Boas práticas em cardio-oncologia: 20 tópicos que todo cardiologista deve saber

A quimioterapia atual trata e cura muitos cânceres transformando pacientes terminais em doentes crônicos. Entretanto, o tratamento pode induzir injúria miocárdica, disfunção endotelial e distúrbios da condução.

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Veja abaixo 20 tópicos sobre boas práticas em cardio-oncologia que todo cardiologista deve saber:

1) A quimioterapia atual trata e cura muitos cânceres transformando pacientes terminais em doentes crônicos.

2) Entretanto, o tratamento pode induzir injúria miocárdica, disfunção endotelial e distúrbios da condução. Ter esse conhecimento é importante para o cardiologista diagnosticar, prevenir e administrar as complicações cardiológicas no tratamento do câncer

3) Pacientes elegíveis à quimioterapia devem ser cuidadosamente avaliados quanto ao risco cardiovascular e fatores de risco, como doença arterial coronariana, diabetes e hipertensão.

4) A classe das antraciclinas é bem conhecida por causar cardiotoxicidade dose dependente. Descobertas recentes no mecanismo de ação molecular dessas drogas sugerem uma abordagem para prevenção desta temida complicação.

5) O trastuzumab em conjunto com as antraciclinas leva a importante cardiotoxicidade, que pode ser prevenida evitando o uso de ambas as drogas em conjunto.

6) O ecocardiograma é a ferramenta mais importante para a avaliação seriada do coração durante o tratamento do câncer. A fração de ejeção deve ser determina usando o modo bidimensional, de acordo com as diretrizes norte-americanas. Em caso de “janela cardíaca” ruim ou não visualização das bordas do ventrículo na ecocardiografia, a ventriculografia radioisotópica pode ser utilizada.

7) O tratamento do câncer, incluindo radioterapia e quimioterapia, está associado à aceleração da aterosclerose e progressão da doença arterial coronariana. O câncer por si só causa um ambiente pró-trombótico que pode promover a doença arterial aguda. Portanto, dor no peito em pacientes oncológicos deve ser avaliada prontamente.

8) O 5-fluorouracil e os inibidores da via sinalizadora do fator de crescimento endotelial (VSP) podem causar isquemia, principalmente em pacientes com doença arterial coronariana preexistente. Testes de isquemia são indicados em pacientes com alto risco cardiovascular.

9) Intervenções que impactam na mortalidade em doença arterial coronariana aguda não devem ser negadas a pacientes com trombocitopenia induzida por quimioterapia.

10) Com o número de sobreviventes do câncer crescendo rapidamente, chegou o momento de cardiologistas e oncologistas trabalharem em conjunto para prevenir complicações cardiovasculares relacionadas ao tratamento da doença.

11) Novos quimioterápicos podem apresentar efeitos colaterais como hipertensão, tromboembolismo, prolongamento do QT e fibrilação atrial.

12) Hipertensão é uma complicação comum do VSP e deve ser manejada de forma agressiva a fim de evitar a lesão de órgão-alvo.

13) Tratamentos de câncer que induzem a hipertensão frequentemente requerem mais de uma classe de anti-hipertensivo para o controle da pressão arterial. Os IECA são preferíveis pelos seus efeitos secundários benéficos na proteinúria e no inibidor-1 do ativador do plasminogênio.

14) A hipertensão pulmonar é uma complicação rara do tratamento com dasatinibe. O diagnóstico precoce, descontinuação do uso da droga e a troca por outro inibidor da tirosina quinase podem reduzir a morbidade desta complicação.

15) Tromboembolismo pode ser causado por inibidores do VSP e inibidores da angiogênese e requer anticoagulação.

16) Heparina de baixo peso molecular é o anticoagulante de escolha para pacientes com neoplasia maligna. Comparando com a população geral, há poucos dados em relação ao uso de novos anticoagulantes orais, porém, os poucos que existem sugerem que essas drogas têm igual eficácia em relação à varfarina no paciente com câncer.

17) O prolongamento do QT é uma complicação comum da quimioterapia, entretanto, torsades de pointes é raro a menos que o QT exceda 500ms.

18) Drogas como antraciclinas, ciclosporina, citarabina, imatinibe, dasatinibe, interferon alfa, trióxido arsênico e, menos frequente, docetaxel e 5-fluorouracil estão associadas a doença pericárdica.

19) A radioterapia por vezes acelera a aterosclerose, não obstante, a radiação pode lesar valvas cardíacas, o sistema de condução e o pericárdio que pode levar anos para se manifestar clinicamente.

20) Um acompanhamento a longo prazo e monitorização são essenciais para os sobreviventes do câncer.

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Referências:

  • Chang HM, Moudgil R, Scarabelli T, Okwuosa TM, Yeh ET. Cardiovascular Complications of Cancer Therapy. Best Practices in Diagnosis, Prevention, and Management: Part1. J Am Coll Cardiol 2017;70:2536-2551.
  • Cardiovascular Complications of Cancer Therapy. Best Practices in Diagnosis, Prevention, and Management: Part2. J Am Coll Cardiol 2017;70:2536-2551.

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