AHA 2021: principais fatores desencadeadores de FA paroxística

O estudo I-Stop-AF, apresentado no AHA 2021, monitorou pacientes com FA paroxística para avaliar quais atividades estavam relacionadas aos episódios de fibrilação.

A fibrilação atrial (FA) é uma das arritmias mais comuns e sua incidência está relacionada a fatores de risco conhecidos, sendo os mais comuns a hipertensão arterial sistêmica e a doença coronariana. Além disso, idade avançada, consumo de álcool, doença valvar mitral e apneia obstrutiva do sono também são fatores comuns no dia a dia do consultório. Contudo, na FA paroxística é comum os pacientes descreverem situações do cotidiano que funcionaram como “gatilhos” ou desencadeadores das crises, como a relação entre vinho e enxaqueca, por exemplo. Esses “gatilhos” foram até então pouco estudados na FA.

imagem de FA paroxística

FA paroxística

O estudo I-Stop-AF, apresentado no congresso da American Heart Association (AHA 2021), recrutou 446 participantes com FA paroxística que foram monitorados por um smartphone acoplado a um ECG e, na primeira fase do estudo, relataram quais atividades estavam relacionadas “a novos episódios de FA”. Esse desenho de estudo é pouco comum e se chama “n of 1 trial”, que seria um estudo no qual avaliamos os fatores que levam a um desfecho em cada participante.

No final, 320 pacientes completaram o estudo, com média de idade de 58 anos, 59% de homens, 41% de hipertensos, 31% com apneia do sono, 11% coronariopatas e 7% diabéticos.

Os fatores mais comuns associados aos episódios paroxísticos foram: cafeína (n=53), álcool (n=43), privação de sono (n=31), exercício físico (n=30), decúbito lateral esquerdo no sono (n=17) e desidratação (n=10). Porém, após análise estatística, apenas o álcool foi associado significativamente com maior risco de episódios paroxísticos de FA, com uma razão de chances de 2,15 (IC 95% 1,27-3,61).

Um segundo objetivo do mesmo estudo foi informar ao participante os “gatilhos” (triggers) mais comuns e avaliar se nas semanas seguintes, ao se expor a eles, haveria maior incidência de paroxismos da FA. Um questionário de qualidade de vida foi utilizado para avaliar o impacto nos pacientes. Ao final de 4 semanas, apenas a exposição ao álcool foi associada com maior risco de FA (razão de chances de 1,77 (IC 95% 1,20-2,69)) e não houve mudança na qualidade de vida reportada.

Qual a mensagem prática?

Apesar do relato de diversos fatores “associados temporalmente” aos paroxismos de FA, apenas o consumo excessivo de álcool se mostrou como um potencial deflagrador. Com isso, exercícios físicos, posição de dormir e consumo de café podem seguir sem restrições “adicionais” nos pacientes com FA paroxística, ao passo que os mesmos devem ser orientados a evitar o consumo de álcool, sob risco de recorrência da arritmia.

Mais do AHA 2021:

Referências bibliográficas:

  • Marcus GM, Faulkner Modrow M, Schmid CH, Sigona K, Nah G, Yang J, et al. Individualized Studies of Triggers of Paroxysmal Atrial Fibrillation: The I-STOP-AFib Randomized Clinical Trial. JAMA Cardiol [Internet]. 2021 Nov 14 [cited 2021 Nov 14]; Available from: https://jamanetwork.com/journals/jamacardiology/fullarticle/2786196
  • Lillie EO, Patay B, Diamant J, Issell B, Topol EJ, Schork NJ. The n-of-1 clinical trial: the ultimate strategy for individualizing medicine? Per Med [Internet]. 2011 Mar [cited 2021 Nov 14];8(2):161. Available from: /pmc/articles/PMC3118090/

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.