Anti-hipertensivos para tratados cirurgicamente de dissecção aguda de aorta?

O tratamento definitivo da disseção aguda de aorta é cirúrgico, porém o manejo inicial é feito com uso de betabloqueadores e nitratos.

O tratamento definitivo da dissecção aguda (DA) de aorta é o tratamento cirúrgico, porém o manejo inicial e a estabilização dos pacientes é feita com uso de betabloqueadores (BB) e nitratos endovenosos. Em relação ao tratamento a longo prazo, nos pacientes operados, não há estudos randomizados avaliando quais medicações devem ser utilizadas como preferência. Foi então realizado um estudo que comparou o uso de BB e inibidores da ECA (IECA) ou bloqueadores do receptor de angiotensina (BRA) com outros anti-hipertensivos e sua associação com desfechos tardios.

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Anti-hipertensivos para tratados cirurgicamente de dissecção aguda de aorta?

Características do estudo e população envolvida

Foi um estudo de coorte populacional, retrospectivo, que usou dados de internações de Taiwan de 2001 a 2013. Os 6.978 pacientes que tiveram DA neste período foram divididos em 3 grupos: uso de IECA ou BRA (1.729 pacientes), uso de BB (3.492 pacientes) e uso de pelo menos um anti-hipertensivo de outra classe (1.757 pacientes). O seguimento foi até 2013 e o desfecho primário foi mortalidade por todas as causas. Foram também analisados: morte por DA ou aneurisma de aorta (AA), ocorrência de IAM, AVC, morte cardiovascular e readmissão hospitalar.

Resultados

Os pacientes do grupo BB eram mais jovens e predominantemente homens e quem tinha dissecção tipo A tinha maior probabilidade de receber BB. A prevalência de hipertensão foi maior no grupo que recebeu IECA ou BRA. Houve aumento do uso de BB e BRA e redução do uso de IECA ao longo dos anos.

A mortalidade por todas as causas foi menor nos grupos BB (HR 0,82; IC 95%, 0,73-0,91) e IECA ou BRA (HR 0,79; IC 95%, 0,71-0,89) comparados ao grupo controle, assim como o risco de readmissão hospitalar (HR 0,87; IC 95%, 0,81-0,94 para BB e HR 0,92; IC 95%, 0,84-0,99 para IECA ou BRA).

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Na análise de subgrupos, o risco de mortalidade por todas as causas foi menor no subgrupo que usou BRA comparado a IECA e houve uma tendência de redução de mortalidade por DA e AA no grupo que usou BRA porém sem diferença estatística. O uso de IECA ou BRA associado a BB mostrou redução mais significativa de mortalidade por todas as causas (HR 0,68; IC 95%, 0,56-0,83) e mortalidade relacionada a DA e AA (HR 0,64; IC 95%, 0,0,47-0,88) comparados ao grupo controle.

Mensagem Prática

Este estudo apresenta diversas limitações: é retrospectivo, não avaliou dose das medicações usadas ou as medidas de pressão arterial dos pacientes, além de não ter obtido informações sobre o tamanho do aneurisma e extensão da dissecção. Porém a análise nos traz informações interessantes, principalmente quanto ao benefício, já sugerido em alguns outros estudos, do uso de BB e IECA ou BRA nos pacientes tratados de dissecção aguda de aorta. Podemos incorporar o uso destas classes de anti-hipertensivos como preferencial no tratamento a longo prazo deste grupo de pacientes.

Referências bibliográficas:

  • Chen S-W, et al. Association of Long-term Use of Antihypertensive Medications With Late Outcomes Among Patients With Aortic Dissection. JAMA Netw Open. 2021 Mar 1;4(3):e210469. doi: 10.1001/jamanetworkopen.2021.0469.

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