Abram as cortinas: altas taxas de contaminação nas cortinas dos leitos nos hospitais

Um estudo recente concluiu que, duas semanas após serem colocadas, 87,5% das cortinas individuais dos leitos já estavam contaminadas.

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Um estudo recente concluiu que, duas semanas após serem colocadas, 87,5% das cortinas individuais dos leitos já estavam contaminadas. As cortinas estavam contaminadas com Staphylococcus aureus resistentes a meticilina (MRSA), embora nenhum dos pacientes apresentasse infecção pelo patógeno.

Os autores reconhecem que esses acessórios apresentam um alto risco para a contaminação cruzada, pois são frequentemente tocados pelas mãos de profissionais e acompanhantes, mas raramente trocadas. As altas taxas de contaminação em torno do 14º dia podem representar um indicativo oportuno da necessidade de limpeza ou substituição das cortinas.

Metodologia

Tais observações foram divulgadas recentemente na American Journal of Infection Control (2018) pelo grupo de pesquisadores da universidade de Manitoba, Canada, liderado pelo pesquisador Kevin Shek. Foi realizado um estudo longitudinal prospectivo no intuito de avaliar a contaminação de cortinas em leitos hospitalares e possíveis protocolos de higiene para minimizar a transmissão de patógenos.

Como metodologia, no período de 21 dias (dias 1, 3, 7, 10, 14, 17 e 21), culturas de 10 cortinas limpas (4 localizadas em quartos com 4 leitos, 4 localizadas em quartos com 2 leitos e 2 controles em sala sem contato com staff ou pacientes) foram realizadas para determinar a contaminação microbiana e a presença de MRSA. A distância das cortinas aos leitos era de aproximadamente 30 cm.  

Saiba mais:

Resultados

Os resultados indicaram que pelo 3º dia do teste, as cortinas apresentaram aumento da contaminação microbiana (media de 1,17 UFC/cm2). Ocorre aumento progressivo de acordo com o tempo, com media de 1,86 UFC/cm2 no 17º dia e 5,11 UFC/cm2 no 21º dia do teste. Sete dentre as oito cortinas (87,5%) a beira do leito apresentaram contaminação com MRSA no 14º dia, superando inclusive as taxas de pacientes portadores de MRSA admitidos nos respectivos leitos. 

Os achados indicam que, embora a rota principal de transmissão seja contato direto pessoa-pessoa, o contato com superfícies ambientais também representa um importante fator para a disseminação de patógenos no ambiente hospitalar ou em instituições que envolvem cuidado com a saúde.

Conclusão

E os autores propõem que as taxas de contaminação microbiana sejam avaliadas periodicamente com descarte a partir de níveis acima de uma taxa especifica. De maneira semelhante ao que ocorre com a vigilância no processamento de alimentos. Também sugerem que as cortinas sejam trocadas e/ou limpas no 14º dia após colocação.

Porém, alguns questionamentos ainda permanecem quanto ao real potencial de transmissibilidade de MRSA para os pacientes, e que tipo de limpeza (superfície, lavagem, esterilização) seria suficiente para reduzir as contaminações por esses patógenos.   

 

Referências:

  • Kevin Shek, Rakesh Patidar, Zeenib Kohja, Song Liu, Justin P. Gawaziuk, Monica Gawthrop, Ayush Kumar, Sarvesh Logsetty. 2018. Rate of contamination of Hospital privacy curtains in a burn/plastic ward: A longitudinal study. Am. J. Infec. Control, Sep; 46(9): 1019-1021. 
  • Kevin Shek, Rakesh Patidar, Zeenib Kohja, Song Liu, Justin P. Gawaziuk, Monica Gawthrop, Ayush Kumar, Sarvesh Logsetty. 2017. Rate of contamination of Hospital privacy curtains in a burn/plastic ward: A cross-sectional study. J. Hosp. Infec., May; 96(1): 54-58. 
  • Michael Ohl, Marin Schweizer, Maggie Graham, Kristopher Heilmann, Linda Boykens, Daniel Diekema. 2012. Hospital privacy curtains are frequently and rapidly contaminated with potencially pathogenic bacteria. Am. J. Infect. Control., Dec., 40 (10): 904-906. 
  • Vincenzo Russotto, Andrea Cortegiani, Santi Maurizio Raineri, Pasquale Iozzo, Cesare Gregoretti, Antonino Giarratano. 2017. Crítical Care Mar 22; 21(1): 55.

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