Aleitamento materno na infância e perfil lipídico na adolescência

Peculiaridades no metabolismo do colesterol em bebês sob aleitamento materno podem ser responsáveis pelo perfil lipídico mais saudável na vida adulta.

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Sabe-se que o leite materno contém níveis mais altos de colesterol do que as fórmulas lácteas infantis e que os bebês que são amamentados com leite materno têm maiores taxas séricas de colesterol. A dieta neonatal rica em colesterol é associada a um metabolismo diferente deste e existe uma menor síntese de colesterol endógeno em bebês que são amamentados no seio.

Dessa forma, há hipóteses que sugerem que essas peculiaridades no metabolismo do colesterol em bebês sob aleitamento materno exclusivo podem ser responsáveis pelo perfil lipídico mais saudável na vida adulta. Pensando assim, Hui e colaboradores recentemente publicaram na revista Pediatrics o artigo Breastfeeding in Infancy and Lipid Profile in Adolescence. Neste estudo, os autores avaliaram a associação do aleitamento materno na primeira infância com o perfil lipídico e a adiposidade aos 17,5 anos, em um cenário em que o aleitamento materno exclusivo não estava associado à maior posição socioeconômica.

Os autores utilizaram uma regressão linear multivariada com imputação múltipla e proporcionalidade inversa para avaliar as associações de alimentação relatadas contemporaneamente nos primeiros 3 meses de vida [aleitamento materno exclusivo (7,5%), aleitamento misto (40%) ou alimentação exclusiva com fórmula (52%)] com lipídios e adiposidade aos ∼17,5 anos em 3261 crianças nascidas em Hong Kong em 1997, ajustando-se para sexo, peso ao nascer, semanas gestacionais, paridade, características da gravidez, maior escolaridade dos pais, local de nascimento da mãe e idade no seguimento.

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Os resultados desde estudo mostraram que os bebês submetidos a aleitamento materno exclusivo aos zero a três meses apresentaram menores taxas de colesterol total e de lipoproteína de baixa densidade, e possivelmente menores taxas de triglicerídeos, mas semelhantes níveis de lipoproteína de alta densidade aos 17,5 anos, comparados a bebês que fizeram uso de fórmulas lácteas infantis. O índice de massa corporal (IMC) e o percentual de gordura medido por bioimpedância não diferiram por tipo de alimentação infantil.

Os autores concluíram que o aleitamento materno exclusivo na primeira infância pode promover um perfil lipídico mais saudável no final da adolescência por meio de mecanismos não relacionados à adiposidade, implicando em potenciais benefícios em longo prazo para a saúde cardiovascular.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que o aleitamento materno seja exclusivo até os 6 meses de idade e complementado até 24 meses ou mais. Essa orientação é baseada em diversos trabalhos que mostram benefícios dessa prática tanto para a saúde da mulher quanto da criança.

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Referências:

  • HUI, L. L. et al. Breastfeeding in Infancy and Lipid Profile in Adolescence. Pediatrics, v.143, n.5. 2019.
  • ANTOS, E. M et al. Avaliação do aleitamento materno em crianças até dois anos assistidas na atenção básica do Recife, Pernambuco, Brasil. Ciência e Saúde Coletiva, v.24, n. 3, p.1211-1222, 2019.

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