Aumento da taxa de dermatite atópica em bebês que nasceram durante o primeiro lockdown por covid-19 na Irlanda

Uma carta publicada em um jornal concluiu que bebês nascidos durante o primeiro lockdown apresentaram taxas mais altas de dermatite atópica.

Uma recente carta ao editor publicada no jornal Pediatric Allergy and Immunology concluiu que bebês nascidos na Irlanda durante o primeiro lockdown da covid-19, no período entre março e maio de 2020, apresentaram taxas mais altas de dermatite atópica (DA) e de sensibilização (mas não alergia) a ovo. Ademais, foram encontradas taxas mais baixas de doenças infantis e de hospitalização em crianças, bem como taxas mais elevadas de amamentação nessa população, em comparação com conjuntos de dados históricos.

O projeto CORAL consiste em um planejamento de coorte de nascimento único que avalia a desregulação alérgica e autoimune em bebês nascidos entre março e maio de 2020, durante o primeiro lockdown devido à covid-19 na Irlanda. Os pesquisadores levantaram a hipótese de que as dramáticas mudanças sociais e ambientais impostas pelo lockdown durante a pandemia teriam implicações na incidência de condições alérgicas, possivelmente mediadas por mudanças na diversidade do microbioma.

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Aumento da taxa de dermatite atópica em bebês que nasceram durante o primeiro lockdown por covid-19 na Irlanda

Metodologia

Os pesquisadores já haviam publicado, previamente, resultados de bebês aos 6 meses de idade. No entanto, 365 bebês foram inscritos no estudo e 344 foram mantidos no estudo até 12 meses. Os resultados foram comparados com uma coorte irlandesa de nascimentos pré-pandemia de um outro estudo, denominado BASELINE.

Durante a consulta de 1 ano, esses bebês foram submetidos a testes cutâneos para leite, ovo e amendoim, avaliação de DA e teste de anticorpos contra o vírus SARS-CoV-2 de fluxo lateral. Amostras de fezes e de sangue também foram analisadas.

Resultados

Dos 344 lactentes incluídos, 55% eram do sexo masculino e 96% eram brancos. Incluindo os resultados do teste de PCR baseado na comunidade e do teste de anticorpos CORAL 16/344 (4,7%) dos bebês da coorte CORAL foram diagnosticados com SARS-2-CoV por 12 meses. Apesar da segunda e terceira ondas antes das consultas de 12 meses, a positividade de anticorpos permaneceu baixa nos lactentes em 11/344 (3%).

Um total de 15,5% dos bebês na coorte pré-pandemia BASELINE (2008) tinham dermatite atópica (DA) aos 12 meses de idade. Por outro lado, 25,3% (n = 87) dos bebês da coorte CORAL tinham DA (P < 0,0001). Além disso, 74 desses 87 lactentes apresentavam DA ativa na consulta de 1 ano de vida, sendo 56 (76%) com DA leve, 15 (20%) com DA moderada e 3 (4%) com a forma grave da doença.

Ambas as coortes tiveram taxas de sensibilização e alergia semelhantes para leite e amendoim, mas a coorte BASELINE teve taxas mais baixas de sensibilização a ovo (3,7% versus 5,8%; P = 0,02) e alergia a ovo (2,7% versus 3,2%).

Na coorte CORAL, 54% dos bebês aos 6 meses e 35% aos 12 meses ainda estavam recebendo leite materno, em contraste com dados de 2015 descritos pelos pesquisadores, indicando que 58% dos bebês nascidos no país estavam recebendo leite materno após o nascimento, depois da alta hospitalar, caindo para 35% aos 3 meses, 15% aos 6 meses e 11% aos 9 meses.

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O retorno ao trabalho foi relatado por 227/344 (66%) das mães na revisão de 12 meses. A idade do lactente no retorno variou de 2 a 12 meses (média de idade de 9,1 meses). Vinte e nove por cento das mães que retornaram ao trabalho no grupo CORAL ainda estavam amamentando aos 12 meses, o que os pesquisadores chamaram de “dramaticamente maior” do que os números pré-pandemia, atribuindo esse aumento às mães que trabalharam em casa e à conveniência, acesso ou privacidade que elas desfrutaram, o que pode ter proporcionado o maior sucesso do aleitamento.

Conclusão

Na carta ao editor, os pesquisadores descreveram que, aos 12 meses, a coorte CORAL apresentou taxas mais altas de sensibilização a ovo e DA, mas não alergia a ovo, quando comparada a um conjunto de dados históricos nacionais irlandeses. O uso de antibióticos e a ocorrência de doenças infantis e hospitalização em pediatria foram muito menores nesta coorte. Ao contrário, as taxas de amamentação foram dramaticamente mais altas do que os números pré-pandemia.

Os autores declararam que a análise do microbioma das consultas de 6 e de 12 meses de vida dos bebês está em andamento e pode oferecer mais explicações para o aumento da sensibilização e de DA observada nesta coorte aos 12 meses no contexto de outros fatores favoráveis, incluindo o aumento da amamentação.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Hurley S, Franklin R, McCallion N, et al. Allergy-related outcomes at 12 months in the CORAL birth cohort of Irish children born during the first COVID 19 lockdown. Pediatr Allergy Immunol. 2022;33(3):e13766. doi:10.1111/pai.13766

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