Atualização sobre anemia ferropriva: fatores de risco, diagnóstico e tratamento

A Sociedade Brasileira de Pediatria divulgou uma atualização do “Consenso sobre anemia ferropriva: mais que uma doença, uma urgência médica”.

Em 26 de agosto de 2021, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou uma atualização do documento “Consenso sobre anemia ferropriva: mais que uma doença, uma urgência médica”, publicado em 2018. A modificação foi feita pelos Departamentos de Nutrologia e de Hematologia da SBP em conjunto com o Departamento de Nutrição Infantil da Sociedade de Pediatria de São Paulo e o Centro de Excelência em Nutrição e Dificuldades Alimentares (CENDA) Instituto PENSI (Fundação José Luiz Egydio Setúbal). Abaixo, encontram-se resumidas as novas recomendações segundo a publicação. A anemia ferropriva é uma condição grave, que prejudica o adequado desenvolvimento neurológico da criança e é um considerável problema de saúde pública em nosso país. 

Leia também: Quais os fatores de risco para anemia ferropriva após cirurgia bariátrica?

O primeiro passo é identificar os fatores de risco para anemia ferropriva: 

Atualização sobre anemia ferropriva: fatores de risco, diagnóstico e tratamento

Identificação de fatores de risco

Fatores de risco Situações
Baixa reserva materna
  • Gestações múltiplas com pouco intervalo entre elas 
  • Dieta materna deficiente em ferro 
  • Perdas sanguíneas 
  • Não suplementação de ferro na gestação e na lactação
Aumento da demanda metabólica
  • Prematuridade e baixo peso ao nascer (< 2.500g)
  • Lactentes em crescimento rápido (velocidade de crescimento > p90)
  • Meninas com grandes perdas menstruais
  • Atletas de competição
Redução do fornecimento
  • Clampeamento do cordão umbilical antes de um minuto de vida
  • Aleitamento materno exclusivo prolongado (superior a seis meses)
  • Alimentação complementar com alimentos pobres em ferro ou de baixa biodisponibilidade
  • Consumo de leite de vaca antes de um ano de vida
  • Consumo de fórmula infantil com baixo teor de ferro ou em quantidade insuficiente
  • Dietas vegetarianas sem orientação de médico/nutricionista
  • Ausência ou baixa adesão à suplementação profilática com ferro medicamentoso, quando recomendada
Perdas de sangue
  • Traumática ou cirúrgica
  • Hemorragia gastrintestinal – doença inflamatória intestinal; polipose colônica; anti-inflamatórios não esteroides; infecção por Helicobacter pylori; verminoses (como esquistossomose, estrongiloidíase, necatoríase, ancilostomíase); enteropatias/colites alérgicas
  • Hemorragia ginecológica – menorragia, dispositivos intrauterinos
  • Hemorragia urológica – esquistossomose, glomerulonefrite, trauma renal
  • Hemorragia pulmonar – tuberculose, mal formação pulmonar, hemossiderose pulmonar idiopática, síndrome de Goodpasture
  • Discrasias sanguíneas
  • Malária
Má absorção de ferro
  • Síndromes de má-absorção – doença celíaca, doença inflamatória intestinal
  • Gastrite atrófica, cirurgia gástrica – bariátrica, ressecção gástrica
  • Redução da acidez gástrica – antiácidos, bloqueadores H2, inibidores de bomba de prótons
Fonte: Adaptado de Sociedade Brasileira de Pediatria (2021)

Diagnóstico

O documento recomenda a realização de investigação laboratorial da deficiência de ferro, com ou sem anemia, aos 12 meses de vida. Entretanto, se houver suspeita baseada na presença de fatores de risco, a investigação deve ser pronta e precocemente efetuada, principalmente na ausência de profilaxia adequada com ferro. Levando em conta os custos dos exames laboratoriais e a necessidade de uma padronização para a determinação da fase inicial da depleção ou da deficiência de ferro sem anemia, em que a concentração de Hb é normal, a atualização indica a realização dos seguintes exames, no mínimo: hemograma (para avaliação da hemoglobina, dos índices hematimétricos [VCM, HCM, RDW] e da morfologia dos glóbulos vermelhos);  ferritina sérica, como marcador da fase de depleção dos estoques; e proteína C reativa, com o objetivo de identificar o processo infeccioso.

Tratamento

Para o tratamento da anemia ferropriva, é recomendado o uso de ferro oral na dose de 3 a 6 mg de ferro elementar/kg/dia, em dose única ou fracionado, por um período de seis meses ou até reposição dos estoques corporais (confirmados pela normalização da Hb, VCM, HCM, ferro sérico, saturação da transferrina e ferritina sérica).

Saiba mais: Quiz: Anemia ferropriva

O documento destaca a existência de variados compostos de ferro disponíveis comercialmente e também no Sistema Único de Saúde (SUS) e ressalta que, para prescrevê-los, o pediatra deve considerar custos, acessibilidade, padrões de absorção de cada sal, grau de resposta em relação ao tempo de terapêutica e na menor ocorrência de eventos adversos. 

Para a avaliação da efetividade, devem ser solicitados hemograma e reticulócitos 30 a 45 dias depois do início do tratamento (momento em que se espera que tenha ocorrido aumento dos níveis de hemoglobina em, pelo menos, 1,0 g/dL, além de melhora dos valores de reticulócitos). 

Referências bibliográficas:

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