ATS 2021: abordagem de nódulos e massas pulmonares – práticas atuais

Um dos principais assuntos discutidos no congresso da American Thoracic Society, ATS 2021, foi nódulos e câncer de pulmão. Veja como abordar.

O congresso de pneumologia e terapia intensiva da American Thoracic Society (ATS 2021) começou e um dos principais assuntos discutidos foi o câncer de pulmão.

No último ano, devido à pandemia, muitos pacientes foram submetidos à tomografia de tórax como avaliação inicial da Covid-19. Nesse contexto, nódulos e massa pulmonares foram encontrados incidentalmente. Na palestra, a Dra. Van Kim Holden, da universidade de Maryland, discorre sobre os protocolos atuais de abordagem desses achados incidentais.

Nódulos pulmonares

Cerca de 1,5 milhões de nódulos são identificados nos Estados Unidos, anualmente, e o acesso à tomografia, principalmente, no contexto da pandemia, aumentou a incidência desses achados.

Diante de nódulo pulmonar sólido único incidental, devemos utilizar o atual protocolo da Sociedade Fleischner.

Adaptado de MacMahon H, et al. Radiology. 2017;284(1):228-43 | Legenda: TC = Tomografia Computadorizada

Nos pacientes com múltiplos nódulos sólidos maiores que 6mm recomenda-se a realização de nova tomografia de controle em três a seis meses.

Nos casos de nódulos semissólidos, deve-se considerar o valor de corte de 6mm. Acima de 6mm, divide-se de acordo com a densidade. Se vidro fosco, deve-se acompanhar com uma nova tomografia em 6 a 12 meses. Se persistir, repetir em 2 anos, até completar cinco anos de estabilidade. Por outro lado, se houver componente sólido, esse deve ser acompanhado mais de perto, com nova tomografia em três a seis meses. Se a porção sólida permanecer estável e menor que 6mm, deve-se realizar TC anual por cinco anos.

Nos pacientes com múltiplos nódulos semissólidos, deve-se repetir a TC em três a seis meses e o acompanhamento deve seguir de acordo com a evolução da parte sólida.

Para calcular o risco de malignidade, utiliza-se a calculadora de risco da Mayo Clinic, a qual leva em consideração os seguintes parâmetros: idade, história de tabagismo, história de câncer extratorácico há mais de cinco anos, diâmetro do nódulo, presença de borda espiculada e localização nos lobos superiores.

Rastreio de câncer de pulmão

É importante frisar que a abordagem do nódulo incidental é diferente do nódulo encontrado em pacientes submetidos ao rastreio de câncer de pulmão. A palestra realizada pela Dra. Janelle Baptiste trouxe a atualização em rastreio de câncer de pulmão em 2021. A partir dos estudos NSLT e NELSON, o rastreio anual com tomografia de baixa resolução tornou-se uma recomendação com nível B de evidência para os pacientes entre 50 e 80 anos, com carga tabágica de pelo menos 20 maços.ano e com menos de 15 anos de cessação do tabagismo.

A partir das tomografias anuais, se for encontrado uma lesão, essa deve ser classificada de acordo com as recomendações da sociedade americana de radiologia, conhecido por LUNG-RADS®.

As categorias 1 e 2, são nódulos com aspecto benigno, frente aos quais deve-se manter a conduta de rastreio anual.

A partir da categoria 3, deve-se avaliar de acordo com tamanho, porção sólida e velocidade de crescimento, devendo-se realizar uma nova tomografia em três a seis meses ou considerar um PET-SCAN nos casos com nódulos com componente sólido maior que 8 mm.

O rastreio anual e o acompanhamento a partir do LUNG-RADS reduziu a mortalidade do câncer de pulmão em 20% nos pacientes acompanhados pelos estudos, mostrando um importante impacto nessa neoplasia, a qual é a segunda mais prevalente e a primeira em mortalidade.

É fundamental que a decisão de rastreio anual seja sempre compartilhada com o paciente, visto envolver exposição a radiação anualmente, além de impor provável procedimento em caso de detecção de nódulo suspeito. Essa decisão deve ser considerada, principalmente, no contexto pandêmico, visto o risco de contaminação pela Covid-19. A pandemia impactou os serviços de saúde e trouxe atraso no acesso aos serviços de rastreio.

Por outro lado, contribuiu para achados incidentais, visto o elevado número de tomografias de tórax realizadas, principalmente em locais onde o rastreio anual ainda não é implementado, como o Brasil.

Mensagens práticas

  1. Abordagem do nódulo incidental leva em consideração os aspectos radiológicos e o risco de neoplasia de pulmão do paciente.
  2. Pacientes, entre 50 e 80 anos, tabagistas com CT > 20 maços.ano e ex-tabagistas há menos de 15 anos, devem ser submetidos a rastreio anual de câncer de pulmão com TC de tórax de baixa resolução.
  3. Durante a pandemia, a escolha de manter o rastreio deve ser compartilhada entre médico e paciente, levando em consideração o risco de contaminação pela Covid-19 e o risco de neoplasia pulmonar.

Estamos acompanhando o congresso da ATS 2021. Fique ligado no Portal PEBMED!

Referência bibliográfica:

  • Adult clinical core curriculum: pulmonary. Presented by Dra. Van Kim Holden at American Thoracic Society – ATS 2021 International Conference. https://conference.thoracic.org/

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