A APA publicou em março de 2022 a atualização de seu manual diagnóstico: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5ª edição revisada (DSM-5-TR). Apesar de ter sido idealizado para utilização em pesquisa principalmente a partir de sua 3ª edição, o DSM é amplamente utilizado na prática clínica atual. Dentre as mudanças da nova edição destacam-se:
Novo diagnóstico
O DSM-5 incluía o persistent complex bereaved disorder (PCBD) na seção III, como diagnóstico a ser estudado com maior profundidade. Já a revisão atual inclui o diagnóstico na seção principal como transtorno de luto prolongado (prolonged grief disorder), seguindo a tendência de sua inclusão na CID-11. O transtorno é caracterizado no DSM-5-TR por:
Morte de uma pessoa próxima há pelo menos um ano (para crianças considera-se seis meses) associada a sintomas intensos ocorrendo na maior parte dos dias do último mês como: pensamentos ou memórias persistentes em relação ao falecido, sofrimento emocional ou apatia, comportamento evitativo em relação ao tema, dificuldades para retomada da vida social, sentimento de que a vida não vale a pena e outros. Os sintomas devem causar prejuízo social, ocupacional ou de funcionamento importantes para o diagnóstico.
Críticos à inclusão do transtorno apontam problemas de validação diagnóstica transcultural, além do risco de transformar uma vivência humana em transtorno, o que levaria à medicalização do luto e consequentemente a prejuízos relacionados à efeitos colaterais e econômicos. Por outro lado, aqueles que defendem o diagnóstico argumentam que o construto não inclui experiências de luto, mas sim aquelas que excedem as delimitações categoriais. Além disso, justificam haver considerações culturais suficientes para sua criação possibilitando a pesquisa de tratamentos no campo.
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Transtorno de humor não especificado
A categoria retorna ao DSM-5-TR na tentativa de garantir harmonização com a CID-11 e de incluir pacientes que não preencham critérios para outros transtornos de humor específicos, o que trazia dificuldades na prática clínica e na pesquisa.
Disforia de gênero
Trata-se de diagnóstico com pouco consenso na comunidade científica. Na CID-11, “incongruência de gênero” está listado fora da seção de transtornos mentais, com importantes diferenças conceituais em relação ao construto do DSM.
O DSM-5-TR manteve o diagnóstico de disforia de gênero com modificações de nomenclatura como: “desired gender” para “experienced gender”; “cross-sex medical procedure” para “gender affirming medical procedure”; dentre outras.
Epidemiologia, racismo e discriminação
Ocorreu atualização nos trechos que tratam da epidemiologia dos transtornos mentais considerando prevalência, fatores de risco, fatores prognósticos e comorbidades. Além disso há maior consideração do papel do racismo e outras discriminações no contexto dos transtornos mentais se comparado à edição anterior.
Para saber mais
A APA reúne todas as modificações do DSM-5-TR incluindo comentário de cada uma delas em seu site. Confira.
25 mar. 2024 
4 min. 
