ACP 2023: Condições psiquiátricas em idosos: qual a pílula mais segura? 

A sessão “Treatment of Psychiatric Conditions in the Geriatric Population” abordou questões sobre o tratamento eficaz de idosos.

O tratamento de condições psiquiátricas na população geriátrica é um tópico de grande importância para os profissionais de saúde que atendem a esse grupo etário. No ACP 2023, o Dr. Amit Shah, especialista em geriatria, conduziu a sessão intitulada “Treatment of Psychiatric Conditions in the Geriatric Population“, destacando as principais questões envolvidas no tratamento eficaz e seguro desses pacientes. Destacou pontos principalmente referentes às comuns condições em idosos de depressão, ansiedade e alterações comportamentais. 

idoso com as mãos na cabeça, em cadeira de rodas; sofreu violência contra idosos

Antidepressivos 

A depressão é, atualmente, uma doença sobrediagnosticada e sobreprescrita em pacientes idosos, com um aumento significativo no uso de antidepressivos nessa população nos últimos 30 anos. 

Alguns antidepressivos são considerados mais seguros em pacientes idosos do que outros. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) são frequentemente prescritos para pacientes idosos, pois têm menos efeitos colaterais anticolinérgicos do que outros antidepressivos. No entanto, os ISRS podem aumentar o risco de quedas em pacientes idosos, especialmente quando combinados com outros medicamentos. 

Os ISRS também podem causar náusea, diarreia, insônia e sonolência em alguns pacientes. Além disso, os ISRS podem aumentar o risco de sangramento gastrointestinal em pacientes idosos que tomam anticoagulantes ou anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). Outros antidepressivos, como os tricíclicos e inibidores da monoamina oxidase (IMAOs), têm mais efeitos colaterais anticolinérgicos e cardiovasculares do que os ISRS. 

A pílula mais segura é aquela que você não começa:

• Comece com a pergunta: Isso é realmente depressão? 

• Não tenha medo de fazer perguntas sobre isolamento social, solidão, “significado na vida” 

• Não medique o luto normal 

• Considere tratamento não farmacológico (encaminhamento a psicólogo, TCC, revisão de vida, etc) 

 

Quando a medicação é necessária: 

• Use uma ferramenta validada para acompanhar a resposta: 

PHQ-9, Escala Geriátrica de Depressão (GDS), Escala Cornell para Depressão em Demência) 

• Comece com doses baixas e vá devagar: menor dose, pelo menor tempo possível (50% da dose de pacientes mais jovens) 

• Mas chegue lá: é necessário aumentar gradativamente a dose adequada, a cada 2 semanas – pode levar de 10 a 12 semanas 

Benzodiazepínicos 

A terapia com benzodiazepínicos pode ser útil para tratar a ansiedade e o distúrbio do sono em pacientes idosos, mas também pode ter riscos a longo prazo. Os benzodiazepínicos podem causar sonolência, confusão, tontura e quedas, aumentar o risco de fraturas e outras lesões. Também podem levar à dependência física e psicológica quando tomados por longos períodos de tempo. O uso de benzodiazepínicos também pode ter riscos significativos em pacientes idosos com demência, incluindo aumento do risco de confusão/delírio, quedas e sintomas paradoxais de agitação. 

Para reduzir os riscos associados à terapia com benzodiazepínicos, é importante que se realize um monitoramento cuidadoso dos pacientes. É importante educá-los sobre os riscos associados à terapia com benzodiazepínicos e incentivar a adesão às estratégias não farmacológicas para tratar a ansiedade e os distúrbios do sono. 

Para deprescrever com segurança os benzodiazepínicos, é importante que os médicos reduzam gradualmente as doses desses medicamentos ao longo do tempo. A deprescrição deve ser feita sob supervisão cuidadosa para minimizar o risco de sintomas de abstinência ou recaída da ansiedade ou insônia.  

Medicações para alterações comportamentais 

A agitação é um problema comum na psiquiatria geriátrica, e as perturbações comportamentais devem ser tratadas com uma abordagem farmacológica apenas quando necessário. 

Os medicamentos para perturbações comportamentais devidamente indicados em pacientes com demência podem ser úteis para controlar sintomas como agitação, agressão e alucinações. No entanto, esses medicamentos também podem ter riscos significativos nesses pacientes. Os antipsicóticos, por exemplo, podem aumentar o risco de acidente vascular cerebral e morte. Além disso, os antipsicóticos também podem causar sonolência, confusão e quedas. 

Quando os medicamentos são necessários para tratar perturbações comportamentais, é importante escolher a abordagem farmacológica mais segura possível. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) são frequentemente prescritos como uma alternativa mais segura aos antipsicóticos, apesar de que doses mais altas podem ser necessárias para impactar a agitação, o que pode aumentar os efeitos colaterais. 

Além disso, outras classes de medicamentos, como os anticonvulsivantes e os beta-bloqueadores, podem ser úteis para controlar alguns sintomas específicos. No entanto, é importante lembrar que a terapia com medicamentos deve ser combinada com outras abordagens terapêuticas, como a terapia ocupacional e a psicoterapia, para obter os melhores resultados em pacientes com demência. 

Sumário de mensagens práticas pelo Dr. Amit Shah:

  • A pílula mais segura é aquela que você nunca dá! 
  • Maximize as intervenções não farmacológicas
  • Abstenha-se de tratar sintomas leves com medicamentos 
  • Não use medicamentos psiquiátricos para condições que não precisam ou não respondem bem a medicamentos 
  • Personalize a seleção de medicamentos com base nos efeitos colaterais e comorbidades do paciente 
  • Comece com doses baixas e aumente gradualmente, mas chegue lá!
  • Reduza cuidadosamente as doses ao longo do tempo, especialmente benzodiazepínicos 
  • Esteja ciente da atividade anticolinérgica “oculta” (por exemplo, paroxetina e antipsicóticos) 
  • Quando necessário para pacientes com sintomas comportamentais graves em demência, “escolha seu veneno”: nenhum medicamento usado para agitação ou comportamentos agressivos é “seguro” ou sem efeitos colaterais.

Confira aqui a cobertura completa do ACP 2023!

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