Tempo de leitura: 3 min.
A obesidade é o elemento chave da síndrome metabólica, que impacta de forma determinante na infertilidade feminina. Os níveis altos de insulina elevam substancialmente os androgênios ovarianos, e o tecido adiposo os converte por aromatização em estrogênio. Este estrogênio por sua vez inibe as gonadotrofinas e a ovulação.
Além disso, estudos mostram que a obesidade piora a qualidade do oócitos e aumento no risco de abortamentos, impactando também no sucesso das técnicas de fertilização assistida.
A obesidade frequentemente está associada a intolerância à glicose, resistência insulínica, dislipidemia e hipertensão. Condições que simultaneamente estão presentes na síndrome dos ovários policísticos (SOP), hipotetizando que ambas compartilham a mesma fisiopatogenia.
Recentemente, um estudo desenvolvido na Itália avaliou o papel emergente do receptor do peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) agonistas (GLP-1 RAs) como uma opção terapêutica para mulheres obesas com SOP.
Em um estudo publicado em 2012 no Fertility and Sterility Journal que incluiu 67 mulheres com obesidade em tratamento de infertilidade, a perda de 10 Kg em média, restaurou a fertilidade de 90% das mulheres. Outro estudo publicado em 2014 na mesma revista exibiu uma coorte de 52 mulheres com sobrepeso ou obesas, e quando elas perderam 10% de seu peso, as taxas de concepção aumentaram substancialmente.
Vários estudos mostraram que o tratamento a curto prazo do GLP-1 RAs tanto como monoterapia ou combinação com a metformina produz perda de peso e mudança metabólica favorável aos pacientes com diagnóstico de SOP.
Um ensaio clínico randomizado publicado desde 2015 na BMC Endocrine Disorders avaliou a eficácia de 1,8 mg diários de liraglutida em pacientes obesos com SOP, e os achados foram perda de peso (3 a 4% em 6 meses), e redução dos marcadores trombóticos.
Em outro ensaio clínico com o mesmo perfil de pacientes, o uso da droga promoveu melhora na composição corporal com diminuição da quantidade de gordura visceral.
Saiba mais: Exercícios de alta intensidade reduzem os riscos cardiometabólicos em mulheres com SOP?
Além disso, trabalhos já demonstram que receptor do peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) agonistas (GLP-1 RAs) promovem redução no nível de testosterona, aumento de SHBG, e melhora da regularidade menstrual.
Com base nos resultados positivos em pacientes afetados por obesidade de diversos estudos, independente do diagnóstico de diabetes, a administração de GLP-1 RA , em especial a liraglutida isolada ou em combinação com metformina demonstraram perda de peso significativa e redução de testosterona, com melhorias nos parâmetros de resistência à insulina e também na regularidade menstrual.
Novos estudos são necessários para relacionar esta classe de droga com o sucesso direto do tratamento da fertilidade.
Referências bibliográficas:
Neste episódio, especialistas abordam aspectos práticos do manejo hemodinâmico na sepse. Confira as dicas!
O grupo ASAS realizou uma revisão das alterações relacionadas à espondiloartrite axial, com o objetivo…
Sabe quais as oportunidades que a especialização em enfermagem forense pode abrir em sua vida?…
Um estudo testou a associação entre a gravidade da febre intraparto e a duração da…
Pesquisadora da UFU apresentou método alternativo de análise de soro, que poderá tornar mais acessível…
A formação de trombo em ventrículo esquerdo (VE) está relacionada a ocorrência de mais complicações…