ATS 2021: infecções fúngicas em ambiente intra-hospitalar

Infecções fúngicas são uma ameaça na terapia intensiva. Na pandemia de Covid-19, a preocupação aumentou. No ATS 2021, falou-se sobre o tema.

Não é de hoje que as infecções fúngicas são uma ameaça na terapia intensiva. Contudo, com a pandemia de Covid-19 e o elevado número de pacientes em ventilação mecânica, esse assunto se tornou o foco de muitas discussões nos rounds de CTI. 

No simpósio no congresso da American Thoracic Society – ATS 2021, o Dr. Matteo Bassetti discursa sobre as dificuldades de diagnosticar, identificar e tratar as infecções fúngicas intra-hospitalares. Fato é que os fatores de risco são inespecíficos e a apresentação clínica é muitas vezes atípica. Contudo, são infecções de fácil contaminação cruzada, associada à alta mortalidade, principalmente para o gênero Candida com cerca de 30 a 60% de mortalidade. 

ATS 2021: infecções fúngicas

As infecções fúngicas na pandemia

Desde 2009, há elevada preocupação com o surgimento das Candidas sp panresistentes, como a Candida auris, sendo considerado uma grave ameaça à saúde pública. Com a pandemia, em 2020, houve um aumento importante no número de casos registrados. Nos EUA, por exemplo, o estado americano com maior incidência foi o de Nova York, mostrando relação direta com o elevado número de casos de Covid-19 grave, necessidade de suporte avançado de vida e o uso elevado de antibioticoterapia de amplo espectro. 

 

ATS 2021: infecções fúngicas
2019
ATS 2021: infecções fúngicas
2020
ATS 2021: infecções fúngicas
Fonte: https://www.cdc.gov/fungal/candida-auris/tracking-c-auris.html?CDC_AA_refVal=https%3A%2F%2Fwww.cdc.gov%2Ffungal%2Fdiseases%2Fcandidiasis%2Ftracking-c-auris.html

 

Diversos trabalhos foram publicados no último ano, descrevendo os surtos de C.auris nos centros de terapia intensiva ao redor do mundo. O estudo do centro do Dr. Matteo traz a investigação molecular do grupo de C.auris que houve em seu CTI, revelando a facilidade de transmissão durante a pandemia. É sim uma ameaça global, principalmente relacionado ao não descalonamento adequado de terapias antibióticas em centros de terapia intensiva.

ATS 2021: infecções fúngicas
Fonte: Cortegiani A, Misseri G, Giarratano A, Bassetti M, Eyre D. The global challenge of Candida auris in the intensive care unit. Crit Care. 2019;23(1):150. Published 2019 May 2. doi:10.1186/s13054-019-2449-y

Nos últimos anos, surge luz no fim do túnel, segundo Dr.Matteo. Há novos antifúngicos em desenvolvimento, alguns em fase 3 de estudo, outros em fase 2, com um bom espectro de atuação, contemplando inclusive a C.auris, como ibrexafungerpe e rezafungina. 

Considerações

Dr. Matteo termina a palestra citando as 10 regras mais valiosas para o desenvolvimento de um programa de descalonamento de antifúngicos no CTI:

  1. Evitar ou restringir a profilaxia antifúngica
  2. Diferenciar infecção de colonização
  3. Usar métodos diagnósticos para a detecção precoce de candidíase invasiva
  4. Limitar o uso de terapia empírica para casos baseados nos fatores de risco
  5. Promover a terapia precoce baseado nos fatores de risco e biomarcadores
  6. Tratar de forma adequada em primeira tentativa (ecnocandinas)
  7. Ter controle do sítio (cateteres, abscesso, controle cirúrgico)
  8. Usar dose adequada e evitar subdose
  9. Descalonar dentro de 5 dias, se possível
  10. Interromper terapias desnecessárias e reavaliar o tempo de tratamento sempre

Estamos acompanhando o congresso da ATS 2021. Fique ligado no Portal PEBMED!

Veja mais do congresso:

Referência bibliográfica:

  • Bassetti M, Kollef MH, Poulakou G. Principles of antimicrobial stewardship for bacterial and fungal infections in ICU. Intensive Care Med. 2017;43(12):1894-1897. doi:10.1007/s00134-017-4922-x

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