Adaptações do sistema urinário na gestação

É esperado que o sistema urinário sofra modificações durante o período gestacional, principalmente pelo fato da adaptação cardiovascular.

Já podemos esperar que o sistema urinário sofra modificações consideráveis durante o período gestacional, principalmente pelo fato de já sabermos de toda a adaptação cardiovascular que ocorre no organismo materno tão logo se inicie a gestação.  

Como consequência da redução da resistência vascular periférica e da pressão arterial, do aumento do volume plasmático, do débito cardíaco e da complacência arterial, ocorre o aumento da taxa de filtração glomerular e aumento do volume plasmático renal. Este último pode chegar até 80% na 12ª semana de gestação.   

sistema urinário na gestação

Alterações no sistema urinário

É possível perceber que as repercussões da gestação no organismo materno já têm manifestação significativa no primeiro trimestre, quando podemos observar redução do nível sérico de creatinina e ureia plasmática. 

A queda de creatinina pode ser observada já na 4ª semana de gestação e atinge um platô entre 12 e 32 semanas. Já no terceiro trimestre (após 32 semanas), os níveis plasmáticos voltam a subir atingindo os níveis pré-gestacionais após o parto. Do ponto de vista prático, esta informação permite que pequenas injúrias renais sejam identificadas de forma correta pelo obstetra.  

Tendo em vista que a taxa de filtração glomerular está aumentada, podemos esperar modificações nos parâmetros laboratoriais desta mulher. Como consequência deste principal evento observamos além da queda de ureia e creatinina: Hiponatremia fisiológica, queda do ácido úrico, aumento da glicosúria, aumento da microalbuminúria e queda da albumina sérica.  

Além da função renal, a bexiga e o ureter também sofrem adaptações durante o período gestacional.  

No ureter a ação da progesterona reduz o tônus e peristalse ureteral, e o aumento do volume uterino contribui para dificuldade de drenagem da urina. Dessa forma, a dilatação fisiológica da pelve renal, sobretudo direita pode ser encontrada em até 80% das gestantes.  

Na bexiga, a progesterona também promove o relaxamento da parede e a compressão uterina promove a redução do volume vesical, contribuindo para o aumento do refluxo vesico-ureteral e da polaciúria caraterística como sintoma de possibilidade de gravidez 

Todas essas adaptações aumentam o risco de infecção urinária durante a gestação. Além de simularem sintomas considerados patológicos fora do período gestacional como: frequência, nocturia, urgência, incontinência e retenção urinária.  

A importância do conhecimento das adaptações fisiológicas contribui de maneira fundamental para uma boa prática clínica durante esse período tão específico da mulher.  

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Confira outros conteúdos da parceria da PEBMED com a GARexp:

 

Referências bibliográficas:  

  • Accuracy of Diagnostic Tests to Detect Asymptomatic Bacteriuria During Pregnancy. uciano Mignini, MD, Guillermo Carroli, MD, Edgardo Abalos, Mariana Widmer, MD,
    Susana Amigot, Juan Manuel Nardin, MD, Daniel Giordano, Mario Merialdi, MD, PhD, Graciela Arciero, and Maria del Carmen Hourquescos, for the World Health Organization Asymptomatic Bacteriuria Trial Group. Obstetrics and Gynecology. VOL. 113, NO. 2, PART 1, FEBRUARY 2009 .
  • Asymptomatic bacteriuria during pregnancy. EYAL SHEINER1, EFRAT MAZOR-DREY2, & AMALIA LEVY. The Journal of Maternal-Fetal and Neonatal Medicine, May 2009; 22(5): 423–427. 
  • Maternal adaptations to pregnancy: Renal and urinary tract physiology. Ravi I Thadhani MD, MPH, Sharon E Maynard, MD. Uptodate August 2021. 
  • Urinary Tract infection during pregnancy: current concepts on a common multifaced problem (2018). Kallirhoe Kalinderi, Dimitrios Delkos, Michail Kalinderi, Apostolos Athanasiadis e Ioannis Kalogiannidis. Journal of Obstetrics and Gynecology.   

 

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