ADA 2022: OmniPod 5, a era da bomba de insulina semiautomática

O uso de bomba de insulina pode auxiliar no controle de alguns pacientes e hoje é indicado especialmente quando o benefício é claro.

O tratamento do diabetes tem como barreira a dificuldade em se alinhar os cuidados necessários às mudanças no estilo de vida. No caso do DM1, vai além — o controle glicêmico sem hipoglicemias é uma tarefa muito difícil mesmo contando com a aderência dos pacientes, já que diversas variáveis entram em jogo.

É sabido desde os dados do DCCT que manter um controle intensivo, sobretudo nos primeiros anos de diagnóstico, reduz a chance de complicações crônicas micro e macrovasculares em pacientes com DM1. Em estudos atuais, com métodos de CGM (monitorização contínua de glicemia, feita a partir de sensores subcutâneos implantáveis de glicemia intersticial, como o libre e o dexcom g6, por exemplo), também vem sendo demonstrado que o time in range (tempo no alvo) de glicemia entre 70 e 180 mg/dl também é capaz de reduzir o risco de complicações a longo prazo.

A evolução no tratamento do diabetes, sobretudo do diabetes tipo 1, passa por formas de se tornar o cuidado mais prático e melhorando a qualidade de vida, facilitando a aderência dos pacientes.

O uso de bombas de insulina pode auxiliar no controle de alguns pacientes e hoje está formalmente indicado especialmente em situações onde o benefício é mais claro, tendo em vista também a limitação pelo custo dessa medida. Hipoglicemias frequentes e graves, fenômeno do alvorecer, necessidades de doses muito baixas, variabilidade glicêmica importante são algumas das principais indicações.

Na ADA 2022, várias palestras endereçaram o tema “tecnologia em diabetes”, métodos para melhorar a monitorização glicêmica como o CGM, atenção à inércia terapêutica (aceitar alvos elevados e não otimizar o tratamento). Dentre as novas tecnologias disponíveis, destaque para a OmniPod 5, a da bomba de insulina de sistema híbrido, da Insulet.

ADA 2022: OmniPod 5 – a era das bombas de insulina semiautomáticas

A bomba de insulina OmniPod 5

Na apresentação, as Dra. Trang Ly, Dra Grazia Aleppo e Dr. Viral Shah se dividiram para explicar sobre o funcionamento do dispositivo e sobre os resultados nos estudos clínicos.

A bomba é a única disponível no mercado que não precisa de cateter — ela é um implante direto no subcutâneo, com adição de refis de insulina no dispositivo. Ela funciona conectando via bluetooth a um dispositivo de CGM (o dexcom g6) que pode ser implantado no abdome, próximo da bomba. O CGM fornece dados a cada minuto, em tempo real, da glicemia intersticial, que são analisados pelos algoritmos da bomba e a cada 5 minutos há um ajuste na taxa de infusão, com microbólus se necessário e redução ou mesmo suspensão da infusão se identificado uma queda de glicemia muito acentuada. Não há necessidade, portanto, de se programar uma dose basal, exceto para o modo “manual”, onde a bomba pode funcionar também da forma clássica. O que o endocrinologista precisa fazer é acertar a proporção insulina:carboidrato e o fator de correção para os bólus, além de determinar um alvo glicêmico (ex: 110 mg/dl) para o algoritmo da bomba de insulina operar. O paciente só precisa se preocupar em lançar os bólus com base na contagem de carboidratos. Outro destaque é que tanto o G6 como a bomba podem ser controlados por smartphone.

Estudo pivotal mostrou redução de glicada, de hipoglicemias e maior time in range

O estudo incluiu 321 participantes, em 17 centros nos EUA, braço único. Os participantes permaneceram por 14 dias no tratamento padrão (podia ser outra bomba de insulina convencional ou múltiplas injeções diárias) seguidos por um período de 3 meses com a OmniPod, até 15 meses. Os pacientes foram divididos em grupos de 2 a 5,9 anos e entre 6 a 70 anos, com DM1 diagnosticado há mais de 6 meses, glicada menor que 10% e sem um mínimo de dose total diária de insulina.

Além da tecnologia parecer trazer muito conforto e facilidade, os resultados foram muito bons, todos com diferença estatisticamente significativa:

Redução de HbA1c:

  • -0,55% em pré-escolares, – 0,71% em crianças e – 0,38% em adultos e adolescentes (que já partiam de uma glicada de 7,16%). As reduções foram ainda maiores quando a glicada inicial era mais elevada.

Tempo no alvo (70-180 mg/dl):

  • Aumento de 57,8% para 68,1% em pré escolares;
  • 52,5% para 68% em crianças;
  • 64,7% para 73,9% em adultos e adolescentes.

*Em idosos, a média do TIR chegou a 80%

HIpoglicemias (tempo abaixo do alvo):

  • Redução de 2,19% para 1,94% nos pré escolares;
  • 1,38 para 1,48% em crianças (aqui sem diferença);
  • 2,0 para 1,09% em adultos e adolescentes.

*Chama a atenção que os participantes selecionados já tinham um perfil de base muito bom, é possível que uma diferença ainda maior seja observada ao se utilizar em uma população com índices maiores de hipoglicemia, por exemplo.

A bomba foi lançada nos EUA, já disponível no país. Conversei com a Dra. Trang Ly, a mesma informou que ainda não há previsão para chegada no Brasil. Também questionei sobre o uso na gestação e por enquanto a OmniPod 5 não foi estudada e aprovada nesse cenário.

Boa parte da evolução no tratamento do diabetes tipo 1 passa por ferramentas como essa.

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