Avaliação da deficiência de ferro durante a gestação

A deficiência de ferro pode chegar a prevalência de 59% nas gestantes ao redor do mundo, sendo a principal causa de anemia na gestação.

A anemia ferropriva (AF) durante a gestação está associada a desfechos desfavoráveis tanto para a gestante quanto para o feto (TEICHMAN, 2021). Mesmo assim, não solicitamos ferritina de rotina durante o pré-natal para avaliar a deficiência de ferro (DF) durante a gestação (TEICHMAN, 2021. SOGESP, 2013). De acordo com Pallone (2020), as deficiências nutricionais durante o período gestacional têm o potencial de prejudicar a cognição, o comportamento e a produtividade nos anos escolares e na vida adulta, principalmente a deficiência de ferro. A deficiência de ferro pode chegar a prevalência de 59% nas gestantes ao redor do mundo (PALLONE, 2020), sendo a principal causa de anemia durante a gestação (TEICHMAN, 2021). 

Saiba mais: Atualização 2021 do consenso de anemia ferropriva da SBP: como prevenir?

deficiência de ferro

Estudo sobre deficiência de ferro

Em agosto de 2021 foi publicado um estudo retrospectivo de coorte, realizado através da coleta de exames laboratoriais de gestantes entre 13 e 54 anos, no período de janeiro de 2013 a junho de 2018, no Canadá. O objetivo principal do estudo era verificar a prevalência de solicitação de ferritina em Ontário. Já o objetivo secundário, mas não menos importante, era de analisar a severidade e a prevalência de deficiência de ferro durante a gestação, além de avaliar dados clínicos e demográficos que aumentem o risco de deficiência de ferro e anemia ferropriva.

Segundo Teichman (2021), a DF afeta mais da metade das gestantes e apesar disso, 40% das gestantes não colhem ferritina para avaliação dessa deficiência que pode levar a complicações severas em 25% dessas gestantes. Outro dado importante deste estudo é algo conhecido por nós brasileiros, as gestantes com níveis sociais mais baixos tiveram maior incidência de DF e AF.

Leia também: Deficiência de ferro sem anemia: é possível?

Por isso, precisamos repensar os exames laboratoriais solicitados de rotina durante o pré-natal, para melhorar a triagem das pacientes com risco de AF devido deficiência de ferro. A última orientação feita pela Organização Paulista de Ginecologia e Obstetrícia (SOGESP) em relação aos exames laboratoriais de rotina realizados no pré-natal foi em 2013. E tanto a SOGESP, quanto a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) orientam apenas a suplementação de sulfato ferroso e utilização de dose terapêutica (três vezes ao dia) quando os níveis de hemoglobina estiverem menores que 11,0. Precisamos de mais estudos e o desenvolvimento de protocolos que possam triar as gestantes com o exame de ferritina antes da anemia ferropriva estar instalada, de modo a diminuir a morbimortalidade devido a DF, tanto materna, quanto fetal.

Referências bibliográficas:

  • Jennifer Teichman, Rosane Nisenbaum, Andrea Lausman, Michelle Sholzberg; Suboptimal iron deficiency screening in pregnancy and the impact of socioeconomic status in a high-resource setting. Blood Adv 2021; bloodadvances.2021004352. doi: https://doi.org/10.1182/bloodadvances.2021004352
  • Pallone LV, Jesus FA, Gonçalves GA, Navarra LC, Melo DG, Ferreira RA, et al. Effects of intrauterine latent irondeficiency on auditory neural maturation in full-term newborns. J Pediatr (Rio J). 2020;96:202—9. doi: https://doi.org/10.1016/j.jped.2018.08.007
  • Recomendações SOGESP: Rotina laboratorial básica ideal no pré-natal (Ideal basic laboratory routine in prenatal care). 2013/Tema 10. 

 

 

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