Aneurisma cerebral: novo tipo de stent alemão é testado no Brasil

Uma técnica revolucionária vai permitir que 140 pacientes com aneurisma cerebral sejam submetidos a um procedimento inédito no país.

Uma técnica revolucionária vai permitir que 140 pacientes com aneurisma cerebral sejam submetidos a um procedimento inédito no país. O tratamento, que está sendo realizado por pesquisadores do Hospital das Clínicas (HC-RP) da USP em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, em parceria com cientistas alemães, está utilizando um novo stent.

Essa nova geração de stents pode ser aplicada em situações mais complexas, como, por exemplo, quando o aneurisma cerebral se rompe, como ressalta o médico Daniel Abud, coordenador do serviço de Neurorradiologia Terapêutica e Radiologia Intervencionista do HC-RP.

O especialista destaca que esse tipo de material já foi aprovado na Europa e também está sendo testado por lá. A equipe brasileira, inclusive, conta com a colaboração do professor Hans Henkes, chefe do serviço de neurorradiologia intervencionista de Stuttgart, na Alemanha. “O stent tem um revestimento especial na malha metálica que é hidrofílico. Então, o sangue adere menos ao metal do que no dispositivo direcionador de fluxo normal, convencional. O sangue não trombosa quando passa por ele”, explica.

A implantação do stent alemão é realizada da mesma maneira dos demais, com um cateter extremamente fino sendo colocado no vaso sanguíneo pela região inguinal do paciente e levado ao local do aneurisma no cérebro, onde a prótese é aplicada.

Benefícios do novo stent

Os pacientes com aneurismas cerebrais tratados com os dispositivos da geração anterior necessitam ingerir os próximos doze meses um antiagregante plaquetário, que causa uma série de limitações.

Durante este período, o paciente ficava mais exposto a sangramentos, não podendo realizar outras cirurgias.

“Com esse novo dispositivo, como o stent possui um revestimento especial, a quantidade de antiagregantes plaquetários a ser ingerida é muito menor. É praticamente como se a pessoa não estivesse fazendo uso do medicamento, não apresentando os efeitos colaterais que ele teria tomando a carga completa”, destaca o médico Daniel Abud.

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Seleção de pacientes voluntários

A fabricante alemã tem como objetivo obter dados concretos para comprovar os benefícios do novo equipamento.
“Não se trata de um material experimental, ele já é aprovado para uso na Europa e inclusive existe um estudo similar ao nosso sendo conduzido lá”, explica Daniel Abud, o coordenador da pesquisa.

Foram selecionados pacientes com diagnósticos mais complexos e de maior risco para serem submetidos ao novo tratamento. Desde o início de novembro, mais de 15 pacientes já passaram pelo procedimento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Aneurisma cerebral

O tratamento dos aneurismas cerebrais por via endovascular vem se desenvolvendo rapidamente desde a década de 90. A tecnologia dos dispositivos redirecionadores de fluxo (stents) se tornou disponível há cerca de dez anos em países desenvolvidos, e no Brasil, desde 2011.

Os aneurismas cerebrais são lesões caracterizadas por dilatações ou lobulações na parede das artérias intracranianas. Surgem mais frequentemente entre os 35 e os 60 anos, sendo raros em crianças, embora também possam ocorrer nessa faixa de idade.

São mais comuns em mulheres e, ao contrário do que se acreditava anteriormente, as pessoas não nascem com o aneurisma. Ele se desenvolve em algum momento da vida dos indivíduos.

Segundo a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, os aneurismas cerebrais ocorrem em 1 a 6% das pessoas em todo o mundo.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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