Anestésico tópico: Qual é o impacto do uso em vias aéreas no pós-operatório?

O estudo analisou a efetividade do anestésico tópico nas vias aéreas para diminuir as chances de sintomas no pós-operatório. Saiba mais.

O processo de intubação e extubação promove alguns efeitos adversos que são desconfortáveis ou até
mesmo deletérios ao paciente, como tosse, bucking, dor de garganta, rouquidão e até mesmo
laringoespasmo. A tosse e o bucking no momento da extubação pode ser bastante prejudicial ao
procedimento cirúrgico uma vez que promove o aumento da pressão intraocular, da pressão
intracraniana, intratorácica ou intra abdominal, além de poder causar também edema pulmonar.

Existem várias alternativas técnicas e farmacológicas para que haja uma diminuição desses efeitos, como
por exemplo, uso de medicações venosas como opioides e lidocaína, uso de pomadas anestésicas no
tubo traqueal, uso de anestésicos nebulizados, anestesia local da região traqueal, entre outras, todas
elas com sua eficácia e restrições.

Um estudo foi publicado com o objetivo de  analisar o grau de efetividade do uso de anestésico tópico nas vias aéreas, a fim de diminuir as chances da ocorrência de efeitos adversos, principalmente tosse e bucking no período
pós operatório imediato.

Anestésico tópico no pós-operatório

Método

O estudo foi realizado pela revisão sistemática de artigos científicos específicos ao objetivo, seguindo
todas as normas padronizadas de conduta para a análise. Dos 350 artigos separados, foram selecionados
15 artigos por apresentaram todos os critérios definidos previamente a realização da revisão como: tipo
de estudo, tipo de cirurgia, tipo de anestesia, estado clínico do paciente, dados demográficos, número
de amostra entre outros. Totalizando uma análise com 924 pacientes. Todos os estudos selecionados
foram duplo cegos com a administração de anestésico tópico ou placebo.

Resultados

Em relação a incidência de tosse no período imediato a extubação foi achado uma diminuição de 45%
com o uso de anestésico tópico. Em relação ao tempo de extubação não houve diferença significativa
entre os grupos que receberam anestesia tópica e os que não receberam.
Sendo assim, a revisão sistemática desses estudos revelou que o uso de anestésico tópico além de
diminuir a incidência de tosse e bucking no período imediato a extubação, o que acarreta menor
incidência de desconforto na garganta no período pós operatório, também não influencia no tempo de
extubação.

Também foi evidenciado que a forma e local que se realiza a anestesia tópica, influencia de forma direta
no bom prognóstico da técnica. A administração de lidocaína spray com o uso de um atomizador sob
visualização direta e nas regiões supraglótica, glótica e subglótica é a conduta ideal para maior sucesso
da técnica. Administração do anestésico tópico às cegas ou indiscriminadamente somente na região da base da língua ou por nebulização tem muitas falhas, pois não conseguem alcançar todas as áreas necessárias. Pode ser realizado no início da cirurgia, antes da intubação ou no momento da extubação, dependendo do tempo de duração do procedimento, uma vez que a lidocaína spray possui uma meia vida de até 2 horas.

Leia também: Anestesia: quais os momentos que mais requerem a atenção do especialista?

Consequentemente, além de diminuir a incidência de tosse e bucking, também contribuem para
diminuição do desconforto e dor na garganta no período pós operatório, além de diminuir os efeitos
cardiovasculares da extubação, contribuindo para uma maior estabilidade hemodinâmica do paciente.

Se realizado também já no início do procedimento age como uma anestesia multimodal, contribuindo
para uma melhor adaptação do paciente ao tubo, melhora da analgesia e para a diminuição dos
reflexos durante o procedimento cirúrgico, possibilitando o uso de menores doses de anestésicos gerais.

Conclusão sobre o anestésico tópico

Essa revisão sistemática de artigos, evidenciou que anestésicos locais administrados de forma tópica nas vias aéreas contribuem para uma menor incidência de tosse e bucking no período pós operatório imediato sem alterar o tempo de extubação.

Referências bibliográficas: 

  • Sakae TM, et al. Impact of topical airway anesthesia on immediate postoperative cough/bucking: a systematic review and meta-analysis. Braz J Anesthesiol. 2021 Apr 22:S0104-0014(21)00147-0. doi: 10.1016/j.bjane.2021.03.016. 

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