Atualização sobre manejo de reações inflamatórias tardias por preenchimento facial com ácido hialurônico

Atualização sobre o aumento de efeitos adversos identificados a partir de duas a quatro semanas após a injeção de ácido hialurônico.

A crescente popularização de intervenções faciais minimamente invasivas por meio do uso de preenchedores faciais como ácido hialurônico (AH) tem sido associada ao aumento de efeitos adversos identificados a partir de duas a quatro semanas após a injeção de AH, denominados reações inflamatórias tardias (RIT). Essa entidade engloba o conjunto de respostas do organismo a presença do preenchedor, tendo sua patogênese sido associada a reações de hipersensibilidade na presença de fatores gatilhos, como infecções de via aérea superior, infecções dentárias,
além de qualidade de produtos e técnica de injeção inadequados.

O edema tardio intermitente e persistente (ETIP) é um dos principais exemplos de RIT, sendo caracterizado por episódios de edema no local de injeção do AH sem nodulações palpáveis e com períodos variáveis de remissão. Estudo recente realizado com a marca Juvederm® mostra que esse evento ocorre em 1% e 0,8% por paciente e por seringa injetada, respectivamente, tendo aumentado de incidência comparativamente a relatos prévios, em que
a ocorrência era de 0,02%.

Envelhecimento facial e associação de procedimentos: toxina botulínica, preenchimento e bioestimulador de colágeno

ácido hialurônico

Manejo

Por isso, recentes revisões de literatura e relatos de experiência de experts no assunto têm buscado definir recomendações para abordagem diagnóstica e terapêutica de RIT, que consiste em:

  • Diferenciar características que indiquem benignidade e aspecto autolimitado, reação pequena e indolor (em que se pode adotar conduta expectante), daquelas que requerem intervenção, como lesões dolorosas, com edema e eritema importante ou presença de nodulações > 0,5 cm;
  • Descartar presença de flutuação local, associando ao exame físico a realização de ultrassom, exame de escolha para avaliação tecidual, além de contribuir em punções aspirativas e injeções intralesionais;
  • Instituir antibioticoterapia, sendo indicado esquema dual com associação de fluoroquinolona com tetraciclina ou macrolídeo pelo período de três a seis semanas;
  • Se resposta insatisfatória em duas a três semanas, considerar injeção intralesional de hialuronidase objetivando a dissolução do preenchedor. A dose indicada são 30 a 300 unidades por nódulo, podendo ser repetida em três semanas por até três ciclos. Opções de segunda linha são injeções intralesionais de corticoide (em baixas doses para evitar atrofia cutânea, triancinolona 10-20 mg/ml, por exemplo) ou combinadas com 5-FU e salina ou lidocaína 1% (na proporção de 1:1:1);
  • Considerar o uso de corticoide sistêmico apenas se presença de edema intenso e deformante, sendo indicado curso de baixa dose sem intervalo longo de duração (por exemplo, 0,5 – 0,75 mg/kg/dia por 7 a 21 dias), evitando efeitos colaterais de uso prolongado de corticoide.

Adicionalmente, pontuou-se ser possível realizar novos preenchimentos em pacientes com histórico de RIT, todavia orientou-se optar por outros perfis de preenchedores (AH com diferentes reologias ou outros preenchedores como hidroxiapatita de cálcio ou gordura), além de espera de três a doze meses após remissão do episódio e injeção de menores porções de preenchedor por sessão.

Tais recomendações auxiliam no manejo adequado de uma das reações adversas comuns ao preenchimento com AH, mostrando também a importância de estabelecer condutas baseadas em evidências tanto na indicação como também na abordagem de potenciais complicações em procedimentos estéticos.

O que levar para casa

Embora tenha um excelente perfil de segurança, preenchedores de AH podem desencadear reações adversas como reações inflamatórias precoces ou tardias, a exemplo do ETIP. Cabe ao profissional habilitado estar atento aos casos que demandam intervenção precoce, além de usar adequadamente ferramentas como antibióticos, injeções intralesionais de hialuronidase e corticoide ou corticoterapia sistêmica para manejo adequado dessas reações.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Artzi O, Cohen J, Dover J, Suwanchinda A, Pavicic T, Landau M et al. <p>Delayed Inflammatory Reactions to Hyaluronic Acid Fillers: A Literature Review and Proposed Treatment Algorithm</p>. Clinical, Cosmetic and Investigational Dermatology. 2020; Volume 13:371-378
  • Philipp-Dormston W, Goodman G, De Boulle K, Swift A, Delorenzi C, Jones D et al. Global Approaches to the Prevention and Management of Delayed-onset Adverse Reactions with Hyaluronic Acid-based Fillers. Plastic and Reconstructive Surgery - Global Open. 2020;8(4):e2730