ATLS 10: há espaço para o ácido tranexâmico no controle do sangramento?

Recentemente foi lançado o ATLS 10 com uma novidade importante, a indicação do uso de ácido tranexâmico no controle de sangramento no trauma.

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

Recentemente foi lançada a décima edição do Advanced Trauma Life Support (ATLS 10) e no capítulo de abordagem inicial, nos deparamos com uma novidade importante, a indicação do uso de ácido tranexâmico no controle de sangramento. Estudos militares europeus e americanos demonstram melhor sobrevida quando o ácido tranexâmico é administrado dentro de 3 horas após a lesão. A publicação sugeriu leitura complementar de um Guia de Uso do Ácido Tranexâmico (TXA), da Prehospital Emergency Care.

O TXA é um análogo de lisina sintético que inibe competitivamente a ativação do plasminogênio em plasmina. Foi aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA) dos EUA em 1986 para uso a curto prazo como uma injeção para reduzir ou prevenir o sangramento durante a extração dentária em pacientes com hemofilia. A forma oral é aprovada para tratar a menorragia. Todos os outros usos são off-label.

Leia mais: 3 pilares do atendimento pré-hospitalar às vítimas de trauma [ABRAMEDE 2018]

Há estudos avaliando o uso do TXA em emergências, demonstrando redução da mortalidade. Uma análise específica sugeriu que os resultados seriam melhores no uso precoce. Com base nesses estudos, muitas organizações já estão usando o TXA em ambiente pré-hospitalar. Porém, ainda há algumas críticas a respeito dos estudos, pois as evidências não são suficientes para apoiar ou refutar o uso.

A ideia do Guia de Uso do Ácido Tranexâmico foi juntar todas as informações baseadas nas melhores evidências disponíveis, seguem os principais pontos:

O uso do TXA deve ser precoce, dentro de 3 horas do trauma. Além disso, a administração de TXA deve ocorrer em bolus, seguida de uma infusão durante 8 horas.

  1. É importante que sejam implementados protocolos claros de uso do TXA para guiar as equipes.
  2. Evidências limitadas sugerem que mais eventos de tromboembolismo venoso ocorrem quando TXA é dado a pacientes que não necessitam de transfusão maciça. Objetivamente, deve-se observar evidências de lesão consistente com hemorragia não compressível (por exemplo, trauma tóraco-abdominal penetrante ou fraturas instáveis ​​da pelve), juntamente com a frequência cardíaca> 120 bpm e pressão arterial sistólica (PAS) <90 mmHg. Pode-se considerar ajustes de sinais vitais para a população geriátrica.
  3. Dada a falta de dados disponíveis, as organizações recomendam que a administração de TXA pré-hospitalar seja monitorada de perto em um registro pré-hospitalar.
  4. Doses repetidas de bolus de TXA devem ser evitadas.
  5.  A administração pré-hospitalar de TXA deve ser claramente comunicada ao próximo profissional que irá atender o paciente. Adesivos ou pulseiras aplicadas aos pacientes, podem ser usadas ​​para auxiliar na transferência de informações.
  6.  No paciente com hemorragia, controle do sangramento e a ressuscitação continuam a ser a prioridade. O uso de TXA nunca deve substituir técnicas de controle de sangramento, transporte rápido para um centro de trauma, ou a administração de sangue ou plasma.

É médico e também quer ser colunista do Portal da PEBMED? Inscreva-se aqui!

Referências:

  • ATLS 10ª Edição – Guidance Document for the Prehospital Use of Tranexamic Acid in Injured Patients .DOI: 10.3109/10903127.2016.1142628

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.

Especialidades