Anestesia e hipotireoidismo

O hipotireoidismo é uma das doenças endócrinas mais comuns e caracterizado pela baixa atividade da glândula tireoide. Saiba mais.

O hipotireoidismo é uma das doenças endócrinas mais comuns e caracterizado pela baixa atividade da glândula tireoide. Se apresenta com níveis reduzidos de T4L e TSH aumentado, já sua forma subclínica, muito comum, se apresenta com níveis de TSH aumentado com T4L normal.

É comumente encontrado em pacientes com outras doenças autoimunes, como diabetes mellitus tipo 1 ou doença celíaca e em pacientes com síndrome de Down ou síndrome de Turner. A grande maioria dos casos de hipotireoidismo se deve a uma deficiência primária do hormônio tireoidiano. 

A causa mais comum de hipotireoidismo primário em áreas com ingestão alimentar suficiente de iodo é a doença de Hashimoto, uma tireoidite autoimune crônica. O hipotireoidismo primário também é observado após a terapia com radioiodo e tireoidectomia para tireotoxicose. Medicamentos, como amiodarona ou lítio, podem diminuir a síntese e a liberação do hormônio tireoidiano, levando ao hipotireoidismo secundário.

Saiba mais: Anestesia e tireotoxicose

hipotireoidismo

Sintomas do hipotireoidismo

Os sintomas incluem fadiga, letargia, função cognitiva prejudicada, rouquidão, intolerância ao frio, ganho de peso apesar da perda de apetite, constipação, pele seca e queda de cabelo. O diagnóstico clínico é difícil porque os sintomas geralmente são inespecíficos e as populações de risco, como os idosos, apresentam menos sinais e sintomas não clássicos. 

O hipotireoidismo pode ter um efeito profundo na fisiologia cardíaca, incluindo elevação das pressões diastólicas, pressões de pulso estreitas, bradicardia, prolongamento do intervalo QT e diminuição da contratilidade cardíaca. Em comparação com pacientes eutireoidianos, o débito cardíaco pode diminuir em até 30 a 50% em pacientes com hipotireoidismo. Uma diminuição do hormônio tireoidiano circulante leva a um aumento das catecolaminas e da resistência vascular sistêmica, o que leva à hipertensão diastólica.

A doença arterial coronariana e o risco de acidente vascular cerebral isquêmico estão aumentados em casos crônicos de hipotireoidismo. Além disso, há uma incidência aumentada de derrame pleural e pericárdico nesses pacientes. Já o hipotireoidismo subclínico está associado com o aumento do risco de insuficiência cardíaca.

O coma mixedematoso é a manifestação mais grave do hipotireoidismo, constituindo em emergência médica com mortalidade podendo chegar a 40%. Caracterizado por letargia, hipotermia, bradicardia, hipoventilação, hipoglicemia e hiponatremia, progredindo rapidamente para falência de múltiplos órgãos e morte se não for tratado imediatamente. O tratamento se dá com administração intravenosa de levotiroxina além de suporte clínico.

Saiba mais: Anestesia e insulinoma

Hipotireoidismo e anestesia

Pacientes com hipotireoidismo não tratado possuem maior risco de complicações perioperatórias. Por isso, é recomendado que antes de cirurgias eletivas, esses pacientes estejam eutireoideos. Também apresentam maior risco de broncoaspiração devido ao esvaziamento gástrico retardado e são extremamente sensíveis aos sedativos pelo estado mental alterado. Anemia e anormalidades eletrolíticas são comuns, em particular a hiponatremia. Possuem volume intravascular diminuído devido à fuga de plasma para o espaço extravascular.

Em pacientes com hipotireoidismo e sintomas anginosos que requerem revascularização, há evidências de que a isquemia cardíaca pode piorar com a reposição do hormônio tireoidiano. Desta forma, eles se beneficiariam mais com a cirurgia de revascularização antes da terapia de reposição hormonal.

Uma avaliação pré-operatória completa é de suma importância nesses pacientes. Exames laboratoriais completos além da avaliação cardiopulmonar com ECG de 12 derivações e ecocardiograma são imprescindíveis. A via aérea também deve ser estudada devido à possibilidade de anormalidades anatômicas e estruturais pelo bócio ou edema causado pela doença. A mensuração da temperatura corporal no intraoperatório é mandatória além da monitorização básica.

Referências bibliográficas:

  • Peramunage D, Nikravan S. Anesthesia for Endocrine Emergencies. Anesthesiol Clin. 2020 Mar;38(1):149-163. doi: 10.1016/j.anclin.2019.10.006. Epub 2020 Jan 2. PMID: 32008649.

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