ADA 2022: empaglifozina ou agonistas de GLP-1 em internações por infarto?

Estudo comparou os efeitos da empaglifozina com a liraglutida e com os agonistas de GLP-1 quanto às internações por IC, IAM, AVC e MTC.

Na sessão sobre inibidores de SGLT-2, em 05/06 na ADA 2022, uma nova parte do programa de estudos EMPRISE foi apresentada. O EMPRISE avalia os impactos da empaglifozina na população após o início do seu uso e já foi publicado previamente dados comparando essa medicação com os inibidores de DPP-4 quanto aos desfechos cardiovasculares.

Desta vez, o intuito foi comparar os efeitos da empaglifozina com a liraglutida e com os agonistas de GLP-1, de forma geral, quanto ao número de internações por insuficiência cardíaca (IC), infarto (IAM), AVC e mortalidade por todas as causas (MTC) na população norte-americana. Os resultados ainda não foram publicados.

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A avaliação aconteceu entre 2014 e 2019, incluindo todos pacientes a partir do momento que iniciavam o primeiro uso da medicação. Foram excluídos os que passaram a utilizar as duas medicações. A base de dados veio do marketscan (maiores que 18 anos) e da base do Medicare (maiores que 65 anos). 260.816 pacientes foram incluídos e pareados em grupos homogeneizados por análises de propensão de acordo com as características de base. A média de idade foi de 63 anos, maioria feminina (59%), 35% com doença cardiovascular prévia.

Uso de metformina em 64%, glicada inicial 9% e taxa de filtração glomerular (TFG) 85 ml/min.

ADA 2022 empaglifozina ou agonistas de GLP-1 em internações por infarto

Empaglifozina versus liraglutida

  • Internações por IC: 5,8/1000 pessoas/ano vs 8,2/1000 pessoas/ano; HR 0,73 (IC 95%; 0,64 – 0,84);
  • IAM: 8,3/1000 pessoas/ano vs 8,8/1000 pessoas/ano; HR 0,95 (IC 95%; 0,84 – 1,07);
  • AVC: 5,3/1000 pessoas/ano vs 4,9/1000 pessoas/ano; HR 1,11 (IC 95%; 0,95 – 1,30);
  • MTC: 7,4/1000 pessoas/ano vs 6,7/1000 pessoas/ano; HR 1,08 (IC 95%; 0,94 – 1,23).

Empaglifozina versus todos agonistas de GLP-1

  • Internações por IC: 5,6/1000 pessoas/ano vs 8,0/1000 pessoas/ano; HR 0,70 (IC 95%; 0,63 – 0,79);
  • IAM: 8,5/1000 pessoas/ano vs 8,8/1000 pessoas/ano; HR 0,97 (IC 95%; 0,88 – 1,08);
  • AVC: 5,5/1000 pessoas/ano vs 5,2/1000 pessoas/ano; HR 1,08 (IC 95%; 0,95 – 1,22);
  • MTC: 7,5/1000 pessoas/ano vs 6,9/1000 pessoas/ano; HR 0,92 (IC 95%; 0,83 – 1,02).

Impressões

Esse estudo real-world é interessante por reforçar o já conhecido benefício dos iSGLT-2 em redução no risco de internações por IC. Contudo, precisamos ter muito cuidado na interpretação desses resultados. Primeiro, não foi um ensaio clínico randomizado; segundo, a população que iniciou tais medicações tinha um percentual de base de eventos cardiovasculares já estabelecidos de cerca de 30%, sendo que o benefício em redução de MACE no LEADER (estudo da liraglutida no diabetes) foi demonstrado numa população de maior risco, com mais de 80% dos participantes já com evento estabelecido. Essa comparação mais “adequada” foi realizada apenas como análise de subgrupos, não havendo diferença. A terceira consideração é que há dados que sugerem que não há redução de MACE com alguns agonistas de GLP-1, sobretudo os de curta duração, como o exenatida. A descrição percentual de quais agonistas foram utilizados no paper final poderá nos trazer uma ideia melhor nesse aspecto. Também ficou faltando saber se os participantes incluídos permaneceram em uso das medicações durante toda a duração do seguimento.

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Por outro lado, especialmente quando comparado à liraglutida, podemos observar que a empaglifozina aparentemente não “deixa a desejar” quanto ao risco de eventos ateroscleróticos numa população de menor risco.

A impressão no ADA, em diversas palestras, é que na verdade estas são drogas complementares, cada uma com seus benefícios e selecionar qual paciente pode se beneficiar mais de casa é uma tarefa que pode ajudar muito os pacientes com diabetes.

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