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A anemia ferropriva (AF) durante a gestação está associada a desfechos desfavoráveis tanto para a gestante quanto para o feto (TEICHMAN, 2021). Mesmo assim, não solicitamos ferritina de rotina durante o pré-natal para avaliar a deficiência de ferro (DF) durante a gestação (TEICHMAN, 2021. SOGESP, 2013). De acordo com Pallone (2020), as deficiências nutricionais durante o período gestacional têm o potencial de prejudicar a cognição, o comportamento e a produtividade nos anos escolares e na vida adulta, principalmente a deficiência de ferro. A deficiência de ferro pode chegar a prevalência de 59% nas gestantes ao redor do mundo (PALLONE, 2020), sendo a principal causa de anemia durante a gestação (TEICHMAN, 2021).
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Em agosto de 2021 foi publicado um estudo retrospectivo de coorte, realizado através da coleta de exames laboratoriais de gestantes entre 13 e 54 anos, no período de janeiro de 2013 a junho de 2018, no Canadá. O objetivo principal do estudo era verificar a prevalência de solicitação de ferritina em Ontário. Já o objetivo secundário, mas não menos importante, era de analisar a severidade e a prevalência de deficiência de ferro durante a gestação, além de avaliar dados clínicos e demográficos que aumentem o risco de deficiência de ferro e anemia ferropriva.
Segundo Teichman (2021), a DF afeta mais da metade das gestantes e apesar disso, 40% das gestantes não colhem ferritina para avaliação dessa deficiência que pode levar a complicações severas em 25% dessas gestantes. Outro dado importante deste estudo é algo conhecido por nós brasileiros, as gestantes com níveis sociais mais baixos tiveram maior incidência de DF e AF.
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Por isso, precisamos repensar os exames laboratoriais solicitados de rotina durante o pré-natal, para melhorar a triagem das pacientes com risco de AF devido deficiência de ferro. A última orientação feita pela Organização Paulista de Ginecologia e Obstetrícia (SOGESP) em relação aos exames laboratoriais de rotina realizados no pré-natal foi em 2013. E tanto a SOGESP, quanto a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) orientam apenas a suplementação de sulfato ferroso e utilização de dose terapêutica (três vezes ao dia) quando os níveis de hemoglobina estiverem menores que 11,0. Precisamos de mais estudos e o desenvolvimento de protocolos que possam triar as gestantes com o exame de ferritina antes da anemia ferropriva estar instalada, de modo a diminuir a morbimortalidade devido a DF, tanto materna, quanto fetal.
Referências bibliográficas:
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