NeurologiaOUT 2016

Bactérias, nitratos e enxaqueca. Como esses elementos estão relacionados?

Indivíduos que sofrem de enxaqueca têm mais nitrato, nitrito e genes da óxido nítrico redutase em amostras orais e fecais, indica um novo estudo.
0 visualizações
0 avaliações
2
Ler depois
Por Redação Afya
Capa do artigo
Indivíduos que sofrem de enxaqueca têm mais nitrato, nitrito e genes da óxido nítrico redutase em amostras orais e fecais, indica um novo estudo. Os pesquisadores acreditam que isso pode significar que existe um gatilho à base do composto químico por trás da dor de cabeça. 500x120-usuarios Para a análise, pesquisadores da Universidade da Califórnia sequenciaram bactérias encontradas em 172 amostras orais e 1.996 fecais de doadores que relataram episódios de enxaqueca. As amostras vieram de adultos de 20 a 69 anos, com um índice de massa corporal de 18,5 a 30, sem história de doença inflamatória intestinal, diabetes ou uso de antibióticos no ano anterior. Os pesquisadores encontraram diferenças nas amostras de pessoas com e sem enxaqueca. Foi identificado um pequeno, mas significativo (P ≤ 0,001), aumento em nitrato, nitrito e genes da óxido nítrico redutase nas amostras de fezes coletadas de pacientes com enxaqueca. Nas amostras orais, nitrato, nitrito, e genes redutase do óxido nítrico foram todos significativamente mais abundante em pacientes com as dores de cabeça (P ≤ 0,001). Os autores do estudo também identificaram e quantificaram as várias bactérias encontradas. Os percentuais de Streptococcus e Pseudomonas foram menores nos pacientes com enxaqueca. As duas bactérias têm espécies com potencial para reduzir o nitrato. Os achados sugerem que se essas bactérias processam nitratos, esse processo é reduzido em pessoas com enxaqueca, resultando em mais nitratos no organismo. Veja também: 'Enxaqueca: estatinas são uma opção viável de tratamento?' Nitratos e enxaqueca Os nitratos são compostos por um átomo de azoto e três átomos de oxigênio. Quando as bactérias na boca quebram os nitratos, um dos átomos de oxigênio é removido, resultando em nitritos. Quando na corrente sanguínea, nitritos podem ser convertido em óxido nítrico. A ligação entre nitratos e enxaqueca não é nova. Sabe-se que consumir alimentos que contêm nitratos, como vinho e chocolate, desencadeia dor de cabeça em alguns indivíduos. Da mesma forma, medicamentos cardíacos com nitratos podem causar dores de cabeça severas. Estas dores induzidas por nitratos normalmente se manifestam como relativamente leves e "imediatas", desenvolvendo-se uma hora após a ingestão; ou mais grave e "atrasadas", que ocorre de 3 a 6 horas depois. E mais: 'Enxaqueca: evidências do que fazer (e do que não fazer)' De acordo com os estudos sobre o assunto, as dores "imediatas" estão ligadas à vasodilatação mediado pelo óxido nítrico; já as "atrasadas", semelhantes às enxaquecas desencadeadas por alimentos, stress ou outros fatores, parecem ser ativadas pela liberação do peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, glutamato, monofosfato cíclico de guanosina ou mudanças nos canais iônicos mediadas pela S-nitrosilação. Os pesquisadores alertam que ainda não é possível desenhar um caminho direto entre o que as bactérias processam e a ativação da dor de cabeça, pois muitos outros fatores estão associados à enxaqueca (incluindo fatores genéticos e hormonais). O próximo passo é um estudo prospectivo para analisar incidentes de enxaqueca e a flora bacteriana. As melhores condutas médicas você encontra no Whitebook. Baixe o aplicativo #1 dos médicos brasileiros. Clique aqui! 250-BANNER6 Referências:
  • Migraines Are Correlated with Higher Levels of Nitrate-, Nitrite-, and Nitric Oxide-Reducing Oral Microbes in the American Gut Project Cohort. DOI: 10.1128/mSystems.00105-16. https://msystems.asm.org/content/1/5/e00105-16
Indivíduos que sofrem de enxaqueca têm mais nitrato, nitrito e genes da óxido nítrico redutase em amostras orais e fecais, indica um novo estudo. Os pesquisadores acreditam que isso pode significar que existe um gatilho à base do composto químico por trás da dor de cabeça. 500x120-usuarios Para a análise, pesquisadores da Universidade da Califórnia sequenciaram bactérias encontradas em 172 amostras orais e 1.996 fecais de doadores que relataram episódios de enxaqueca. As amostras vieram de adultos de 20 a 69 anos, com um índice de massa corporal de 18,5 a 30, sem história de doença inflamatória intestinal, diabetes ou uso de antibióticos no ano anterior. Os pesquisadores encontraram diferenças nas amostras de pessoas com e sem enxaqueca. Foi identificado um pequeno, mas significativo (P ≤ 0,001), aumento em nitrato, nitrito e genes da óxido nítrico redutase nas amostras de fezes coletadas de pacientes com enxaqueca. Nas amostras orais, nitrato, nitrito, e genes redutase do óxido nítrico foram todos significativamente mais abundante em pacientes com as dores de cabeça (P ≤ 0,001). Os autores do estudo também identificaram e quantificaram as várias bactérias encontradas. Os percentuais de Streptococcus e Pseudomonas foram menores nos pacientes com enxaqueca. As duas bactérias têm espécies com potencial para reduzir o nitrato. Os achados sugerem que se essas bactérias processam nitratos, esse processo é reduzido em pessoas com enxaqueca, resultando em mais nitratos no organismo. Veja também: 'Enxaqueca: estatinas são uma opção viável de tratamento?' Nitratos e enxaqueca Os nitratos são compostos por um átomo de azoto e três átomos de oxigênio. Quando as bactérias na boca quebram os nitratos, um dos átomos de oxigênio é removido, resultando em nitritos. Quando na corrente sanguínea, nitritos podem ser convertido em óxido nítrico. A ligação entre nitratos e enxaqueca não é nova. Sabe-se que consumir alimentos que contêm nitratos, como vinho e chocolate, desencadeia dor de cabeça em alguns indivíduos. Da mesma forma, medicamentos cardíacos com nitratos podem causar dores de cabeça severas. Estas dores induzidas por nitratos normalmente se manifestam como relativamente leves e "imediatas", desenvolvendo-se uma hora após a ingestão; ou mais grave e "atrasadas", que ocorre de 3 a 6 horas depois. E mais: 'Enxaqueca: evidências do que fazer (e do que não fazer)' De acordo com os estudos sobre o assunto, as dores "imediatas" estão ligadas à vasodilatação mediado pelo óxido nítrico; já as "atrasadas", semelhantes às enxaquecas desencadeadas por alimentos, stress ou outros fatores, parecem ser ativadas pela liberação do peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, glutamato, monofosfato cíclico de guanosina ou mudanças nos canais iônicos mediadas pela S-nitrosilação. Os pesquisadores alertam que ainda não é possível desenhar um caminho direto entre o que as bactérias processam e a ativação da dor de cabeça, pois muitos outros fatores estão associados à enxaqueca (incluindo fatores genéticos e hormonais). O próximo passo é um estudo prospectivo para analisar incidentes de enxaqueca e a flora bacteriana. As melhores condutas médicas você encontra no Whitebook. Baixe o aplicativo #1 dos médicos brasileiros. Clique aqui! 250-BANNER6 Referências:
  • Migraines Are Correlated with Higher Levels of Nitrate-, Nitrite-, and Nitric Oxide-Reducing Oral Microbes in the American Gut Project Cohort. DOI: 10.1128/mSystems.00105-16. https://msystems.asm.org/content/1/5/e00105-16

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Redação AfyaRedação Afya
Produção realizada por jornalistas da Afya, em colaboração com a equipe de editores médicos.