Avaliação do fator de crescimento placentário em mulheres com suspeita de pré-eclâmpsia

Uma avaliação robusta, que possa avaliar os casos que podem evoluir para pré-eclâmpsia, pode ser bastante útil para os cuidados precoces.

A pré-eclâmpsia é uma manifestação final de uma disfunção placentária caracterizada por hipertensão, proteinúria, alterações bioquímicas e hematológicas que complicam de 2 a 8% das gestações. Sabendo da disfunção placentária evidente, o achado de alguma avaliação robusta, que possa acessar com alta sensibilidade os casos que podem evoluir para pré-eclâmpsia, pode ser bastante útil para os cuidados precoces e evitar hospitalizações desnecessárias, além de permitir focar os cuidados naquelas que os necessitem mais intensivamente. 

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Como fator de crescimento vascular, o fator de crescimento placentário (PIGF) é um marcador em condições patológicas que aumenta suas concentrações até alcançar seu pico por volta de 32 semanas, caindo até o nascimento então. Estudos observacionais demonstraram que pacientes com pré-eclâmpsia tem essa curva ascendente com menor amplitude, podendo ser um marcador precoce da doença. Em 2016, o estudo NICE no Reino Unido testou pacientes suspeitas para pré-eclâmpsia de 20 a 34 semanas e 6 dias comparando o marcador PIGF com a avaliação clínica, sugerindo que mais estudos deveriam ser feitos para garantir a real utilidade do marcador. 

Avaliação do fator de crescimento placentário em mulheres com suspeita de pré-eclâmpsia

Estudo PARROT

Em 2019 no Lancet foi publicado o braço do Reino Unido do estudo PARROT para uso do PIGF, enquanto, simultaneamente estava em andamento o braço irlandês da pesquisa apresentada ao BMJ (British Medical Journal) em 13 de agosto de 2021, testando a inclusão do PIGF na avaliação clínica de pacientes antes das 37 semanas podendo reduzir a morbidade materna através da estratificação do risco, diagnóstico precoce e gestão direcionada a essas pacientes de risco. 

O PARROT irlandês iniciou-se em 29 de junho de 2017 terminando em 26 de abril de 2019 com o recrutamento de 5.718, mulheres finalizando com 2.291 mulheres com gestações únicas de 20 a 36+6 semanas elegíveis para o estudo sendo randomizadas em 2 grupos:

  1. 1.234 (54%) — grupo controle. 
  2. 1.057 (46% — grupo intervenção — avaliação do PIGF no momento da internação. O valor era abastecido num algoritmo que indicava a frequência de avaliações necessárias e época do parto. A decisão final era do médico assistente. Valores de PIGF < 100 pg/ml e <12 pg/ml eram considerados baixos e muito baixos (maior risco).

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Os resultados do estudo PARROT irlandês mostraram não haver diferença significativa em incorporar o PIGF na rotina como marcador para desenvolvimento de pré-eclâmpsia nessa população onde observou-se morbidade materna de 38% no grupo controle versus 32% no grupo de intervenção (risco relativo ajustado de 1,01 ( 95% IC – 0,76 a 1,36). Em comparação com o braço do Reino Unido onde observou-se morbidade materna e fetal no braço da intervenção, embora a evidência seja incerta com amplos intervalos de confiança anotados (RR 1,10 x 1,66).

Conclusão

O PARROT irlandês foi o maior estudo randomizado multicêntrico de PIGF baseado em mulheres com suspeita de pré-eclâmpsia até a presente data. Pela falta de benefícios clínicos para o binômio materno — fetal até o momento, não indicam o uso do teste de PIGF como marcador auxiliar clínico em mulheres com suspeita de pré-eclâmpsia. Novos estudos devem ser reconduzidos.

Referências bibliográficas:

  • Hayes-Ryan D, et al. Placental growth factor in assessment of women with suspected pre-eclampsia to reduce maternal morbidity: a stepped wedge cluster randomised control trial (PARROT Ireland). BMJ 2021;374:n1857. doi: 10.1136/bmj.n1857

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