Associar ou não os beta-2 agonistas aos corticoides inalatórios em prematuros com broncodisplasia pulmonar?

Recém-nascidos (RN) prematuros apresentam maior probabilidade de desenvolverem a broncodisplasia pulmonar (BDP).

Sabemos que recém-nascidos (RN) prematuros apresentam, por si só, um déficit na função pulmonar em longo prazo e um aumento dos sintomas respiratórios, assim como a maior probabilidade de desenvolverem a broncodisplasia pulmonar (BDP).

Uma revisão sistemática sobre o uso de broncodilatadores para BDP em prematuros identificou apenas estudos que avaliaram as respostas após uma única dose de broncodilatador. Essa metanálise mostrou melhora do volume expiratório forçado em 1 segundo (VEF1), porém faltam estudos avaliando o uso do broncodilatador em longo prazo. Da mesma forma, faltam estudos sobre corticoides inalatórios (CI) em RN prematuros.

Recentemente cientistas da European Respiratory Society destacaram a falta de evidências em como tratar a broncodisplasia pulmonar (BDP).

Com o intuito de avaliar a melhora na espirometria, após 12 semanas de tratamento, um ensaio duplo-cego, randomizado e controlado por placebo foi publicado em dezembro de 2021 no JAMA, com o intuito de avaliar CI sozinho ou em associação com beta-2 agonista de longa duração (LABA) contra placebo.

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Associar ou não os beta-2 agonistas aos corticoides inalatórios em prematuros com broncodisplasia pulmonar

Objetivo

Determinar se, após 12 semanas de tratamento com CI sozinho ou em combinação com LABA, houve uma melhora na espirometria e na capacidade de exercício em crianças nascidas prematuras em idade de 7 a 12 anos que apresentaram uma porcentagem forçada do VEF1 menor ou igual a 85% em comparação com o placebo.

Métodos

Um ensaio duplo-cego, randomizado e controlado por placebo foi conduzido para avaliar CI isolado e CI associado a LABA contra placebo.  Foram randomizadas crianças nascidas prematuras com idade de 7 a 12 anos e que não tinham defeitos congênitos clinicamente significativos, anormalidades cardiopulmonares ou de neurodesenvolvimento. Esses escolares foram submetidos a espirometria, teste de esforço e medição da fração de óxido nítrico exalado antes e após o tratamento.

Cento e quarenta e quatro crianças nascidas prematuras no Hospital Infantil do País de Gales em Cardiff, Reino Unido, foram identificadas e inscritas entre 1º de julho de 2017 e 31 de agosto de 2019.

Intervenções

Para esse estudo foram utilizados:  fluticasona com placebo; fluticasona e salmeterol ou inaladores de placebo, todos administrados com duas  inalações, duas vezes ao dia, durante 12 semanas.

Resultados

De 144 crianças nascidas prematuras identificadas com porcentagem de VEF1 menor ou igual a 85%, 53 foram randomizadas: 20 receberam CI, 19  receberam CI associado a LABA e 14 receberam placebo. A idade média das crianças era 10 anos, e 29 das crianças estudadas (55%) eram do sexo feminino. O VEF1 pós-tratamento foi ajustado para sexo, gestação, broncodisplasia pulmonar (BDP), restrição no crescimento intrauterino (RCIU), corticosteroide prenatal, grupo de tratamento e valores de pré-tratamento.

As médias ajustadas pós-tratamento para porcentagem de VEF1, usando análise de covariância, foram 7,7% maior no grupo CI e 14,1%  maior no grupo CI com LABA em comparação com o grupo placebo. O tratamento ativo diminuiu o óxido nítrico exalado fracionado e melhorou a resposta broncodilatadora pós-exercício, mas não melhorou a capacidade de exercício. Apenas uma criança desenvolveu tosse ao começar tratamento com inalador; nenhum outro evento adverso foi relatado.

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Conclusões

Os resultados deste estudo sugerem que o tratamento combinado de CI com LABA é benéfico para doenças pulmonares associadas à prematuridade, melhorando significativamente a espirometria de crianças nascidas prematuras com déficit na função pulmonar em comparação com o CI ou tratamento com placebo.

Referências bibliográficas:

  • Nia Goulden N, et al. Inhaled Corticosteroids Alone and in Combination With Long-Acting β2 Receptor Agonists to Treat Reduced Lung Function in Preterm-Born Children A Randomized Clinical Trial. JAMA Pediatrics. Acesso em 17/12/2021. doi:10.1001/jamapediatrics.2021.5111

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