiva para interromper o sangramento. Dados de serviços estadunidenses sugerem prevalência de epistaxe em torno de 0,5% nos serviços de emergência.

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Para controle da epistaxe utiliza-se vasoconstritores tópicos e anestésicos locais, como oximetazolina, fenilefrina, epinefrina e lidocaína. Casos refratários requerem tamponamento nasal anterior, cauterização química ou ligadura cirúrgica, geralmente realizados pelo Otorrinolaringologista.

Uma outra abordagem tópica proposta ao longo do tempo como solução para o tratamento da epistaxe aguda foi o uso do ácido tranexâmico (TXA, do inglês tranexamic acid), um antifibrinolítico, com ampla utilidade no tratamento de hemorragias agudas. Entretanto, os estudos que versavam sobre o uso dessa medicação em sua maioria eram limitados, mesmo que sugerindo bons resultados, como menos dor, controle mais eficaz do sangramento e redução nas taxas de ressangramento.

Com base nesse racional foi elaborada uma revisão sistemática com metanálise para avaliar a eficácia e benefícios potenciais do uso do ácido tranexâmico no tratamento da epistaxe aguda. O desfecho primário foi a prevalência de cessação do sangramento após o tratamento com TXA na primeira reavaliação, tendo como desfecho secundários a ocorrência de ressangramento entre 24 e 72 horas e após 7-8 dias, desde a aplicação do TXA.

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A busca inicial resultou em 2.375 estudos elegíveis, sendo selecionados 222, com inclusão de oito estudos na composição da metanálise (sete estudos randomizados e um ensaio retrospectivo), totalizando 1.299 pacientes, sendo que 596 (46%) receberam TXA, enquanto 703 (54%) receberam tratamento controle (placebo, epinefrina com lidocaína, oximetazolina ou fenilefrina com lidocaína.

Abordagem tópica à epistaxe ácido tranexâmico resolve

Resultados

Em relação à cessação da epistaxe, os pacientes tratados com TXA tiveram uma probabilidade aumentada em 3,5 vezes de sucesso quando comparados aos controles (Odds ratio [OR] 3,5, intervalo de confiança (IC) de 95% 1,3-9,7, p = 0,014); valor que sobre para 7,8 vezes quando compara-se somente com os vasoconstritores tópicos na análise de subgrupos (OR 7,8, IC95% 4,5–13, p = 0,001). Pacientes tratados com TXA tiveram 63% menos chances de ocorrência de ressangramento em 24-72 horas quando comparados com os controles (OR 0,37, IC 95% 0,2-0,66, p = 0,001). Não houve significância estatística em relação à ocorrência de ressangramentos após sete dias do uso de TXA (OR 1,24, IC 95% 0,78-1,98, p = 0,36).

Mensagem prática

Apesar desta revisão sugerir os benefícios do uso do ácido tranexâmico para controle da epistaxe aguda, a possibilidade de viés é grande, dada a heterogeneidade dos trabalhos publicados na área. De fato, o uso do agente fibrinolítico pode ser uma alternativa em casos selecionados, desde que bem pensada a escolha pelo médico assistente, porém esse ainda não é um estudo que tem poder para determinar uma mudança na prática clínica.

Referências bibliográficas:

  • Janapala RN, Tran QK, Patel J, Mehta E, Pourmand A. Efficacy of topical tranexamic acid in epistaxis: A systematic review and meta-analysis. American Journal of Emergency Medicine. 2022;51:169–175. doi: 10.1016/j.ajem.2021.10.043

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