Abscesso cutâneo: antibiótico oral em combinação com drenagem ajuda no tratamento

Os abcessos cutâneos são casos mais comuns entre as infecções de pele. Um ensaio clínico avaliou antibióticos e drenagem nesses pacientes.

Mais de 4 em 100 pessoas procuram tratamento para infecções de pele anualmente nos Estados Unidos. Os abcessos cutâneos são casos mais comuns dessas infecções e a maioria dos pacientes são tratados como pacientes ambulatoriais. Complicações graves, como bacteremia, podem ocorrer em casos raros.

Staphylococcus aureus, incluindo Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA), causa a maioria das infecções cutâneas. Para o abscesso cutâneo, a incisão e drenagem constituem o tratamento inicial. Em abscessos simples ou furúnculos, é provável que apenas incisão e drenagem sejam suficientes, mas informações adicionais são necessárias para definir melhor o papel dos antibióticos, se é que existe, nessa situação.

No final de junho de 2017, The New England Journal of Medicine publicou um ensaio clínico randomizado, multicêntrico, duplo-cego, envolvendo adultos e crianças ambulatoriais. Os pacientes foram estratificados de acordo com a presença de abscesso cirurgicamente drenável, tamanho do abcesso, número de locais de infecção e presença de celulite não purulenta.

amoxicilina

Abscessos cutâneos

Os participantes com um único abscesso de pele com 5 cm de diâmetro ou menor foram randomizados aleatoriamente, na proporção 1:1:1, para receber clindamicina oral, sulfametoxazol-trimetoprima ou placebo, além de incisão e drenagem. Os medicamentos do estudo foram administrados durante 10 dias. O desfecho primário avaliado foi a cura clínica de 7 a 10 dias após o término do tratamento.

Resultados

No total, foram analisados 786 participantes: 505 (64,2%) eram adultos e 281 (35,8%) crianças. A média de idade foi de 25,5 anos e 57% eram do sexo masculino. Clindamicina, sulfametoxazol-trimetoprima e placebo foram atribuídos a 266, 263 e 257 participantes, respectivamente, Staphylococcus aureus foi isolado de 527 participantes (67,0%), MRSA de 388 (49,4%), estafilococos coagulase-negativa de 104 (13,2%), estreptococos de 54 (6,9%) e outros organismos de 118 (15,0%).

Leia também: Troca para terapia oral precoce em abscessos hepáticos é não inferior à terapia intravenosa

As taxas de cura clínica foram de 83,1% no grupo da clindamicina, 81,7% no grupo sulfametoxazol-trimetoprima e 68,9 % no grupo placebo. A taxa de cura no grupo placebo foi significativamente inferior ao grupo clindamicina (diferença de taxa: -14,2 pontos percentuais; intervalo de confiança [IC] de 95%: -22,0 a -6,4; p<0,001) e ao grupo sulfametoxazol-trimetoprima (diferença de taxa: -12,9 pontos percentuais; IC 95%: -20,8 a -5,0; p<0,001). A taxa de cura entre os participantes do grupo da clindamicina foi semelhante à do grupo sulfametoxazol-trimetoprima (p=0,73). Este efeito benéfico foi restrito a participantes com infecção por Staphylococcus aureus.

Uma nova lesão em um outro local do corpo ou o uso de medicamento de resgate foram as causas mais comuns de falha do tratamento no grupo placebo versus grupos de tratamento ativo. Entre os participantes que foram inicialmente curados, as novas infecções em um mês de acompanhamento foram menos comuns no grupo da clindamicina (6,8%) do que no grupo sulfametoxazol-trimetoprima (13,5%, p=0,03) ou grupo placebo (12,4%, p=0,06).

Os eventos adversos foram mais frequentes com clindamicina (21,9%) do que com sulfametoxazol-trimetoprima (11,1%) ou placebo (12,5%). Os eventos adversos mais comuns foram diarreia (16,2%, 5,4% e 6,7%, respectivamente) e náuseas (2,3%, 4,2% e 2,4%, respectivamente). A maioria dos eventos adversos apresentou gravidade leve ou moderada, e foram resolvidos sem sequelas. Um participante que recebeu sulfametoxazol-trimetoprima teve uma reação de hipersensibilidade.

Veja mais: Abscesso hepático: como fechar o diagnóstico e conduzir o tratamento

Em comparação com a incisão e a drenagem, a clindamicina ou a sulfametoxazol-trimetoprima em conjunto com incisão e drenagem melhoram os resultados em curto prazo em pacientes com abscesso simples. Este benefício deve ser avaliado considerando o perfil de efeitos colaterais desses antimicrobianos.

Referência:

  • Daum RS, Miller LG, Immergluck L, Fritz S, Creech CB, Young D, et al. A Placebo-Controlled Trial of Antibiotics for Smaller Skin Abscesses. N Engl J Med [Internet]. 2017;376(26):2545–55. Available from: https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa1607033

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.

Especialidades